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Parashá MISHPATIM

Parashá da Semana
Parashá nº 18 do ano, 6ª do Livro de Shemot
Ex 21.1-24.18
Haftará
Jr 34.8-22; 33-25.26
Berit Hadashá
Mt 5.38-42
Tehilim
72
Resumo da Parashá
Mishpatim, seguindo logo após os Dez Mandamentos, trata principalmente da Lei Civil. A justaposição do ritual com o mundano fornece uma percepção esclarecedora do Judaísmo. Vista pela perspectiva da Torá, não há distinção entre as atividades cerimoniais e mundanas da vida - ambas devem estar permeadas de santidade e ambas devem ser cumpridas por completo e com diligência. Incluídas entre as leis civis discutidas na Porção da Torá estão as leis relativas ao servo judeu e sua liberdade; penalidades por causar ferimentos corporais em outra pessoa e por danificar sua propriedade; leis relativas a vigilantes e tomadores de empréstimo; a mitsvá de mostrar sensibilidade ao pobre e de oferecer-lhe empréstimos sem juros; e leis relativas à concessão honesta de justiça. Após mencionar as mitsvot de Shabat e Shemitá, a porção continua com uma breve exposição das três festas de peregrinação: Pêssach, Sucot e Shavuot - e a renovada promessa de D'us de levar o povo judeu à Terra de Israel. A Torá então retorna à revelação no Monte Sinai. O povo judeu declara seu compromisso de fazer tudo aquilo que o Criador ordenar, e a porção conclui com Moshê subindo a montanha, onde permanecerá por quarenta dias e quarenta noites para receber o restante da Torá.
Leis de Conduta da Parashat Mishpatim Compartilhe Imprimir E-mail Opine (0) Muitas das leis nesta parashá são tecnicamente complexas e estão além do alcance deste trabalho. Foi feita uma tentativa de dar um breve perfil da maioria das mitsvot, para permitir ao leitor apreciar a sabedoria Divina: "As leis de D'us são verdadeiras e justas em sua totalidade". (Tehilim 19:10) As mitsvot abaixo relacionadas são mencionadas nesta parashá e também em outros lugares da Torá. Portanto, serão explicadas quando surgirem nas futuras Parshiyot.  Não oprimir um convertido  Emprestar dinheiro aos necessitados  Ajudar a descarregar a carga de um animal de outrem  Guardar as leis do ano sabático  Celebrar Pêssach, Shavuot e Sucot  Levar primícias ao Templo Sagrado  Não selar pactos com quaisquer das sete nações de Canaã Mishpatim - As Diretrizes Divinas que Regulamentam a Conduta entre um Judeu e seu Semelhante A Torá nos ensina que devemos observar duas classes de mitsvot: Mitsvot a respeito de D'us e as mitsvot em relação a outro judeu. Esta parashá nos ensina leis que tratam do dano causado a pessoas ou a propriedades. Essas leis recebem o nome de mishpatim. Mishpatim regulamentam a conduta entre o homem e seu semelhante, e a vida em comunidade. D'us entregou aos judeus os Dez Mandamentos no Monte Sinai na manhã de seis de Sivan. No final daquele dia, D'us ensinou a Moshê os mishpatim e Moshê logo os ensinou ao povo judeu. Alguns dos mishpatim já tinham sido transmitidos aos Filhos de Israel enquanto acampavam em Mará, ainda antes da Outorga da Torá, e os mishpatim
adicionais foram agora comunicados enquanto o povo ainda estava reunido aos pés do Monte Sinai. Da mesma forma que a rainha nunca deixaria o palácio para dar um passeio, a não ser que tivesse previamente mandado um exército de guarda-costas fortemente armados à frente e outra tropa armada na retaguarda para assegurar-se de que nenhum intruso conseguiria aproximar-se, similarmente, os Dez Mandamentos foram precedidos e seguidos pelos mishpatim, já que estes são básicos para a sobrevivência da civilização humana. Nossos Sábios afirmam na Ética dos Pais: "Sobre três pilares o mundo se sustenta - verdade, justiça e paz." D'us ordenou a Moshê: "Ensine os mishpatim ao povo de Israel, de maneira similar a de quem arruma a mesa. Disponha-os de maneira clara e elucidativa!" Moshê esforçou-se ao máximo para apresentar as leis num sistema claro. Como recompensa, a Torá liga seu nome aos mishpatim, registrando (Shemot 21:1): "E estes são os mishpatim que você disporá diante deles." D'us mandou Moshê avisar o povo de que qualquer disputa entre eles, ou qualquer reivindicação que um judeu possa ter contra outro deve ser estabelecido pela lei da Torá, num tribunal judaico, e não perante um tribunal gentio. Um judeu é proibido de ir a um tribunal de justiça não-judeu para uma decisão judicial (a não ser que receba permissão de um tribunal rabínico), pois isto diminui a autoridade da Torá e causa uma profanação do Nome Divino. Como Moshê Ensinou a Torá ao Povo Judeu?
Compartilhe Imprimir E-mail Opine (0) Como o povo judeu aprendia as novas mitsvot de Moshê? 1 - Primeiro D'us ensinava a Moshê a mitsvá, ou várias mitsvot juntas. 2 - Então, o irmão de Moshê, Aharon, entrava na tenda de Moshê. Este ensinava a Aharon tudo que havia aprendido.
3 - Entravam os filhos de Aharon, El'azar e Itamar. Moshê lhes repetia a mitsvá. Ao mesmo tempo, Aharon, que estava ali sentado, escutava. 4 - Em seguida, entravam os setenta anciãos. Novamente Moshê repetia a mitsvá enquanto Aharon e seus filhos escutavam. Os anciãos se sentavam. 5 - Finalmente, todo o povo se reunia. Pela quarta vez, Moshê repetia o que havia escutado de D'us. 6 - Agora Moshê saía. Aharon se punha de pé e voltava a ensinar a mitsvá a todos os presentes, e depois saía. 7 - Então El'azar e Itamar repetiam a mitsvá em voz alta e saíam. Desta forma se ensinava a todo judeu a nova mitsvá quatro vezes. Mais tarde, os judeus continuavam conversando sobre as mitsvot. Os anciãos tinham a tarefa de assegurar-se que todos e cada um compreendesse e conhecesse bem cada mitsvá. Aprendemos daqui que não basta estudar os ensinamentos da Torá apenas uma vez. Para conhecer bem esses assuntos, é necessário repetir o estudo várias vezes.
O Estudante Que Não Podia Recordar o Que Aprendia
Um estudante de Torá estava muito triste e desalentado. Sempre estudava Torá, mas esquecia o que havia aprendido. Seu mestre, Rabi Shimon bar Yochai, já não vivia. De modo que o estudante foi à tumba de Rabi Shimon bar Yochai, onde se lamentou amargamente. "Se não posso lembrar do que aprendo, como poderei tornar-me um sábio?" Naquela noite o estudante teve um sonho. Rabi Shimon bar Yochai lhe aparecia e dizia: "Se você jogar três pedras em minha direção, eu virei!" "Qual o significado deste sonho?" - perguntou-se o estudante. Foi a um sábio que sabia interpretar sonhos. O sábio explicou: "Não recordas o que aprendes porque não o repetes o suficiente. Teu mestre estava lhe dizendo isso. Se repetires tudo três vezes, lembrarás."
O estudante aceitou o conselho. Daí em diante, cuidou de repetir tudo que aprendia, e não esqueceu mais.
O Escravo Hebreu Vendido pelo Tribunal Compartilhe Imprimir E-mail Opine (0) A mitsvá referente ao escravo hebreu foi escolhida para ser a primeira da parashá de Mishpatim. O Povo de Israel foi libertado do Egito a fim de tornar-se servo de D'us. Um judeu deve tratar seu servo com consideração. Todo senhor hebreu deve libertar seu escravo o mais tardar seis anos após o início de sua servidão. Nossa parashá trata de um ladrão que não consegue reembolsar o que roubou. O ladrão é vendido pelo tribunal a fim de reembolsar a vítima de seu crime com o dinheiro da venda. Moshê ensinou aos judeus: "Um judeu que roube dinheiro e não possa devolvê-lo deve ser vendido como servo a outro judeu. Será vendido pelo tempo necessário para devolver o dinheiro que roubou. Porém, não pode ser vendido por mais de seis anos." Os juízes do tribunal que vendiam o ladrão tomavam o dinheiro da venda e o devolviam à pessoa que foi roubada. Como Tratar um Judeu que é Vendido como Servo Embora o ladrão tenha pecado e seja castigado tornando-se escravo, a Torá ordena que seu amo o trate bem. A Torá refere-se ao ladrão como 'escravo', porém seu dono não pode utilizar o termo 'escravo' como uma alcunha desdenhosa. Deve considerá-lo um irmão. De fato, de acordo com a lei da Torá, o mestre deve conceder a seu escravo hebreu condições tão excelentes que deve parecer ao empregador que não adquiriu um servo para si, mas sim um senhor! É evidente que, na Torá, a posição do servo é mais que tolerável, pois ao fim de seis anos de servidão, o servo pode dizer (21:5): "Amo meu senhor... não quero ser libertado." Algumas das leis da Torá concernentes ao escravo hebreu são:
1. Um amo que compra um servo judeu não pode vendê-lo a ninguém mais. 2. É proibido encarregá-lo de trabalhos desnecessários, por exemplo, "Ferva-me água" quando não deseja água. 3. Tarefas inferiores e humilhantes também são proibidas, tais como lavar os pés de seu amo, ou calçar-lhe os sapatos; mesmo se estas mesmas tarefas sejam realizadas de bom grado por um filho a seu pai, ou por um discípulo a seu mestre. 4. O amo não deve obrigar o servo a trabalhar habitualmente de noite. Pode usá-lo somente durante o dia. 5. Um senhor deve compartilhar qualquer tipo de alimento que possuir. Se ele comer pão branco, não pode alimentar o escravo com pão preto. Se beber vinho, não pode dar água ao escravo. Se ele dormir sobre uma cama boa, não pode deixar o escravo dormir sobre palha. 6. Se o amo tiver apenas uma forma de pão ou uma taça de vinho bom, ou somente um travesseiro, o amo deve dá-lo ao escravo. 7. Se o escravo já tiver alguma profissão antes de servir ao amo, é proibido pedir-lhe que realize qualquer tipo de trabalho, a não ser os que já estava acostumado a fazer. 8. A servidão de um escravo hebreu jamais excede seis anos, a partir da data em que foi vendido. Após seis anos, é automaticamente libertado. Se, durante este período, o escravo ficar doente e o amo incorrer em despesas por sua causa; mesmo assim o escravo não lhe deve nada ao partir. 9. Se, quando iniciar a servidão ele for casado, é obrigação de seu amo sustentar também sua esposa e filhos. 10. Se o escravo for solteiro, o amo não pode lhe entregar uma criada canaanita para viver com ele; a fim de adquirir novos escravos advindos dessa união. 11. Se for casado ao ingressar na servidão, o amo pode lhe entregar também uma criada canaanita, com o objetivo de criar os escravos para si. A Torá provê de maneira maravilhosa a um ladrão que não consegue reembolsar o roubo. Em vez de trancafiá-lo atrás das grades, e expor a família ao destino de vergonha e fome, D'us coloca o ladrão em meio a uma família judia. Seu amo não apenas providencia as necessidades do servo, mas também as de sua esposa e filhos. Contudo, para conscientizá-lo de quão baixo afundou, o amo pode entregar-lhe uma criada canaanita, cujos filhos permanecem sob a posse do dono. Este é um tipo de casamento proibido a um judeu livre. Esta situação deve fazer com que o ladrão se conscientize de sua auto-
imposta degradação, e dar-lhe incentivo para elevar-se, de modo que o sétimo ano possa libertá-lo não apenas dos laços físicos, mas encontrá-lo também como um homem espiritualmente livre, pronto para reingressar na sociedade como um judeu novo em folha. Quando o Servo é Posto em Liberdade Não obstante, um judeu não pode seguir sendo servo toda a vida. Quando o servo é posto em liberdade? 1. O servo judeu é posto em liberdade no começo do sétimo ano a partir de sua venda. Ele nunca pode ser vendido por mais de seis anos. Ao ir-se, não precisa pagar nenhum dinheiro ao amo. Ao contrário, o amo deve dar-lhe presentes (como leremos na Parashá Reê). 2. Se durante os anos de serviço ocorrer um ano Jubileu (Yovel), o servo será posto em liberdade ao começo do ano Jubileu. (Depois de cada sete anos sabáticos, o qüinquagésimo ano é um ano Jubileu). 3. Se alguém dá ao servo dinheiro para comprar sua liberdade, este pode pagar o saldo devido ao amo e se libertar. Por exemplo, se foi vendido por um período de três anos a um preço de três mil reais, mil reais por ano, pode redimir-se ao final do primeiro ano pagando ao amo dois mil reais, ou, ao final do segundo ano, pagando mil reais. 4. Se o amo morre e não tem filhos, o servo é posto em liberdade. Se o amo tem um filho, o servo continua trabalhando para o filho. 5. Se o amo deseja pôr o servo em liberdade antes que expire seu período, pode fazê-lo. O Servo Cujo Amo lhe faz um Furo na Orelha
Quando o servo cumpriu o número de anos estipulado, o amo lhe diz: "Estás livre!" O servo pode contestar: "Não quero ser livre, gosto de ti, e gosto da minha mulher (a escrava canaanita) e meus filhos. Não quero ser livre!" Neste caso, o amo apresenta o servo num tribunal integrado por três juízes. Estes põem o servo junto a uma porta. Com um instrumento de ferro pontiagudo lhe furam a orelha. Este servo é chamado eved nirtsá, o servo cuja orelha foi furada. Permanece então ao serviço do amo, até que este morre. Mesmo assim, se ocorrer um ano Jubileu, o servo é posto em liberdade.
Porque se Fura a Orelha de um Judeu que quer Continuar Sendo Servo e Por Que se faz isto Junto a uma Porta? D'us quer que todos os judeus sejam Seus servos. Disse ao povo judeu na Outorga da Torá: "Sois meus escravos porque os libertei do Egito." Um judeu que é escravo de um amo humano não pode servir bem a D'us. Não é livre para estudar Torá e cumprir as mitsvot todas as vezes que desejar. Deve estar sempre à disposição de seu amo. Portanto, quando um servo judeu decide continuar servindo a seu amo depois de seis anos, está escolhendo servir menos a D'us. D'us disse sobre ele: "Não escutaste no Monte Sinai que deves servir a Mim? Parece que não escutaste bem; por que preferiste servir a um amo humano? Como sinal de que não escutaste bem, tua orelha será furada! Isto demonstrará que não estou satisfeito contigo!" Qual o motivo de realizar a cerimônia ao lado da porta? D'us disse: "Durante a Praga da Morte dos Primogênitos, o povo judeu, no Egito, colocou sangue sobre os batentes e umbrais de sua porta. Poupei-o em mérito dessa mitsvá, a fim de que viva para tornar-se Meu servo. Um judeu que, doravante, voluntariamente deseja tornar-se um escravo de outro ser humano deve ser assim denominado na frente de um batente!" Isto deve fazer o homem refletir: "D'us preferiria que Lhe servisse, e não a um amo humano." Mais ainda, a porta que conduz à rua foi escolhida como o local para este rito, a fim de que os transeuntes possam censurá-lo, dizendo: "Por que você quer ser um escravo, se a lei da Torá lhe concedeu liberdade?" De todos os órgãos por que é a orelha que deve ser furada? D'us disse: "Que a orelha seja furada, pois ela escutou no Monte Sinai: 'Não roubarás,' e mesmo assim seu proprietário ignorou o Mandamento e cometeu um roubo!" As Leis da Serva Hebréia Se um homem empobrece e vende suas posses, seus campos e sua casa, contudo ainda não consegue honrar suas obrigações financeiras, pode então vender uma filha com idade abaixo de doze anos como escrava. Ela se torna criada numa casa judia. (Uma mulher, porém, não é vendida pelo tribunal por roubo.) O dono da casa ou seu filho têm uma mitsvá especial da Torá de casar-se com ela. A Torá, desta maneira, provê para ambos, o pai empobrecido e a filha. Se o dono da casa se
casa com ela, o dinheiro que pagou por sua aquisição constitui-se, então, no dinheiro do kidushin (núpcias). Se nem o dono ou o filho quiserem se casar com ela, devem cooperar assegurando que seja redimida rapidamente, concordando em deduzir o tempo que já serviu do preço do resgate. Se o pai que a vendeu se torna abastado, deve redimi-la. Todas as leis concernentes ao tratamento respeitável que o amo deve dispensar ao escravo hebreu também se aplicam à escrava hebréia. Ademais, o amo não pode enviá-la em missões à feira ou mercado como um homem; ao contrário, deve fazê-la assistir a dona da casa. Ela é libertada se mostrar sintomas de amadurecimento físico, se seu amo morrer, se os seis anos de servidão findarem, ou se chegar o ano Jubileu. (As leis de uma possível prorrogação da servidão furando a orelha não se aplicam às moças).
Punição por Assassinato
Morte não-intencional: Se uma pessoa mata alguém por engano, não tendo intenções prévias de causar-lhe dano, deve fugir para uma das cidades refúgio. São cidades de refúgio especiais, estruturadas para este propósito (como será explicado futuramente na parashá de Maassê). Assassinato premeditado: Um homem que deliberadamente mata outro na presença de testemunhas, e após ter sido advertido sobre a proibição da Torá de cometer assassinato, ele é passível de pena capital pelo tribunal. A proibição de um judeu ferir os pais e maldizê-los Um rapaz acima de treze anos ou uma moça acima de doze, que desfere um golpe em um de seus pais, causando um ferimento que sangre é passível de pena capital, contanto que a criança tenha sido advertida, e duas testemunhas tenham presenciado o ato. Ferir deliberadamente os pais é o ápice da ingratidão com aqueles que o trouxeram a este mundo, e fizeram-lhe tanta bondade.
O Talmud nos relata que o grande erudito de Torá, Rav, nunca permitiu a seu filho tirar-lhe um espinho da mão ou pé, para que o filho não provocasse um sangramento no pai. Um rapaz acima de treze anos, e uma menina acima de doze, que amaldiçoam um dos pais com um dos Nomes de D'us é passível de pena capital, se foi advertido e a maldição foi pronunciada na presença de duas testemunhas. Esta lei se aplica mesmo se os pais já faleceram. Restituição de Propriedade Roubada ou Danificada
A Torá nos proíbe tomar o que não é nosso. Roubar está proibido, mesmo que o objeto seja de valor escasso. Se um judeu roubou algo de outro judeu, este deve compensá-lo pelo roubo da seguinte forma: Se duas testemunhas percebem um artigo roubado entre as posses de um homem, ou em sua propriedade, o ladrão deve devolver o próprio artigo, e ainda acrescentar o equivalente de seu valor em espécie. Se já não puder devolver o artigo roubado, deve restituir o dobro do valor do artigo, pagando o dobro do que roubou. Esta lei aplica-se apenas nos casos em que o ladrão agiu furtivamente (ganav). Contudo, se alguém roubou em plena luz do dia (gazlan), deve restituir apenas o item roubado, mas não o valor em dinheiro. O ganav é considerado mais culpado que o gazlan, pois ao agir secretamente, demonstrou que teme apenas as pessoas, mas não o Todo-Poderoso. A Torá exige reembolso maior para um boi ou carneiro roubado. Se alguém rouba um boi, abate-o e vende, deve reembolsar o valor de cinco bois. O reembolso por um carneiro roubado é de quatro carneiros. A Torá pune o ladrão de bois e carneiros mais severamente que o que rouba qualquer outra propriedade, pois esses animais constituem a propriedade mais valiosa de um fazendeiro, sem a qual sua subsistência fica ameaçada. Por que o reembolso por um carneiro é quadruplicado, enquanto a Torá exige reembolso de cinco bois para um boi roubado?
1. O boi é o mais valioso dos dois, uma vez que realiza trabalhos para seu dono, enquanto o carneiro não. 2. Deste modo D'us nos ensina que Ele se preocupa com a honra de cada ser humano, até com a de um ladrão. Enquanto rouba o carneiro, o ladrão tem que degradar-se, pois o carrega sobre os ombros. Um boi, contudo, é facilmente levado embora. D'us leva sua vergonha em consideração, e diminui o pagamento. A proibição de enganar A Torá considera ladrão não apenas aquele que rouba propriedade, mas também o que age de maneira enganosa com outros. Incluídos nesta categoria estão:  Aquele que insiste para que o outro jante consigo, enquanto em seu íntimo não deseja tê-lo como visita.  Aquele que oferece presentes a outro, sabendo de antemão que este não os aceitará.  Um vendedor desonesto no que concerne à pesos e medidas.  O vendedor que mistura artigos de alta qualidade com mercadoria mais inferior, enganando assim, o comprador.
Algumas Leis Sobre Danos Causados pelo Fogo Se um judeu acendeu um fogo que causou dano, tem que pagar o dano completo. Mesmo que tenha feito o fogo em sua propriedade, se este se estender à propriedade de outra pessoa, deve pagar a totalidade. Se o fogo causou dano a outra pessoa, o homem que causou o incêndio deve os cinco danos enumerados acima. Se um judeu é responsável pelo incêndio da casa de outra pessoa, paga não somente pela casa como por tudo que ela contém. O que Aconteceu ao Homem que Prejudicou uma Propriedade Pública Um homem estava tirando pedras de seu jardim. Inclinava-se, recolhia as pedras, e as jogava por cima da cabeça até a rua. Um justo que passava disse: "Amigo, não estás agindo corretamente! Estás jogando pedras de uma propriedade que não é tua a uma propriedade que é tua!"
"Que maneira curiosa de falar", zombou o homem. Riu das palavras do justo e continuou jogando pedras à rua. Alguns meses mais tarde, o homem perdeu seu dinheiro e foi obrigado a vender o jardim para pagar as dívidas. Ao passar pela rua em frente ao jardim, tropeçou e caiu. "Quem foi o idiota que pôs pedras no meio da rua para fazer tropeçar quem passa?" - pensou. Logo se lembrou. Ele mesmo o havia feito! Eram as mesmas pedras que havia jogado de seu jardim alguns meses antes. O justo tinha razão! O jardim realmente não lhe pertencia e a rua não era propriedade sua, mas pertencia a todos. "Na próxima vez terei cuidado para não estragar a propriedade pública", pensou o homem, enquanto se levantava do chão e continuava seu caminho. O que o Judeu Deve Pagar se usar os Bens de outro Judeu e os Estragar A Torá divide as pessoas que cuidam dos bens de outrem em quatro grupos: 1 - Guardião não-pago. Se um judeu cuida da propriedade de outro como favor - sem cobrar - e por acidente perde ou estraga algo, deve pagar pela perda e dano? Segundo a Torá, o guardião não-pago não tem a obrigação de devolver o que estragou. Os juízes do tribunal o fazem jurar que não foi negligente no cuidado do animal ou da propriedade. Se foi negligente ou se causou o dano de propósito, deve pagar por ele. 2 - Guardião pago. Se um judeu contrata outro para cuidar de seus bens, e o contratado estragou alguma coisa por acidente, não tem obrigação de pagar por ela. Porém, se algo foi roubado ou perdido, tem que pagar pelo dano. 3 - Uma pessoa que aluga um animal ou objeto. As leis relativas à pessoa que aluga um animal ou objeto de outro são as mesmas que as aplicadas no segundo caso, do guardião pago. 4 - Uma pessoa que pede um objeto emprestado. Se um judeu pede emprestado algo que pertence a outro e o perde, ou é roubado, ou acidentalmente se quebra, deve pagar por ele. Não obstante, se o quebra ou danifica durante o uso normal, não é obrigado a pagar pelo dano. A Mitsvá do Tribunal de Executar quem Pratica Feitiçaria
O tribunal deve executar alguém que pratica feitiçaria na Terra de Israel. Apesar da Torá enunciar a advertência dizendo: "Não permita que uma bruxa viva." (22:17). Homens e mulheres devem igualmente ser punidos. A razão por que a Torá especifica mulheres é porque bruxaria era mais comumente praticada por mulheres. Quando o Todo-Poderoso concedeu aos justos poder para realizar milagres, Ele simultaneamente também concedeu à humanidade a habilidade de realizar feitiçaria, através dos poderes da impureza. Assim sendo, as pessoas têm livre arbítrio para discernir entre a luz e a escuridão. Exercer bruxaria é considerado rebelião e negação dos Poderes do Céu.
A Mitsvá de ser Bondoso com um Convertido, Órfãos e etc.
A mitsvá de ser bondoso com um convertido É uma mitsvá ser especialmente amável com um convertido. Não podemos lembrar-lhe: "Não eras judeu!" Não devemos enganá-lo, pensando que está só e que não tem parentes que o ajudem, pois D'us é seu protetor. A Torá completa: "Sabes como se sente um estranho. Todos vocês foram uma vez estrangeiros no Egito." A proibição de afligir viúvas e órfãos D'us advertiu tanto o tribunal quanto cada indivíduo a resguardar-se para não afligir uma viúva ou órfão, sequer da mínima forma. D'us disse: "Uma esposa que sofreu uma afronta pode queixar-se a seu marido; e um filho oprimido geralmente chama seu pai para socorrê-lo. Como uma viúva e um órfão não têm ninguém que os defenda, queixam-se para Mim. Vingarei cada um de seus clamores." D'us quer que cultivemos traços intrínsecos de bondade e compaixão. Portanto, proibiu-nos de dispensar tratamento inferior aos órfãos e viúvas por causa de sua posição mais fraca. A proibição de oprimir os órfãos e viúvas, de acordo com a interpretação dos Sábios, está na Torá para servir de exemplo para a regra geral de que é proibido tirar vantagem de qualquer pessoa fraca. É uma mitsvá ser amável e prestativo com uma pessoa que esteja em situação em que se sente indefeso.
Não amaldiçoar um juiz, apesar de discordar de sua decisão Além da proibição de não amaldiçoar nenhum judeu, D'us nos deu um mandamento especial, que proíbe amaldiçoar os juízes do tribunal. A proibição envolve amaldiçoá-los usando o Nome de D'us. Um homem que tinha um litígio judicial foi absolvido pelo juiz. Ao deixar o tribunal, era só elogios ao juiz, proclamando a todos que homem maravilhoso este era. De outra vez, teve outro processo judicial, que foi presidido pelo mesmo juiz. Desta vez, foi declarado culpado, "Este juiz é um perfeito idiota!" - declarou, deixando o tribunal. É proibido amaldiçoar um juiz, um rei ou o líder do San'hedrin (Supremo Tribunal).
Leis Aplicáveis à Juízes, Testemunhas e Réus
 Um juiz está proibido de escutar os argumentos de um litigante se o outro estiver ausente. Ambos precisam estar presentes ao mesmo tempo. Assim, se uma parte disser algo errado, a outra parte está ali para contradizê-lo.  O tribunal pode não aceitar o testemunho de um perverso. Os juízes não podem aceitar como testemunha um judeu que cometeu um pecado pelo qual poderia ser condenado à morte. Também não se aceita uma testemunha que cometeu um pecado pelo qual poderia ser açoitado. Também não são aptas a testemunharem pessoas que permitem que seu gado paste nos campos dos outros, e um apostador profissional.  O veredicto é pronunciado de acordo com o voto majoritário dos juízes.
Um não-judeu perguntou a Rabi Yehoshua ben Carcha: "Sua Torá não lhe ordena a seguir a maioria? Nós, idólatras, ultrapassamos em muito o número de judeus. Vocês não são, então, obrigados a juntarem-se a nós?"
"Você tem filhos?" - indagou Rabi Yehoshua. "Tenho," respondeu o não-judeu. "Você tocou num ponto sensível, lembrando-me de meus problemas." "Por quê?" - perguntou Rabi Yehoshua. "Nunca desfrutamos de uma única refeição em paz," replicou o não-judeu. "Quando nos sentamos para comer, um filho declara que seu deus deve ser abençoado, enquanto outro clama que deve-se reverência à sua divindade. Ao fim da refeição, todos estão machucados por causa da briga. Um tem hematomas roxos na testa, e o queixo de outro está ferido." "Por que você não promove a paz entre eles?" - perguntou Rabi Yehoshua, "e decide que deus devem adorar?" "Sou impotente nesse assunto," admitiu o não-judeu. "Você vê," declarou Rabi Yehoshua, "que vocês não são maioria, pois discordam entre si sobre que deus devem adorar." • A fim de garantir que os votos não sejam divididos em duas partes iguais, o número de juízes indicados para o tribunal deve ser sempre ímpar. Para decidir um caso relativo a dinheiro, o tribunal deve ser sempre integrado por pelo menos três indivíduos. Para decidir um caso de vida ou morte, o tribunal deve ser de pelo menos vinte e três juízes. Para condenar à morte o acusado, o voto da maioria não é suficiente. Deve haver uma maioria de pelo menos dois votos. Portanto, a pena capital só é aplicada se treze juízes considerarem o réu culpado.  Para absolvição, contudo, o voto majoritário por um é suficiente.  Um juiz não pode basear sua opinião sobre a de um juiz maior, ou sobre a da maioria dos juízes, raciocinando: "Sua conclusão com certeza está certa." Exige-se de cada juiz que esclareça o caso em sua mente e decida verdadeiramente,
mesmo se sua conclusão será oposta ao ponto de vista da maioria. Se perder então a votação, não será responsável pelos resultados.
A advertência de Não Mentir "Afaste-se de uma mentira!" Este mandamento é direcionado a cada judeu. Adverte-o para que evite envolver-se em qualquer mentira ou fraude, pois "O Selo de D'us é a Verdade." Há uma advertência geral para que um juiz evite o que quer que possa distorcer a veracidade do julgamento. Algumas implicações disto são: 1. Um juiz que percebe que errou não deve tentar procurar provas para substanciar sua sentença prévia, a fim de não admitir seu erro. 2. Se um juiz ou testemunha está ciente de que um de seus colegas é desonesto, deve recusar lidar com um caso junto com ele, mesmo se for conduzido de acordo com a lei. Se o juiz tiver a impressão de que a testemunha está mentindo, mesmo se não conseguir provar, deve retirar-se do processo, preferencialmente a decretar o veredicto. Que não diga: "Não é minha responsabilidade - a testemunha carregará a culpa." 3. Se um dos litigantes comparecer ao tribunal vestido elegantemente e o outro em andrajos, deve-se ordenar que ambos vistam o mesmo tipo de trajes no tribunal, a fim de não distorcerem a objetividade do juiz. O Conselho de Rabi Shimon Certa vez um jovem se apresentou perante o grande Sábio Rabi Shimon e lhe disse tristemente: "Rabi, não sei o que fazer. Desejo tanto ser um bom judeu e observar as mitsvot, mas meu mau instinto sempre ganha. Acabo cometendo muitos pecados. Especialmente quando vejo algo valioso e ninguém está olhando, não posso dominar-me e rapidamente o pego. Como posso melhorar?" Shimon ben Shetach escutou o jovem e viu que ele queria seriamente ser uma pessoa melhor. Respondeu: "Promete-me observar uma coisa, e te salvarás de todos os pecados." "O que devo observar?" - perguntou o jovem.
"Nunca mentir. Nunca; não importa a causa." "Posso prometer que o farei", respondeu o jovem, "mas como me ajudará a superar meu mau instinto?" "Você verá", respondeu Rabi Shimon. "Agora jura que nunca dirás uma mentira, mesmo que te seja muito difícil." O jovem jurou e se foi. Pouco depois o rapaz observou que o vizinho saía de casa e deixava uma janela aberta. Foi fácil para ele entrar na casa enquanto ninguém olhava. Logo achou objetos valiosos. Havia um vaso dourado, e em um armário encontrou taças e candelabros de prata legítima. O jovem colocou todos os objetos de valor numa bolsa, assegurou-se de que a rua estava vazia, subiu na janela e saiu. Sentia-se contente. Seu roubo nunca seria descoberto. Se o vizinho voltasse e lhe perguntasse: "Viste alguém na minha casa na minha ausência?" - lhe responderia: "Não, não vi..." Mas... Isto seria uma mentira. Não podia responder assim, pois havia jurado a Shimon ben Shetach de que nunca diria uma mentira! Pensou: "O que vou dizer se a polícia me interrogar? Não posso negar o roubo, pois estarei mentindo." Caladamente, pegou o vaso, as taças e candelabros e os pôs na bolsa. Saiu e devolveu tudo ao vizinho, deixando tudo no lugar exato. Logo saiu. Em pouco tempo, o vizinho chegou e saudou o jovem. Logo, este sentiu-se profundamente envergonhado do que fizera e aliviado por haver devolvido. "O conselho de Shimon ben Shetach foi bom," pensou. "Ao dizer somente a verdade, salvei-me de pecar."
O Tribunal não pode Matar Alguém que é Inocente ou Aceite Suborno
O Tribunal Não pode Matar Alguém que é Inocente O tribunal é advertido: "Não mate o inocente e o virtuoso!" Na prática, isto significa:
Se o tribunal declarou que alguém deve ser sentenciado à morte, e subseqüentemente alguém expuser novos argumentos a seu favor, ou mesmo se o próprio réu sugerir algum argumento em sua defesa, seu caso é reaberto - mesmo se já tiver sido levado ao local da execução. O caso será revisado tantas vezes quanto forem levantados argumentos substanciais. Contudo, se uma pessoa é absolvida no tribunal, seu caso não é reaberto, mesmo se forem encontradas novas provas de sua culpa. É proibido executar um julgamento com base em provas circunstanciais, mesmo se a prova é clara, sem sombra de dúvidas. O julgamento da Torá deve ser administrado baseando-se apenas sobre provas de duas testemunhas oculares, que presenciaram o fato em primeira mão. Rabi Shimon ben Shetach relatou: "Certa vez percebi um homem perseguindo outro. Segui-os e entrei numa ruína um momento depois deles terem lá chegado. Quando cheguei, vi um homem que jazia morto no chão. O outro estava de pé a seu lado, segurando uma faca manchada de sangue, da qual o sangue fresco ainda pingava. "Perverso!" - disse-lhe. "Sei que você é o assassino do que aqui jaz. Não obstante, não posso condená-lo, pois não há duas testemunhas que realmente presenciaram o assassinato. Que Ele, perante Quem todos os assuntos ocultos são revelados, vingue a vítima!" Rabi Shimon ben Shetach ainda não deixara as ruínas quando o assassino pereceu. Uma cobra saiu de um buraco, picando-o fatalmente. D'us garante aos juízes que não precisam temer que um culpado escape à justiça, num caso em que a punição não é administrada por falta de testemunhas, ou outras razões fora de seu controle. "Pois," disse D'us, "Eu não absolverei o iníquo. (Shemot 23:7). Tenho muitos mensageiros para trazer a punição sobre quem a merece." É Proibido Aceitar Qualquer Espécie de Suborno A Torá adverte o juiz: "Não aceite suborno!" É proibido a um juiz aceitar um presente de um dos litigantes. Deve recusar, mesmo se o presente foi dado com o entendimento de que deve julgar com veracidade, e mesmo se tem a firme intenção de julgar o caso corretamente, a despeito do presente. Suborno, além
de presentes tangíveis, inclui qualquer tipo de favor ou palavras gentis que o juiz receba de uma das partes. Nossos Sábios eram extremamente cautelosos em não julgarem em tribunais onde suspeitavam que poderia ter havido desvios. Isto é ilustrado pelos seguintes exemplos: Quando o Sábio Shemuel atravessou a ponte de um rio, recebeu ajuda de um transeunte. Shemuel indagou sobre o bem estar do homem, que informou-o que estava indo ao tribunal para uma audiência. "Não posso ser seu juiz," decidiu Shemuel imediatamente, "Pois você me ajudou." Rabi Yishmael ben Yosse empregou um arrendatário que costumava trazer-lhe uma cesta de frutas de seu (de Rabi Yishmael) pomar toda sexta-feira. Certa vez, ele presenteou-o com a cesta na quinta-feira. "Por que está me trazendo as frutas hoje?" - indagou Rabi Yishmael. "Tenho uma audiência judicial amanhã," explicou o arrendatário. Rabi Yishmael não aceitou a cesta de frutas; não obstante recusou-se a ser juiz neste caso, dizendo: "Não sou apto a ser seu juiz." Designou outro Sábio para lidar com o caso. No dia seguinte, aconteceu de Rabi Yishmael estar passando ao lado do tribunal durante o desenrolar do processo. Entreouviu os argumentos que o arrendatário apresentou, e pensou: "Ele deveria ter argumentado de maneira diferente para vencer o caso!" De repente, percebeu que, em sua mente, favoreceu seu arrendatário sobre o outro litigante, e preocupava-se que seu arrendatário vencesse. "Amaldiçoado aquele que aceita suborno!" - exclamou. "Nunca aceitei a cesta de frutas de meu arrendatário. Mesmo se tivesse aceito, eram frutas que me pertenciam. Não obstante, o suborno sugerido influenciou meus pensamentos a seu favor. Se alguém realmente aceita suborno e executa um julgamento, quão mais distorcido será seu julgamento!" A natureza do suborno é que faz com que o juiz se identifique com o corrupto. Esta afirmação é a prova da necessidade de consultar um sábio e estudioso da Torá para decidir os problemas da vida. O intelecto de uma pessoa é invariavelmente cegado por seus desejos. Ele é, portanto, incapaz de julgar objetivamente assuntos quando esses lhe dizem respeito.
A Proibição de Misturar Carne com Leite
D'us ordena o povo judeu (Shemot 23:19): "Não cozinharás um bezerro no leite de sua mãe." Estas palavras são reiteradas em três diferentes locais na Torá, indicando três proibições diferentes sobre o assunto:  É proibido comer uma mistura cozida de carne e leite.   Não se pode tirar nenhum benefício de tais misturas, como presentear ou vender a comida a um não-judeu.   Carne e leite não podem nem ser cozidos juntos (mesmo quando não há intenção de ingeri-los).  Moshê disse a D'us: "Estou desconcertado! Tu instruíste-me a escrever na Torá 'Não cozinharás o bezerro no leite de sua mãe'. Contudo, oralmente Tu me explicaste que também é proibido comer os dois juntos! Permite-me escrever na Torá: 'Não comerás mistura de carne com leite!'" D'us respondeu: "Escreva como Eu disse, não mude Minhas palavras!" Moshê insistiu: "Não seria possível que no decurso de seu longo exílio os Filhos de Israel possam esquecer a Explicação Oral da Torá?" D'us respondeu: "Selei um pacto com eles, que garante que a Torá Oral jamais será esquecida por seus descendentes!" Por que D'us nos proibiu comer leite e carne juntos? Esta lei da Torá recebe o nome de "choc", uma lei cuja razão não nos foi dada por D'us. Apesar do povo judeu não entender o preceito de não misturar carne com leite, todos aceitaram com perfeita fé, sem perguntar nem questionar.
D'us Prediz a Moshê que um Anjo Irá Conduzi-los
D'us revelou a Moshê que o povo judeu pecará, no futuro. (Ele referia-Se ao futuro incidente com o bezerro de ouro). Por isso a Shechiná (Divindade) não continuaria a conduzi-los. Em seu lugar, Ele enviará um anjo à frente do acampamento. "Se vocês forem merecedores," disse D'us, "Eu Mesmo os guiarei, mas por causa de seu (futuro) pecado, Eu lhes enviarei Meu mensageiro, um anjo, que leva Meu Nome. Guardem-se de se rebelarem contra ele, pois é apenas um mensageiro, desprovido de poder para perdoar seus pecados como Eu faço!" Após o pecado do bezerro de ouro, D'us queria cumprir Suas palavras e enviou um anjo à frente deles. Moshê, no entanto, protestou, dizendo: "A não ser que Tu nos guie pessoalmente, não partiremos daqui!" Pelo mérito da grandeza de Moshê, D'us concordou. Enquanto Moshê estava vivo, D'us mesmo guiou o acampamento dos Filhos de Israel. Depois, D'us enviou o mesmo anjo que Moshê recusara-se a aceitar para ajudar Yehoshua na conquista de Israel. Yehoshua aceitou-o de bom grado. O nível espiritual de Yehoshua era bem inferior ao de Moshê, e por isso concordou feliz em ser guiado por um anjo. D'us também predisse a Moshê que quando os judeus entrassem na Terra, os habitantes de Canaã ficariam tão amedrontados que não ousariam opor-se a eles. Ele prometeu a Moshê ajudá-lo a derrotar os poderosos reis emoritas Sichon e Og enviando uma tsir'á (espécie de vespa) na frente do povo de Israel, que cegaria os inimigos e injetaria um veneno mortal em seus corpos. Permanecendo na margem leste do Jordão, a tsir'á também espirraria veneno sobre as nações de Canaã.
Outros Eventos que Tiveram Lugar Antes da Outorga da Torá
No final da parashá de Mishpatim, a Torá relata eventos que, na verdade, ocorreram nos dias que precederam a Outorga da Torá. No quarto dia da semana antes da outorga da Torá, D'us ordenou que Moshê, Aharon, os dois filhos de Aharon, Nadav e Avihu, e os setenta anciãos deveriam subir a montanha e
prostrarem-se perante a Shechiná. D'us disse a Moshê que cada qual poderia subir apenas até certo limite pré-estabelecido. Quando os anciãos ouviram a ordem de D'us, reclamaram. Ressentiram-se de não terem recebido permissão de entrar no compartimento mais íntimo de D'us, como Moshê. Isso se deve ao seguinte fato. Quando D'us disse no Egito "Vá e fale com o Faraó", apenas Moshê e Aharon obedeceram e entraram no palácio real. Os anciãos ficaram para trás. Uma vez que não entraram no palácio de um rei humano, também não deveria lhes ser concedido o direito de entrar no Palácio do Rei dos reis. Não obstante, Aharon não podia subir ao cume da montanha, em respeito aos anciãos. E por esta razão, permaneceu com eles. Naquele dia, Moshê voltou ao povo e explicou o mandamento de D'us, que deveriam permanecer dentro dos limites estabelecidos ao redor do Monte Sinai. Também instruiu-os sobre as mitsvot que foram ordenadas em Mará, que eram as leis de Shabat, honrar os pais, e parte dos mishpatim. Ao ouvirem seus ensinamentos, o povo exclamou: "O que D'us disser, faremos!" Naquele dia, Moshê também escreveu a Torá, desde Bereshit até a Outorga da Torá. O quinto dia da semana que precedeu a Outorga da Torá foi um dia repleto de eventos. Moshê levantou-se cedo para construir um altar aos pés da montanha, e para erguer doze monumentos para as Doze Tribos de Israel. Ordenou ao povo que imergisse na micvê. Os primogênitos ofereceram sacrifícios a D'us sobre o altar. Moshê aspergiu o povo com metade do sangue destinado a este fim, dizendo: "Através disto vocês entram numa aliança com D'us. Se vocês mantiverem Sua aliança, suas vidas estarão protegidas." A outra metade do sangue foi aspergida sobre o altar, para expiar pelos pecados do Povo de Israel. Moshê leu para o povo a Torá, de Bereshit até a Outorga da Torá, que havia registrado de acordo com o que D'us lhe ditou. O povo ouviu e exclamou em uníssono: "Faremos e ouviremos. Cumpriremos e obedeceremos todos os Mandamentos da Torá, apesar de ainda não os termos escutado; ambos, os preceitos negativos e os positivos." Uma voz celestial proclamou: "Quem revelou a Meus filhos o segredo de pronunciarem 'faremos' antes de 'ouviremos', uma expressão que é da linguagem dos anjos?"
Moshê Ascende ao Céu para Receber as Tábuas da Lei
Depois que o povo judeu ouviu todos os Dez Mandamentos, D'us ordenou a Moshê para ascender a montanha: "Dar-te-ei duas tábuas de pedra preciosa de safira, sobre as quais estão escritos os Dez mandamentos que contém a essência de todas as 613 mitsvot da Torá". Moshê deu instruções para que, em sua ausência, o povo deveria obedecer Aharon, os anciãos, e Chur, filho de Miriam, que foi nomeado como responsável. Disse ao povo que voltaria em quarenta dias, e implorou-lhes: "Por favor, orem e jejuem por mim! Estou prestes a entrar no acampamento dos anjos, e ascender à abóbada dos seres de fogo celestiais de D'us. Implorem misericórdia de D'us, para que eu retorne em paz!" No dia sete de Sivan, Moshê e seu pupilo Yehoshua começaram a ascender a montanha juntos. Yehoshua armou sua tenda no sopé da montanha, e não deixou o local por quarenta dias, enquanto esperava a volta de seu mestre. Por um milagre especial, a maná desceu lá especialmente para ele, a fim de sustentá-lo. Moshê subiu ao topo da montanha e ficou coberto pela Nuvem por seis dias. Este foi um período preparatório para purificar seu corpo, de modo que ficasse parecido com um dos anjos. Então pôde ascender ao Céu, adentrando os círculos da Shechiná. Moshê penetrou a escuridão da Nuvem, e foi admitido no Acampamento Celestial. Temendo por sua vida, Moshê recitava o capítulo de Tehilim que protege uma pessoa contra poderes danosos, o salmo 91: "Aquele que habita no local secreto do mais Elevado... Não temerás o terror à noite, nem a flecha que voa de dia." A Permanência de Moshê nos Céus Moshê permaneceu no céu quarenta dias e quarenta noites, aprendendo toda a Torá Escrita e a Torá Oral. Durante este período, ele sabia da passagem do dia e da noite apenas pelo sol e pela lua. Quando via o sol subindo para prostrar-se diante de D'us dizendo: "Senhor do mundo, fiz o que ordenaste", ele sabia que mais um dia se passara e a noite chegara.
D'us então ensinava Mishná, a Torá Oral, a Moshê. Quando a lua surgia diante de D'us, prostrando-se e dizendo: "Fiz o que me ordenaste, meu D'us", Moshê sabia que a noite terminara e o dia começara. D'us então ensinava a Moshê o texto, a Torá Escrita. Moshê tinha um sinal adicional que lhe indicava as horas da noite. Quando via os anjos preparando a maná que os judeus comeriam no dia seguinte lá embaixo no deserto, ele sabia que era dia. Quando a maná caía, ele sabia que era noite na terra. (Mais detalhes referentes ao estudo da Torá de Moshê no Céu estão escritas na parashá de Ki Tissá). Moshê vê o Futuro Durante a estada de Moshê, foram-lhe mostrados todos os grandes líderes judeus de cada geração. Ele viu os juízes, os profetas e os reis que serviriam aos judeus até o final dos tempos. Enquanto estava no céu, Moshê também viu D'us sentado em Seu trono poderoso e exaltado, acrescentando coroas às letras da Torá. Ele pediu a D'us que explicasse a razão para estes adornos e foi lhe dito: "Daqui a muitos anos nascerá um grande tsadic com o nome de Akiva, filho de Yossef, que revelará muitos segredos ocultos da Torá. Ele saberá derivar leis e pensamentos da Torá de cada cabeça e coroa que estou acrescentando agora às letras. Moshê implorou que lhe fosse mostrado este justo. D'us mostrou-lhe um edifício que abrigava muitos discípulos sentados em filas. À sua frente estava sentado um homem que parecia um anjo celestial. Moshê aproximou-se dos homens, mas não conseguia entender o que diziam, o que o entristeceu. Neste momento, ouviu um dos alunos perguntar ao professor como ele sabia tudo o que estivera lhes ensinando. O homem de aparência angelical respondeu: "Tudo que estou ensinando e inovando na Torá é uma transmissão direta daquilo que Moshê, filho de Amram, recebeu no Monte Sinai." Moshê foi então consolado por estas palavras e perguntou a D'us: "Se pretendes criar uma pessoa tão elevada, por que não concedeste a ele o privilégio de levar a Torá aos judeus?" D'us respondeu: "Porque você foi tão modesto, pensando que Rabi Akiva é mais digno do que você de transmitir a Torá aos judeus, aumentei sua sabedoria e conhecimento, pois Eu o escolhi especialmente para levar a Torá a Meus filhos."
Nesse momento, D'us abriu os cinqüenta portões da sabedoria, permitindo que Moshê passasse por quarenta e nove deles. A sabedoria de Moshê era tão grande que nenhuma outra pessoa no mundo poderia comparar-se a ele, nem no passado nem no futuro. Os Julgamentos de D'us são Justos Moshê perguntou a D'us: "Juiz do mundo, por que de fato o justo sofre enquanto o pecador prospera? Sei que todos os Seus atos são justos, mas nós mortais nem sempre os entendemos. Portanto, suplico-lhe que explique Seu método de julgamento, para que eu possa contá-lo aos outros, convencendo-os de Sua justiça e provando-a no mundo." D'us concordou e prometeu mostrar a Moshê uma cena que nenhum homem tivera antes o privilégio de testemunhar, para que ele pudesse entender e lembrar que os julgamentos de D'us são sempre justos. Moshê viu então um homem se aproximando de um pequeno riacho que corria montanha abaixo. Ia montado a cavalo, mas assim que alcançou a margem ele desmontou e ajoelhou-se para beber um pouco de água. Neste momento, um maço de dinheiro caiu de seu bolso sem que ele notasse. Depois de dar de beber ao cavalo, montou novamente e seguiu seu caminho. Pouco depois, um jovem pastor chegou ao mesmo riacho. Vendo o maço, apanhou-o e colocou-o no bolso, alegrando-se e a agradecendo a D'us pela boa sorte. Agora não precisaria mais continuar trabalhando como pastor e poderia viver com a mãe. Conseguiria comprar uma casa e um campo com aquele dinheiro. Grato, o rapaz prosseguiu seu caminho. Um homem velho chegou logo depois, sentou-se ao lado do riacho, tirou um pedaço de pão seco da mochila, mergulhou na água, comeu e adormeceu. Tendo dado conta de sua perda, o cavaleiro retornou para procurar o dinheiro. Agarrou o velho pelo ombro e sacudiu-o violentamente para acordá-lo, exigindo que devolvesse o dinheiro. O velho, que nada sabia a respeito da bolsa perdida, tentou em vão explicar que não roubara nenhum dinheiro. Mas o cavaleiro não acreditou nele e o espancou impiedosamente até a morte. Em seguida, revistou as coisas do velho, mas não encontrou o dinheiro na mochila e simplesmente seguiu o seu caminho. Extremamente confuso, Moshê voltou-se para D'us e perguntou: "É assim a justiça? Acabo de ver um velho inocente ser brutalmente espancado até a morte. Vi um homem perder seu dinheiro e outra pessoa, um rapaz, encontrá-lo e tornar-se rico sem nenhum motivo aparente." D'us disse a Moshê que continuasse assistindo antes de julgar. Na cena seguinte, tudo ficaria claro.
Então ele viu um fazendeiro manco com um menino pequeno ao seu lado. Um velho de repente se aproximou do fazendeiro e lançou-se sobre ele, matando-o e roubando o seu dinheiro. Enquanto isso acontecia, o mesmo cavaleiro da cena anterior por acaso passava por ali. D'us explicou: "O velho que foi assassinado à margem do riacho sem nenhuma razão aparente era o mesmo homem que matou o fazendeiro de forma tão cruel e lhe roubou o dinheiro. Portanto, ele realmente merecia a morte. O cavaleiro, que viu o velho cometendo o ato perverso e nada fez para impedi-lo, perdeu o dinheiro que não lhe pertencia mas fora roubado do fazendeiro e depois perdido pelo assassino. Finalmente, o menino que achou o maço de dinheiro era o filho do fazendeiro, cujo pai fora assassinado e roubado." Desta maneira, D'us concede a Moshê um lampejo na absoluta Justiça de Seus caminhos. Moshê percebeu que os julgamentos de D'us são verdadeiros, ainda que não entendamos o que vemos, ainda que pensemos que não há justiça no mundo, porque vemos pessoas más que não sofrem, ao contrário, progridem na vida, enquanto os justos que praticam o bem e são generosos sofrem na pobreza, passando necessidade, doença e problemas. Deve-se sempre ter em mente, porém, que tudo que acontece é obra da Providência Divina, exatamente como os destinos do assassino que Moshê viu sendo morto por outro, do ladrão perdendo seu dinheiro e do pequeno órfão encontrando o dinheiro que pertencera a seu pai. Vendo tudo isto, Moshê declarou diante de todos os anjos: "D'us é o D'us da Verdade sem injustiça; Ele é justo e correto."
Leitura Adicional: Patriarcas e Profetas
Capitulo 27— Israel recebe a lei
Este capitulo e baseado em Exodo 19-24.
Logo depois de se acamparem no Sinai, Moises foi chamado
a montanha a encontrar-se com Deus. Sozinho subiu a ingreme e
aspera vereda, e aproximou-se da nuvem que assinalava o lugar da
presenca do Eterno. Israel ia ser agora tomado em uma relacao intima
e peculiar para com o Altissimo — sendo incorporado como uma
igreja e nacao sob o governo de Deus. A mensagem dada a Moises,
para o povo, foi:
“Vos tendes visto o que fiz aos egipcios, como vos levei sobre
asas de aguias, e vos trouxe a Mim; agora pois, se diligentemente
ouvirdes a Minha voz, e guardardes o Meu concerto, entao sereis a
Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a
Terra e Minha. E vos Me sereis um reino sacerdotal e o povo santo”.
Exodo 19:4-6.
Moises voltou ao acampamento, e, tendo convocado os anciaos
de Israel, repetiu-lhes a mensagem divina. Sua resposta foi: “Tudo
o que o Senhor tem falado, faremos.” Assim entraram em um concerto
solene com Deus, comprometendo-se a aceita-Lo como seu
Governador, pelo que se tornavam, em sentido especial, suditos sob
Sua autoridade.
De novo seu lider subiu a montanha; e o Senhor lhe disse: “Eis
que Eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouca, falando
Eu contigo, e para que tambem te creiam eternamente.” Quando
deparavam dificuldades no caminho, estavam dispostos a murmurar
contra Moises e Arao, e acusa-los de tirar as hostes de Israel do
Egito para as destruir. O Senhor queria honrar Moises perante eles,
a fim de que pudessem ser levados a confiar em suas instrucoes.
Deus Se propunha fazer da ocasiao em que falaria a Sua lei uma
cena de terrivel grandeza, a altura do exaltado carater da mesma. O
povo deveria receber a impressao de que todas as coisas ligadas ao
servico de Deus, deviam ser consideradas com a maior reverencia. O
263
264 Patriarcas e Profetas
Senhor disse a Moises: “Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanha, e
lavem eles os seus vestidos; e estejam prontos para o terceiro dia;
porquanto no terceiro dia o Senhor descera diante dos olhos de todo
o povo sobre o Monte Sinai.” Durante esses dias intermediarios,
todos deviam ocupar o tempo em preparacao solene para comparecer
perante Deus. Suas pessoas e vestes deviam estar livres de
impureza. E, ao indicar-lhes Moises os pecados, deviam dedicar-se
a humilhacao, jejum e oracao, a fim de que o coracao deles da fosse
[214] limpo da iniquidade.
A preparacao fora feita, conforme o mandado; e, em obediencia
a outra ordem, determinou Moises que fosse colocado um
obstaculo em redor do monte, para que nem homem nem animal
pudesse introduzir-se no recinto sagrado. Se algum se arriscasse a
tao-somente toca-lo, o castigo seria a morte instantanea.
Na manha do terceiro dia, volvendo-se os olhares de todo o povo
para o monte, o cimo deste estava coberto de uma nuvem densa, que
se tornou mais negra e compacta, descendo ate que toda a montanha
foi envolta em trevas e terrivel misterio. Entao se ouviu um som
como de trombeta, convocando o povo para encontrar-se com Deus;
e Moises guiou-os ao pe da montanha. Da espessa treva chamejavam
vividos relampagos, enquanto os ribombos do trovao ecoavam e
tornavam a ecoar por entre as montanhas circunvizinhas. “E todo
o Monte de Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em
fogo; e o seu fumo subiu como fumo de um forno, e todo o monte
tremia grandemente.” “A gloria do Senhor era como fogo devorador
no cume do monte”, a vista da multidao congregada. “E o sonido da
buzina ia crescendo em grande maneira.” Tao terriveis eram os sinais
da presenca de Jeova que as hostes de Israel tremeram de medo,
e cairam prostrados perante o Senhor. Mesmo Moises exclamou:
“Estou todo assombrado, e tremendo”. Hebreus 12:21.
E entao cessaram os trovoes; nao mais se ouviu a trombeta; a
terra ficou calada. Houve um tempo de solene silencio, e entao se
ouviu a voz de Deus. Falando da espessa escuridao que O envolvia,
encontrando-Se Ele sobre o monte, rodeado de um acompanhamento
de anjos, o Senhor deu a conhecer a Sua lei. Moises, descrevendo esta
cena, diz: “O Eterno veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu
desde o monte Para, e veio com dez milhares de santos; a Sua direita
havia para eles o fogo da lei. Na verdade ama os povos; todos os
Israel recebe a lei 265
Seus santos estao na Tua mao; postos serao no meio, entre os Teus
pes, cada um recebera das Tuas palavras”. Deuteronomio 33:2, 3.
Jeova revelou-Se nao somente na terrivel majestade de juiz e
legislador, mas como um compassivo guarda de Seu povo: “Eu sou o
Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidao”.
Exodo 20:2. Aquele a quem ja haviam conhecido como seu guia
e libertador, que os trouxera do Egito, preparando-lhes caminho
atraves do mar e subvertendo Farao e seus exercitos, que assim Se
mostrara superior a todos os deuses do Egito, Esse era o que agora
falava a Sua lei.
A lei nao fora proferida naquela ocasiao exclusivamente para o
beneficio dos hebreus. Deus os honrou, fazendo deles os guardas
e conservadores de Sua lei, mas esta deveria ser considerada como
um deposito sagrado para todo o mundo. Os preceitos do Decalogo
sao adaptados a toda a humanidade, e foram dados para a instrucao
e governo de todos. Dez preceitos breves, compreensivos, e dotados
de autoridade, abrangem os deveres do homem para com Deus e
seus semelhantes; e todos baseados no grande principio fundamen- [215]
tal do amor. “Amaras ao Senhor teu Deus de todo o teu coracao,
e de toda a tua alma, e de todas as tuas forcas, e de todo o teu
entendimento, e ao teu proximo como a ti mesmo”. Lucas 10:27;
Deuteronomio 6:4, 5; Levitico 19:18. Nos Dez Mandamentos estes
principios sao apresentados pormenorizadamente, e aplicaveis as
condicoes e circunstancias do homem.
“Nao teras outros deuses diante de Mim” (Exodo 20:3)—YHVH
o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e
mantenedor de todas as coisas, e o unico que tem direito a reverencia
e culto supremos. Proibe-se ao homem conferir a qualquer outro
objeto o primeiro lugar nas suas afeicoes ou servico. O que quer que
acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se
incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus.
“Nao faras para ti imagem de escultura, nem alguma semelhanca
do que ha em cima nos ceus, nem embaixo na Terra, nem nas aguas
debaixo da Terra. Nao te encurvaras a elas nem as serviras.” — O
segundo mandamento proibe o culto ao verdadeiro Deus por meio de
imagens ou semelhancas. Muitas nacoes gentilicas pretendiam que
suas imagens eram meras figuras ou simbolos pelos quais adoravam
a Divindade; mas Deus declarou que tal culto e pecado. A tentativa
266 Patriarcas e Profetas
de representar o Eterno por meio de objetos materiais, rebaixaria
a concepcao do homem acerca de Deus. A mente, desviada da
perfeicao infinita do Eterno, seria atraida para a criatura em vez de
o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas concepcoes acerca de
Deus, semelhantemente degradar-se-ia o homem.
“Eu, O Eterno teu Deus, sou Deus zeloso.” A intima e sagrada
relacao de Deus para com Seu povo e representada sob a figura do
casamento. Sendo a idolatria o adulterio espiritual, e o desprazer de
Deus contra a mesma apropriadamente chamado ciume.
“Visito a maldade dos pais nos filhos, ate a terceira e a quarta geracao
daqueles que Me aborrecem.” E inevitavel que os filhos sofram
as consequencias das mas acoes dos pais, mas nao sao castigados
pela culpa deles, a nao ser que participem de seus pecados. Da-se,
entretanto, em geral o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus
pais. Por heranca e exemplo os filhos se tornam participantes do pecado
do pai. Mas tendencias, apetites pervertidos e moral vil, assim
como enfermidades fisicas e degeneracao, sao transmitidos como
um legado de pai a filho, ate a terceira e quarta geracao. Esta terrivel
verdade deveria ter uma forca solene para restringir os homens de
seguirem uma conduta de pecado.
“Faco misericordia em milhares aos que Me amam e guardam
os Meus mandamentos.” Proibindo o culto aos falsos deuses, o
segundo mandamento envolve a ordem de adorar o verdadeiro Deus.
E aos que sao fieis em Seu servico, promete-se a misericordia, nao
meramente a terceira e quarta geracao, como e ameacada a ira contra
[216] os que O aborrecem, mas a milhares de geracoes.
“Nao tomaras o nome do Senhor teu Deus em vao; porque o Senhor
nao tera por inocente o que tomar o Seu nome em vao” (Exodo
20:7) — Este mandamento nao somente proibe os falsos juramentos
e juras comuns mas veda-nos o uso do nome de Deus de maneira
leviana ou descuidada, sem atentar para a sua terrivel significacao.
Pela precipitada mencao de Deus na conversacao comum, pelos
apelos a Ele feitos em assuntos triviais, e pela frequente e impensada
repeticao de Seu nome, nos O desonramos. “Santo e tremendo e o
Seu nome”. Salmos 111:9. Todos devem meditar em Sua majestade,
pureza e santidade, para que o coracao possa impressionar-se com
uma intuicao de Seu exaltado carater; e Seu santo nome deve ser
pronunciado com reverencia e solenidade.
Israel recebe a lei 267
“Lembra-te do dia do sabado, para o santificar. Seis dias trabalharas,
e faras toda a tua obra. Mas o setimo dia e o sabado do
Senhor teu Deus; nao faras nenhuma obra, nem tu, nem teu filho,
nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal,
nem o teu estrangeiro que esta dentro das tuas portas. Porque em seis
dias fez o Senhor os ceus e a Terra, o mar e tudo que neles ha, e ao
setimo dia descansou, portanto abencoou o Senhor o dia do sabado,
e o santificou” (Exodo 20:8-11) — O sabado nao e apresentado
como uma nova instituicao, mas como havendo sido estabelecido na
criacao. Deve ser lembrado e observado como a memoria da obra
do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os ceus e a
Terra, distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos
os que guardam o setimo dia, dao a entender por este ato que sao
adoradores de Jeova. Assim, e o sabado o sinal de submissao a Deus
por parte do homem, enquanto houver alguem na Terra para O servir.
O quarto mandamento e o unico de todos os dez em que se encontra
tanto o nome como o titulo do Legislador. E o unico que mostra
pela autoridade de quem e dada a lei. Assim contem o selo de Deus,
afixado a Sua lei, como prova da autenticidade e vigencia da mesma.
Deus deu aos homens seis dias nos quais trabalhar, e exige que
seus trabalhos sejam feitos nos seis dias destinados a isso. Atos
necessarios e misericordiosos sao permitidos no sabado; os doentes
e sofredores em todo o tempo devem ser tratados; mas o trabalho
desnecessario deve ser estritamente evitado. “Se desviares o teu pe
do sabado, e de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares
ao sabado deleitoso, e santo dia do Senhor, digno de honra, e o
honrares nao seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a
tua propria vontade...” Isaias 58:13. Tampouco fica nisto a proibicao.
“Nem falar as tuas proprias palavras”, diz o profeta. Aqueles
que no sabado discutem assuntos de negocios ou fazem planos, sao
considerados por Deus como se estivessem empenhados na propria
transacao de negocio. Para santificar o sabado nao devemos mesmo
permitir que nosso espirito se ocupe com coisas de carater mundano.
E o mandamento inclui todos dentro de nossas portas. Os que convivem
na casa devem durante as horas sagradas por de parte suas [217]
ocupacoes mundanas. Todos devem unir-se a honrar a Deus por
meio de um culto voluntario em Seu santo dia.
268 Patriarcas e Profetas
“Honra a teu pai e a tua mae, para que se prolonguem os teus dias
na Terra que o Senhor teu Deus te da” (Exodo 20:12)—Os pais tem
direito ao amor e respeito em certo grau que a nenhuma outra pessoa
e devido. O proprio Deus, que pos sobre eles a responsabilidade
pelas almas confiadas aos seus cuidados, ordenou que durante os
primeiros anos da vida estejam os pais em lugar de Deus em relacao
aos seus filhos. E aquele que rejeita a licita autoridade de seus pais,
rejeita a autoridade de Deus. O quinto mandamento exige que os
filhos nao somente tributem respeito, submissao e obediencia a seus
pais, mas tambem lhes proporcionem amor e ternura, aliviem os seus
cuidados, zelem de seu nome, e os socorram e consolem na velhice.
Ordena tambem o respeito aos ministros e governantes, e a todos os
outros a quem Deus delegou autoridade.
Este, diz o apostolo, “e o primeiro mandamento com promessa”.
Efesios 6:2. Para Israel, esperando em breve entrar em Canaa, era
um penhor, ao obediente, de uma vida longa naquela boa terra; mas
tem ele uma significacao mais ampla, incluindo todo o Israel de
Deus e prometendo vida eterna sobre a Terra, quando esta estiver
livre da maldicao do pecado.
“Nao mataras” (Exodo 20:13) — Todos os atos de injustica
que tendem a abreviar a vida; o espirito de odio e vinganca, ou a
condescendencia de qualquer paixao que leve a atos ofensivos a
outrem, ou nos faca mesmo desejar-lhe mal (pois “qualquer que
aborrece seu irmao e homicida”); uma negligencia egoista de cuidar
dos necessitados e sofredores; toda a condescendencia propria ou
desnecessaria privacao, ou trabalho excessivo com a tendencia de
prejudicar a saude — todas estas coisas sao, em maior ou menor
grau, violacao do sexto mandamento.
“Nao adulteraras” (Exodo 20:14) — Este mandamento proibe
nao somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais,
ou qualquer pratica com a tendencia de os excitar. A pureza e exigida
nao somente na vida exterior, mas nos intuitos e emocoes secretos do
coracao. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus,
em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tao
verdadeiramente pecado como o e o ato ilicito.
“Nao furtaras” (Exodo 20:15)—Tanto pecados publicos como
particulares sao incluidos nesta proibicao. O oitavo mandamento
condena o furto de homens e trafico de escravos, e proibe a guerra
Israel recebe a lei 269
de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade
nos minimos detalhes dos negocios da vida. Veda o engano no
comercio, e requer o pagamento de debitos e salarios justos. Declara
que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorancia, fraqueza
ou infelicidade de outrem, e registrada como fraude nos livros do
Ceu. [218]
“Nao diras falso testemunho contra o teu proximo” (Exodo
20:16) — Aqui se inclui todo falar que seja falso a respeito de
qualquer assunto, toda tentativa ou intuito de enganar nosso proximo.
A intencao de enganar e o que constitui a falsidade. Por um
relance de olhos, por um movimento da mao, uma expressao do
rosto, pode-se dizer falsidade tao eficazmente como por palavras.
Todo exagero intencional, toda sugestao ou insinuacao calculada a
transmitir uma impressao erronea ou desproporcionada, mesmo a
declaracao de fatos feita de tal maneira que iluda, e falsidade. Este
preceito proibe todo esforco no sentido de prejudicar a reputacao de
nosso proximo, pela difamacao ou suspeitas ruins, pela calunia ou
intrigas. Mesmo a supressao intencional da verdade, pela qual pode
resultar o agravo a outrem, e uma violacao do nono mandamento.
“Nao cobicaras a casa do teu proximo, nao cobicaras a mulher do
teu proximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem
o seu jumento, nem coisa alguma do teu proximo” (Exodo 20:17)
—O decimo mandamento fere a propria raiz de todos os pecados,
proibindo o desejo egoista, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele
que em obediencia a lei de Deus se abstem de condescender mesmo
com um desejo pecaminoso daquilo que pertence a outrem, nao sera
culpado de um ato mau para com seus semelhantes.
Tais foram os sagrados preceitos do Decalogo, proferidos entre
trovoes e chamas, e com maravilhosa manifestacao de poder e majestade
do grande Legislador. Deus acompanhou a proclamacao de
Sua lei com mostras de Seu poder e gloria, para que Seu povo nunca
se esquecesse daquela cena, e tivesse a impressao de uma profunda
veneracao pelo Autor da lei, o Criador do Ceu e da Terra. Desejava
mostrar tambem a todos os homens a santidade, a importancia e a
permanencia de Sua lei.
O povo de Israel estava dominado pelo pavor. O terrivel poder
da fala de Deus parecia tal que o nao poderiam suportar seus
tremulos coracoes. Pois, ao ser apresentada diante deles a grande
270 Patriarcas e Profetas
regra de justica de Deus, compenetraram-se, como nunca antes, do
carater ofensivo do pecado, e de sua propria culpabilidade a vista
de um Deus santo. Recuaram da montanha com medo e espanto. A
multidao clamou a Moises: “Fala tu conosco, e ouviremos; e nao
fale Deus conosco, para que nao morramos”. Exodo 20:19-21. O
lider respondeu: “Nao temais, que Deus veio para provar-vos, e para
que o Seu temor esteja diante de vos, para que nao pequeis.” O
povo, entretanto, permaneceu a distancia, olhando com terror a cena,
enquanto Moises “se chegou a escuridade onde Deus estava”.
A mente do povo, cega e aviltada pela escravidao ao paganismo,
nao estava preparada para apreciar completamente os principios
de grande alcance dos dez preceitos de Deus. Para que pudessem
os deveres expressos no Decalogo ser entendidos e impostos mais
plenamente, deram-se preceitos adicionais, ilustrando os principios
dos Dez Mandamentos e dando-lhes aplicacao. Estas leis foram
[219] chamadas juizos, tanto porque eram organizadas com sabedoria e
equidade infinitas, como porque deveriam os magistrados julgar de
acordo com elas. Diferente dos Dez Mandamentos, foram transmitidas
particularmente a Moises, que as deveria comunicar ao povo.
A primeira destas leis referia-se aos servos. Nos tempos antigos,
os criminosos eram algumas vezes vendidos como escravos pelos
juizes; nalguns casos os devedores eram vendidos pelos seus credores;
e a pobreza levava mesmo pessoas a vender a si ou a seus filhos.
Um hebreu, porem, nao podia ser vendido como escravo para toda a
vida. Seu prazo de servico limitava-se a seis anos; no setimo deveria
ser posto em liberdade. O furto de homens, o assassinio premeditado,
e a rebeliao contra a autoridade paterna, eram punidos com a morte.
Era permitida a manutencao de escravos que nao fossem israelitas
de nascimento, mas sua vida e pessoa eram estritamente guardadas.
O assassino de um escravo devia ser castigado; um agravo infligido
a um deles pelo seu senhor, ainda que fosse a perda de um dente,
dava o direito a liberdade.
Os proprios israelitas tinham sido recentemente escravos, e agora
que iam ter servos sob suas ordens, deviam guardar-se de alimentar
um espirito de crueldade e extorsao, de que haviam sofrido sob os
maiorais de tarefas no Egito. A lembranca de sua amarga servidao
devia habilita-los a colocar-se no lugar do servo, levando-os a ser
Israel recebe a lei 271
benevolos e compassivos, a tratar os outros como desejariam fossem
eles mesmos tratados.
Os direitos das viuvas e orfaos eram especialmente resguardados,
e ordenava-se uma escrupulosa atencao a sua desajudada condicao.
“Se de alguma maneira os afligirdes”, declarou o Senhor, “e eles
clamarem a Mim, Eu certamente ouvirei o seu clamor. E a Minha
ira se acendera, e vos matara a espada; e vossas mulheres ficarao
viuvas, e vossos filhos orfaos”. Exodo 22:23, 24. Os estrangeiros que
se uniam a Israel deviam ser protegidos de mal ou opressao. “Nao
oprimiras o estrangeiro; pois vos conheceis o coracao do estrangeiro,
pois fostes estrangeiros na terra do Egito”. Exodo 23:9.
Era proibido tomar usura do pobre. As vestes ou o cobertor de
um homem pobre tomados em penhor, deviam ser-lhes restituidos a
tarde. Exigia-se daquele que era culpado de furto restituir o dobro.
Ordenava-se o respeito aos magistrados e principes, e advertia-se
aos juizes contra o perverter o juizo, auxiliando uma causa falsa,
ou recebendo suborno. A mentira e a calunia eram proibidas, e
ordenados atos de bondade, mesmo para com inimigos pessoais.
De novo lembrou-se ao povo a sagrada obrigacao do sabado.
Designaram-se festas anuais, nas quais todos os homens da nacao
deviam congregar-se perante o Senhor, trazendo-Lhe suas ofertas
de gratidao, e as primicias de Sua generosidade. O objetivo de todo
este regulamento foi declarado: nao procediam esses preceitos do
exercicio de mera soberania arbitraria; foram todos dados para o
bem de Israel. O Senhor disse: “Ser-Me-eis homens santos” (Exodo
22:31) —dignos de ser reconhecidos por um Deus santo. [220]
Estas leis deviam ser registradas por Moises, e qual tesouro
cuidadosamente guardadas como fundamento da lei nacional; e,
juntamente com os dez preceitos para ilustracao dos quais foram
dadas, deviam ser a condicao para o cumprimento das promessas de
Deus a Israel.
Foi-lhes entao dada esta mensagem da parte do Eterno: “Eis que
Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho, e te
leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dEle, e ouve
a Sua voz, e nao O provoques a ira, porque nao perdoara a vossa
rebeliao; porque o Meu nome esta nEle. Mas, se diligentemente
ouvires a Sua voz, e fizeres tudo o que Eu disser, entao serei inimigo
dos teus inimigos, e adversario dos teus adversarios”. Exodo 23:20-
272 Patriarcas e Profetas
22. Durante todas as vagueacoes de Israel, O Messias, na coluna de
nuvem e fogo, foi o seu dirigente. Ao mesmo tempo em que havia
tipos que apontavam para um Salvador vindouro, havia tambem um
Salvador presente, que dava ordens a Moises para o povo, e que
diante deles fora posto como o unico conduto de bencao.
Ao descer do monte, Moises veio e contou ao povo todas as
palavras e estatutos do Senhor; entao o povo respondeu a uma voz, e
disse: “Todas as palavras que o Senhor tem falado, faremos”. Exodo
24. Este compromisso, juntamente com as palavras do Senhor a que
o mesmo os obrigava a obedecer, foi escrito por Moises em um livro.
Seguiu-se entao a ratificacao do concerto. Foi construido um
altar ao pe da montanha, e ao lado dele ergueram-se doze colunas,
“segundo as doze tribos de Israel”, em testemunho de sua aceitacao
do concerto. Foram entao apresentados sacrificios pelos mocos
escolhidos para tal ato.
Havendo aspergido o altar com o sangue das ofertas, Moises “tomou
o livro do concerto, e o leu aos ouvidos do povo”. Assim foram
solenemente proferidas as condicoes do concerto, e todos ficaram
na liberdade de escolherem conformar-se com as mesmas ou nao.
Tinham a principio prometido obedecer a voz de Deus; mas haviam
depois disto ouvido proclamar a Sua lei; e seus principios tinham
sido particularizados, para que pudessem saber o quanto este concerto
abrangia. Outra vez o povo respondeu unanimemente: “Tudo
o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos.” “Havendo
Moises anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo
a lei, tomou o sangue [...] e aspergiu nao so o proprio livro como
tambem todo o povo, dizendo: Este e o sangue do testamento que
Deus vos tem mandado”. Hebreus 9:19, 20.
Deviam agora tomar-se disposicoes para o amplo estabelecimento
da nacao escolhida, sob a direcao de Jeova como seu Rei.
Moises havia recebido a ordem: “Sobe ao Senhor, tu e Arao, Nadabe
e Abiu, e setenta dos anciaos de Israel; e inclinai-vos de longe. E
so Moises se chegara ao Senhor.” Esses homens escolhidos foram
chamados ao monte, enquanto o povo adorava junto ao mesmo. Os
setenta anciaos deviam ajudar a Moises no governo de Israel, e Deus
[221] pos sobre eles Seu Espirito, e honrou-os dando-lhes uma visao de
Seu poder e grandeza. “E viram o Deus de Israel, e debaixo de Seus
pes havia como uma obra de pedra de safira, e como o parecer do
Israel recebe a lei 273
ceu na sua claridade.” Nao viram a Divindade, mas viram a gloria
de Sua presenca. Antes disso nao poderiam ter suportado tal cena;
mas a exibicao do poder de Deus, infundindo-lhes temor, levou-os
ao arrependimento; estiveram a contemplar Sua gloria, pureza e
misericordia, ate que puderam aproximar-se mais dAquele que era o
objeto de suas meditacoes.
Moises e “Josue seu servidor” foram agora chamados a
encontrar-se com Deus. E, como devessem ficar algum tempo ausentes,
o chefe designou Arao e Hur, auxiliados pelos anciaos, para
agirem em seu lugar. “E, subindo Moises ao monte, a nuvem cobriu
o monte. E habitava a gloria do Senhor sobre o monte de Sinai.”
Durante seis dias a nuvem cobriu o monte, como sinal da presenca
especial de Deus; contudo, nao fez revelacao alguma de Si, nem comunicacao
de Sua vontade. Durante este tempo Moises permaneceu
a espera de um chamado a audiencia com o Altissimo. Havia-lhe
sido determinado: “Sobe a Mim ao monte, e fica la”; e, se bem que
sua paciencia e obediencia fossem provadas, nao se tornou cansado
de esperar nem abandonou o posto. Este periodo de espera foi-lhe
um tempo de preparo, de intimo exame proprio. Mesmo este servo
favorecido de Deus nao poderia de pronto aproximar-se de Sua presenca,
e resistir as manifestacoes de Sua gloria. Seis dias deviam
ser empregados em dedicar-se a Deus, mediante o exame proprio,
meditacao e oracao, antes de poder estar preparado para comungar
diretamente com seu Criador.
No setimo dia, que era o sabado, Moises foi chamado para dentro
da nuvem. A espessa nuvem abriu-se a vista de todo o Israel, e a
gloria do Senhor irrompeu semelhante a um fogo devorador. “Moises
entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moises
esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.” Os quarenta dias
de permanencia no monte nao incluiam os seis dias de preparo.
Durante os seis dias Josue esteve com Moises, e juntos comiam
do mana e bebiam do ribeiro que descia do monte. Mas Josue nao
entrou com Moises na nuvem. Ficou fora e continuou a comer e
a beber diariamente enquanto esperava a volta de Moises; Moises,
porem, jejuou durante todos os quarenta dias.
Durante sua permanencia no monte, Moises recebeu instrucoes
para a construcao de um santuario, no qual a presenca divina se
manifestaria de modo especial. “E Me farao um santuario, e habitarei
274 Patriarcas e Profetas
no meio deles”, foi a ordem de Deus. Exodo 25:8. Pela terceira vez
foi ordenada a observancia do sabado. “Entre Mim e os filhos de
Israel sera um sinal para sempre”, declarou o Senhor, “para que
saibais que Eu sou o Senhor que vos santifica. Portanto guardareis o
sabado, porque santo e para vos: [...] qualquer que nele fizer alguma
obra, aquela alma sera extirpada do meio de seu povo”. Exodo
31:17, 13, 14. Acabavam de ser dadas instrucoes para o levantamento
[222] imediato do tabernaculo para o servico de Deus; e agora, sendo que
o objeto em vista era a gloria de Deus, e tambem porque tinham
grande necessidade de um lugar de culto, poderia o povo concluir
que estariam justificados trabalhando naquela construcao ao sabado.
Para os guardar de tal erro, foi feita uma advertencia. Mesmo a
santidade e urgencia daquela obra especial para Deus nao os deviam
levar a infringir o Seu santo dia de repouso.
Dali em diante o povo seria honrado com a presenca permanente
de seu Rei. “Habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por
Deus”, “para que por Minha gloria sejam santificados” (Exodo 29:45,
43), foi a seguranca dada a Moises. Como simbolo da autoridade
de Deus, e incorporacao de Sua vontade, foi entregue a Moises uma
copia do Decalogo gravada pelo dedo do proprio Deus em duas
tabuas de pedra (Deuteronomio 9:10; Exodo 32:15, 16), para que,
de maneira sagrada, fosse encerrada no santuario, o qual, depois de
feito, deveria ser o centro visivel do culto da nacao.
De uma raca de escravos os israelitas haviam sido exaltados
acima de todos os povos, para serem o tesouro peculiar do Rei dos
reis. Deus os separara do mundo a fim de que lhes pudesse confiar
um sagrado deposito. Deles fizera os guardas de Sua lei, e propunha-
Se, por meio deles, conservar entre os homens o Seu conhecimento.
Assim a luz do Ceu resplandeceria a um mundo rodeado de trevas, e
ouvir-se-ia uma voz apelando para todos os povos para voltarem de
sua idolatria a fim de servirem ao Deus vivo. Se os israelitas fossem
fieis ao seu encargo, tornar-se-iam um poder no mundo. Deus seria
a sua defesa, e Ele os elevaria acima de todas as outras nacoes. Sua
luz e verdade seriam reveladas por meio deles, e achar-se-iam sob o
Seu governo sabio e santo, como um exemplo da superioridade de
[223] Seu culto sobre toda a forma de idolatria.
Fontes Externas:
Patriarcas e Profetas
Talmude

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