Ki Tissá (Então Levarás)
Ex. 30:11-34:35
1Re. 18:1-39
1 Co. 8: 4-13
Shabat Parah (Shabat Parah ("Sábado [da] novilha
vermelha ") ocorre antes da Páscoa . Números 19:1-22 descreve a adumah
Pará (" novilha vermelha ") no templo judeu, como parte da maneira
pela qual o kohanim e do povo judeu se purificaram a fim de que eles estariam
prontos ("puro") para o sacrifício korban Pessach )* Vide final do estudo,
explicação.
A Parashat Ki Tissá
Resumida
D'us descreve a Moshê o kiyor de cobre
(lavatório e base) na qual os Cohanim santificarão suas mãos e pés antes de
servirem no Mishcan. É também discutido o azeite para unção que seria usado
para santificar os vários utensílios para uso normal. A isso segue-se a receita
para o ketoret, insenso aromático a ser queimado duas vezes ao dia. D'us
designa Betsalel, da tribo de Yehudá, e Oholiyav, da tribo de Dan, a
supervisionar a construção do Mishcan que está para ser iniciada. A mitsvá do
Shabat é então repetida para advertir a nação de que mesmo a construção do
Mishcan não suplanta a observância do dia semanal de descanso.
A Torá retorna à narrativa da Revelação
no Monte Sinai, e descreve o terrível pecado do bezerro de ouro. D'us acede às
preces de Moshê para que os filhos de Israel sejam poupados da aniquilação por
sua grave transgressão, e Moshê desce da montanha com as duas Tábuas dos Dez
Mandamentos.
Ao testemunhar uma parcela da população
dançando ao redor do Bezerro de Ouro, Moshê quebra as Tábuas e queima o ídolo,
iniciando o processo de arrependimento. Como resultado da queda do povo de seu
patamar espiritual elevado, D'us anuncia que Sua presença não pode residir
entre eles.
Moshê é forçado a mudar temporariamente
a tenda para fora do acampamento, para que D'us continue a se comunicar com
ele. Moshê novamente sobe à montanha para rezar a D'us para que perdoe o povo
judeu, e lhes devolva o status de povo escolhido. Moshê finalmente retorna com
o segundo conjunto de tábuas e um pacto renovado com D'us; sua face aparece
resplandecente como resultado da revelação Divina.
A Contagem do Povo de Israel
Após o pecado do bezerro de ouro, o povo judeu é contado. D'us
ordenou a Moshê que contasse o povo de Israel.
A mitsvá de contá-los foi, na verdade, dada a Moshê mais tarde,
após o pecado do bezerro de ouro. No entanto, é recordada na Torá antes da
narrativa do pecado.
Muitos judeus morreram na praga ocorrida logo após o pecado do
bezerro de ouro e D'us queria determinar o número dos sobreviventes.
Um fazendeiro apreciava muito o seu bem cuidado e maravilhoso
rebanho. Porém, um dia, uma peste atingiu as ovelhas e muitas delas pereceram.
Depois da devastação ter se aplacado, o proprietário ordenou aos seus pastores:
"Contem minhas ovelhas para ver quantas sobreviveram!"
Apesar de que D'us certamente sabia o número de sobreviventes e
portanto não precisava de um censo, Ele estabeleceu a mitsvá (preceito) para o
benefício do povo judeu.
Após o pecado do bezerro de ouro, os povos zombaram: "Vejam
esta nação que, quarenta dias após terem pronunciado 'faremos e ouviremos,' no
monte Sinai, fabricaram um bezerro de ouro! Seu pecado é imperdoável; D'us
nunca mais os aceitará como Seu povo!"
Para refutar esta afirmação, D'us ordenou: "Contem as cabeças
do povo de Israel!" D'us empregou a palavra 'seú', que significa também
"Levante as cabeças!" Ele explicou a Moshê que através da
contribuição de uma moeda para o tesouro do Tabernáculo (através das quais eles
seriam contados), os judeus resgatariam suas vidas, que foram perdidas no
pecado do bezerro de ouro. Assim, o procedimento de contagem mediante moedas
doadas "levantaria suas cabeças" - isto é, concederia a eles o perdão
pelo pecado.
Quando Moshê ouviu as ordens de D'us, ficou apreensivo, achando
que cada judeu teria de contribuir com uma moeda muito valiosa.
"Não é como você pensa, Moshê", D'us assegurou-lhe.
"Vocês não terão que Me pagar com moedas que valem cem, cinqüenta, nem
mesmo trinta pedaços de prata. Tudo o que peço de cada judeu é que doe uma
pequena moeda que valha meio-shekel!"
D'us produziu uma moeda de meio-shekel, demonstrando a Moshê seu
tamanho e sua forma, instruindo-o: "Este é o tipo de moeda que eles devem
dar!"
As moedas de meio-shekel deste censo foram fundidas e moldadas
como encaixes, que foram usados para suportar as vigas do Tabernáculo.
A doação de meio-shekel de cada judeu não foi uma mitsvá
instituída unicamente para aquela vez, em consequência do pecado, mas sim, foi
estabelecido como uma doação anual permanente. Destas coletas eram comprados os
animais para as oferendas da comunidade, para que todo o povo de Israel pudesse
ter uma parte nelas.
Quando o Templo Sagrado existia, era realizada uma proclamação a
cada ano no primeiro dia de Adar em todas as cidades de Israel, recordando a
todos para que preparassem um meio-shekel para o Templo Sagrado. A coleta em si
ocorria entre 1 de Adar e 1 de Nissan.
Por que o mês de Adar foi escolhido como época de coleta dos
shekalim do povo de Israel?
D'us previu que o malvado Haman daria para o rei Achashverosh dez
mil kikar de prata em troca da permissão para exterminar os judeus em Adar.
Disse D'us: "Que as doações dos Meus filhos precedam-no, para que sejam
salvos das mãos dele."
Os shekalim atendiam a dois propósitos: como renda para o
Tabernáculo e o Templo Sagrado, e como meio de fazer o censo, pois D'us proibiu
contar os judeus diretamente, dizendo a Moshê: "Não conte o povo de Israel
diretamente, pois a bênção Divina não paira sobre algo que foi contado ou
medido."
Quando os reis judeus costumavam fazer o censo da população, cuidavam
para não transgredir a proibição de contar pessoas diretamente. O rei Shaul, no
começo do seu reinado, quando eram pobres, contou o povo através de pedrinhas.
Mais tarde, quando o reinado tornou-se rico, foram substituídas por uma ovelha
por cada judeu.
A Ordem de fazer um Lavatório
D'us ordenou que uma grande pia especial de cobre com bicos
(kiyor) fosse construída e colocada no pátio do Tabernáculo, entre o Ohel Moed
(Côdesh) e o altar exterior. Este lavatório era enchido com água a cada manhã
para que os cohanim pudessem abluir suas mãos e seus pés antes de iniciar o
serviço Divino. Por que D'us ordenou aos cohanim que lavassem mãos e pés antes
de iniciar seu trabalho no Santuário?
Poderíamos responder que D'us queria assegurar-se de que suas mãos
e pés estivessem limpos. Esta explicação é verdadeira, mas também existe uma
razão mais profunda para esta ordem.
Ao verter água de uma vasilha sagrada sobre suas mãos e pés antes
do serviço Divino, tais partes do corpo se santificavam.
Será que não era necessário santificar também o resto do corpo? O
corpo dos cohanim já se tornavam sagrados ao vestirem suas roupas sacerdotais.
A água, então era utilizada para santificar mãos e pés que ficavam descobertos.
A Ordem de Preparar o Óleo para Unção e o Incenso
O óleo para unção foi preparado por Moshê da seguinte maneira:
D'us ditou para ele a lista de especiarias, especificando seu peso e volume.
Cada especiaria foi moída separadamente. Então, as especiarias foram misturadas
e socadas em água para que o seu aroma fosse absorvido pela água. Óleo de oliva
era adicionado à água e a mistura era fervida até que a água evaporasse e
somente sobrasse óleo perfumado. Aquele óleo, (o óleo para unção) foi
preservado num frasco para ser usado na unção dos Sumo Sacerdotes e reis da
dinastia de David. Na consagração do Tabernáculo, todos os seus utensílios
também foram ungidos com este óleo.
Apesar de Moshê ter preparado somente a quantidade de pouco mais
de quatro litros, esta quantidade milagrosamente foi o suficiente para todas as
próximas gerações. Este mesmo óleo ainda foi usado na época do segundo Templo
Sagrado. O frasco contendo o óleo foi ocultado na época da destruição do
Templo. Ele nos será devolvido na era de Mashiach.
Moshê preparou o incenso, misturando onze das melhores
especiarias, apontadas por D'us. Somente uma dentre as especiarias emitia um
odor repulsivo. D'us queria ensinar aos judeus que deveriam incluir igualmente
os indivíduos transgressores em momentos de jejuns e orações comunitários.
As especiarias deveriam ser moídas, misturadas e um punhado delas
era queimado diariamente no altar de incenso.
Era proibido produzir uma mistura de especiarias nas mesmas exatas
proporções do incenso, se a mistura fosse destinada para uso particular.
Betsal'el é Designado Construtor do Tabernáculo
Betsal'el é designado construtor do Tabernáculo e Aholiav, seu
assistente
Quando Moshê, foi informado da futura construção do Tabernáculo,
durante sua estadia no Céu, este tinha a impressão de que teria que construí-lo
com suas próprias mãos. Quando ele estava prestes a deixar o Campo Celestial,
D'us revelou-lhe: "Apesar de ter lhe apresentado o diagrama do Tabernáculo
e a estrutura de todos os seus componentes, não és o artesão que o construirá.
Teu papel é de ser um líder e não um artífice!"
"Quem será o construtor do Tabernáculo?" perguntou
Moshê.
"Betsal'el filho de Uri, filho de Chur, foi designado para
esta tarefa", informou D'us.
Betsal'el era o neto de Chur, que foi assassinado durante o
incidente envolvendo o pecado do bezerro de ouro (como veremos adiante). A
construção do Tabernáculo através do neto de Chur serviu como perdão pelo
linchamento de Chur. Betsal'el era o bisneto de Miriam, irmã de Moshê. Ela foi
recompensada com um descendente sábio e entendedor, que sabia como construir o
Tabernáculo, em mérito do temor a D'us que a levou a prontificar-se a
desobedecer a ordem do Faraó de assassinar os judeus recém-nascidos quando
trabalhava como parteira no Egito.
Naquele tempo, Betsal'el tinha somente treze anos de idade. Por
isso, Moshê perguntava-se como alguém tão jovem poderia receber a imensa tarefa
de erigir um Tabernáculo.
De acordo com a regra de que é correto consultar a comunidade
antes de lhe nomear um líder, D'us perguntou para Moshê: "Será que
Betsal'el lhe parece digno para este encargo?"
"Se ele é digno aos Teus olhos", replicou Moshê,
"certamente o é aos meus."
Quando, mais tarde, Moshê apresentou Betsal'el para o povo como o
arquiteto do Tabernáculo, ele por sua vez perguntou ao povo: "Vocês
concordam com o fato de Betsal'el ser o construtor?"
"Se ele é digno aos olhos de D'us e aos seus", replicou
o povo judeu, "certamente o é aos nossos."
Betsal'el foi inspirado com sabedoria Divina e compreensão para
ser capaz de ser bem sucedido nesta missão.
Assim como foi mostrada a Moshê uma visão da estrutura detalhada
de cada utensílio do Tabernáculo, assim também foi concedida a Betsal'el uma
visão Celestial da forma e desenho de cada objeto.
Betsal'el era um fiel artífice, que se empenhou em seguir à risca
as instruções Divinas. Por isso a Torá o recompensou, anexando seu nome a cada
um dos objetos do Tabernáculo citados na parashá.
Moshê ordenou a Betsal'el: "Primeiramente construa a arca,
depois os outros utensílios, e finalmente a tenda do Tabernáculo."
"Meu mestre, Moshê", objetou Betsal'el, "ao
construir uma casa, será que não se constrói primeiramente a estrutura externa
para abrigar sua mobília? Se eu construir a arca primeiro, onde é que a
colocarei, depois de ficar pronta? Será que D'us não lhe disse para primeiro
construir o próprio Tabernáculo, e só depois a arca e os outros
acessórios?"
"Você tem razão", admitiu Moshê. "Você pode ser
denominado como aquele que esta na sombra de D'us, pois possui a sabedoria para
compreender o significado secreto das Suas palavras."
Daí o nome "Betsal'el", composto pelas palavras
"Betsel E-l - aquele que estava na sombra do Altíssimo."
D'us ordenou a Moshê para nomear Aholiav da tribo de Dan como
assistente de Betsal'el. Aholiav não fazia nenhum trabalho independente, mas
ajudava Betsal'el em cada fase da construção. D'us juntou como artesãos
Betsal'el, membro da tribo de Yehudá, e Aholiav, da tribo de Dan. Yehudá era o
mais exaltado dos filhos de Yaacov e Dan era o menos importante. Juntando-os,
D'us quis dizer aos judeus que, aos Seus olhos, o grande e o pequeno são
iguais.
Uma pessoa menos capaz que serve D'us com todo seu potencial é
considerada no mesmo nível que uma pessoa privilegiada, pois D'us julga um
homem de acordo com as intenções do seu coração.
D'us adverte Moshê que os judeus não devem violar o Shabat para
construir o Tabernáculo
D'us advertiu Moshê: "Os judeus podem pensar que a construção
do Tabernáculo é uma mitsvá tão importante que devem continuar construindo no
Shabat. Porém, isto é proibido. Advirta-os que qualquer trabalho necessário
para construir o Tabernáculo não poderá ser realizado no Shabat. Os judeus
devem guardar a santidade do dia e abster-se de trabalhar, agora e para sempre.
O dia de Shabat é um sinal entre Eu e o povo judeu de que são Meu Povo."
A mitsvá de Shabat é tão importante que se todos os judeus
guardassem dois Shabat com todas as leis correspondentes, Mashiach viria de
imediato! *(Opinião rabínica)
Depois de Quarenta Dias no Céu, Moshê Recebe duas tábuas de Safira
Depois do recebimento da Torá, Moshê permaneceu no Céu durante
quarenta dias estudando a Torá diretamente de D'us.
Ao cabo dos quarenta dias, D'us deu a Moshê duas tábuas de safira
de tamanho e forma idênticas. Nelas, D'us gravara os Dez Mandamentos.
Por que o povo de Israel recebeu os Dez Mandamentos inscritos em
tábuas, em vez de um pergaminho Divino contendo toda a Torá?
Quando uma pequena criança começa a escola, o professor lhe
apresenta o alfabeto escrevendo as letras no quadro negro. Somente mais tarde,
quando o alfabeto já lhe for familiar, receberá livros para estudar.
D'us introduziu os judeus à Torá primeiramente pondo-os a par dos
Dez Mandamentos (que contêm os conceitos básicos da Torá), e somente mais tarde
foi-lhes dado um pergaminho de Torá inteiro.
Em vez de inscrever todos os Dez Mandamentos em uma só tábua, D'us
escreveu-os em duas tábuas separadas. A primeira tábua continha os mandamentos
envolvendo o homem e seu Criador, e a segunda tábua lidava com os mandamentos
ligados à relação do homem com o seu próximo.
As letras não eram gravadas superficialmente sobre as tábuas, mas
foram talhadas através de toda a espessura da pedra. Isso, para que fosse
possível ler pelos dois lados. As letras hebraicas Mem (final) e Samech formam
um quadrado e um círculo completos, respectivamente. Já que suas porções
internas não tinham nenhuma sustentação, poderiam cair. No entanto, elas
permaneciam em seu lugar milagrosamente.
O Pecado do Bezerro de Ouro
Antes de subir ao Céu para receber as tábuas, Moshê assegurou ao
povo: "Eu retornarei dentro de quarenta dias, antes do meio-dia."
Entrementes, ele apontou seu irmão Aharon e o filho de Miriam, Chur, para
encarregarem-se do povo de Israel.
Agora já era o décimo-sexto dia de Tamuz, o último dos quarenta
dias, e o meio-dia já havia passado. Onde Moshê poderia estar?
De acordo com os cálculos do povo, os quarenta dias já haviam
passado. Eles incluíram, erroneamente, na sua contagem o dia da partida de
Moshê. Na verdade, porém, ele deveria regressar somente no dia seguinte.
O povo judeu, um povo formado por seiscentos mil homens, sem
contar mulheres, crianças e bebês, encontraram-se no enorme e terrível deserto,
habitat de animais ferozes, cobras e escorpiões, sem o seu grande líder que
servia de ligação entre eles e D'us.
O Satan apareceu perante o povo, inquirindo: "Onde está
Moshê?"
"Está no Céu", respondeu o povo judeu.
"Mas o meio dia já passou e ele ainda não regressou",
desafiou-os. Suas palavras foram ignoradas.
"Moshê faleceu!" zombou o Satan. O povo, porém, não deu
atenção as suas palavras.
O Satan começou então a lhes mostrar visões terríveis, fazendo
aparecer o caixão de Moshê. O povo judeu viu o corpo de Moshê suspenso entre o
Céu e a Terra. Era uma imagem tão nítida e real que eram capazes de apontar
para ela com seus dedos.
A explicação verdadeira para aquela visão foi que Moshê, como
resultado de sua estadia no Céu, foi transformado em um ser espiritual. O Satan
mostrou para o povo a vestimenta física da qual havia se despido.
Então exclamaram: "Quem sabe se Moshê retornará? D'us pode
tê-lo feito permanecer no Céu para engajar-se em discussões de Torá com ele, ou
talvez os anjos o mataram!"
Os egípcios convertidos aproximaram-se de Aharon, Chur e dos
setenta anciãos, reivindicando: "Já que Moshê desapareceu nas alturas, a
congregação inteira está destinada a morrer! Dê-nos um substituto!"
A maioria dos membros do povo de Israel não tencionava usar a
imagem como ídolo. Supunham que a Shechiná (Divindade) pousaria na imagem, e
que esta os ajudaria a aproximar-se de D'us, assim como Moshê sempre se
acercara deles. Porém, foi um erro. Nos Dez Mandamentos, D'us ordenou:
"Não se pode venerar imagens" nem mesmo com o propósito de servir
D'us.
"Queremos um líder que nos garantirá um status igual ao dos
judeus de nascença!"
Chur, o filho de Miriam e sobrinho de Moshê e Aharon, ficou de pé
e exclamou: "Será que esta é a gratidão que possuem por todos os milagres
que D'us realizou para vocês? Apenas por que Moshê não está aqui desejam fazer
esta imagem? Moshê voltará! Mas mesmo que não volte, não lhes está permitido
fazer imagens! Não os deixarei fazê-la!"
"Seus pescoços deveriam ser cortados por uma exigência como
essa!", trovejou.
Chur explicou para o povo que era desnecessário procurar por algo
no qual a presença Divina pairasse, pois o povo de Israel, diferentemente de
todas as outras nações, eram guiados pessoalmente por D'us.
O povo se agitou ante as palavras de Chur. Alguns começaram a
lutar com ele, e finalmente o mataram.
D'us disse: "Chur, destes a vida para santificar Meu nome.
Mereces uma grande recompensa por isso! Teus filhos serão grandes homens e
príncipes do povo judeu."
E assim aconteceu. O neto de Chur, Betsal'el, foi designado
construtor do Tabernáculo, e dentre seus descendentes estavam o rei David e
outros reis.
Os convertidos egípcios viraram-se para os anciãos, exigindo um
novo líder, porém estes negaram.
Os convertidos egípcios finalmente foram ter com Aharon, exigindo:
"Dê-nos um líder, pois nós não sabemos o que aconteceu com este homem,
Moshê!"
Aharon se encontrava em posição difícil. Se dissesse: "Não
posso permitir", como Chur o fizera, alguns da turba poderiam matá-lo
também. Aharon raciocinou: "Se eles me assassinarem também, não terão
perdão pelo seu crime. O pecado de fabricar uma imagem é menor se comparado com
um crime tão hediondo!"
Se Aharon não ficasse à frente do povo, as coisas poderiam ficar
piores.
Portanto, pois, que Aharon decidiu: "Não me resta outro
remédio: É melhor aceitar. Porém demorarei muito para fazer uma imagem. Espero
que Moshê volte antes de terminar."
D'us sabia que Aharon consentiu porque, graças ao seu grande amor
para o povo de Israel, queria salvá-los da destruição.
Para protelar e atrasar o plano, Aharon ordenou: "Tragam-me
os brincos de suas esposas e crianças." Ele presumiu que as mulheres
relutariam em compartilhar suas jóias. Poderiam surgir discussões entre marido
e mulher, e com isto, tempo precioso seria ganho.
As mulheres, realmente, recusaram-se a compartilhar as suas jóias,
não por estarem ligadas a elas, mas porque recusaram-se a dedicá-las para a
formação de uma imagem.
Sua fidelidade a D'us foi recompensada; as mulheres receberam o
Rosh Chôdesh como um dia festivo especial para si mesmas, para ser celebrado
por elas através das gerações.
É costume das mulheres absterem-se de trabalho específicos em Rosh
Chôdesh, como lavar roupas e costurar.
Fora as mulheres, toda a tribo de Levi absteu-se de contribuir com
qualquer ouro para fazer o bezerro, e assim também fizeram os líderes das
tribos e os justos do povo de Israel.
Apesar da recusa das mulheres, o plano de Aharon falhou porque os
homens estavam ávidos em contribuir com ouro. Eles arrancaram os brincos
rapidamente e Aharon jogou o ouro no fogo para derretê-lo e mais tarde moldá-lo
e esculpi-lo com uma ferramenta. (Aharon usou o processo mais lento possível
para a formação do metal, esculpindo-o com uma ferramenta em vez de colocá-lo
num molde.)
Agora os magos egípcios se puseram a trabalhar. Com sua magia,
converteram a imagem em um bezerro. Subseqüentemente, um bezerro vivo emergiu
do fogo, balindo e andando.
Apontando para ele, os egípcios convertidos gritaram: "Estes
são os seus deuses, Israel, que os tiraram do Egito!"
As reações do povo de Israel diante do bezerro foram variadas.
Alguns consideraram-no um intermediário sobre o qual a presença Divina
pairaria. Outros tiveram a intenção de servir o próprio bezerro. Alguns o
acolheram como uma oportunidade de abandonar a estrita disciplina moral da Torá
e usar esta imagem como um pretexto para licenciosidade.
O povo quis construir um altar no qual oferendas poderiam ser
sacrificadas, e tinham a intenção de rezar para D'us pedindo que um fogo
Celestial descesse sobre ele. Aharon, porém, exigiu que a construção do altar
fosse deixada a cargo dele, proclamando: "Será uma honra maior para o
altar se eu construí-lo sozinho!" Na verdade, seus pensamentos eram:
"Se eles o construírem, cada um trará uma pedra e ele logo ficará pronto.
Eu, porém, demorarei na sua construção até o anoitecer, para que nenhum
sacrifício seja oferecido até amanhã. Até lá, Moshê já terá retornado!"
Ele concordou em construir este altar pois preferia ser
pessoalmente culpado a deixar que o povo judeu fosse punido mais tarde pelo
pecado de construí-lo.
Aharon declarou numa voz triste: "Amanhã terá um festival para
D'us!" Ele frisou claramente que o festival era em honra de D'us, e não do
bezerro.
Na manhã seguinte, os egípcios convertidos despertaram cedo.
Beberam vinho, e naquele estado de intoxicação, serviram ao bezerro como se
fosse um deus, oferecendo-lhe a maná que caíra naquele dia. Assim, eles
contrariaram o Altíssimo com a maior bondade que Ele lhes outorgara.
(Isto não nos surpreenderá se considerarmos que nós,
freqüentemente, agimos desta mesma maneira incongruente, ao empregarmos nosso
cérebro e membros, ambos presentes Divinos, para desafiar a Sua vontade.)
Ao mesmo tempo em que o povo estava praticando idolatria, D'us,
nos Céus, estava ocupado gravando os Dez Mandamentos para eles nas duas tábuas
de safira, como um presente para o Seu povo, que garantiria a eles vida eterna.
Os egípcios convertidos induziram os primogênitos do povo judeu a
também fazer sacrifícios para o bezerro. Os primogênitos, por causa disso,
perderam seu direito de realizar o serviço Divino. Este privilégio foi
transferido para a tribo de Levi.
A idolatria do bezerro levou à libertinagem e obscenidade.
Apesar de que foram os egípcios convertidos quem idolatraram o
bezerro, todo o povo de Israel foi incluído no veredicto culposo de D'us, já
que eles fracassaram em protestar contra os pecadores.
D'us poderia ter destruído todo o povo de Israel nesta ocasião, se
não fosse a memória de Avraham, Yitschac e Yaacov.
A Defesa de Moshê em Nome do Povo de Israel
Após o pecado do bezerro de ouro, D'us dirigiu-se a Moshê, no Céu,
com duras palavras: "Desça!", ordenou, "Não podes mais manter
sua posição exaltada como um líder! Eu te elevei em honra do Meu povo. Eles, no
entanto, pecaram quarenta dias depois da outorga da Torá. Quão desventurada é a
noiva que se corrompe quando ainda debaixo do pálio nupcial (chupá)!"
Esta reprovação baqueou Moshê; seu rosto anuviou-se. Ele queria
deixar os Céus, mas estava tão atordoado em detrimento de sua preocupação pelo
povo, que foi incapaz de achar a saída, andando às cegas.
D'us censurou-o, dizendo: "Quando o povo de Israel partiu do
Egito, quiseste que os egípcios convertidos viessem junto. Eu Me opus, mas és
bom e modesto e imploraste para que os aceitasse, apesar de serem indignos.
Agora estas pessoas fabricaram o bezerro de Ouro e induziram o povo ao
pecado!"
"Pode ser que fizeram um bezerro", disse Moshê,
"mas eles certamente não se curvaram perante ele!"
"Eles se curvaram", disse D'us.
"Então eles podem ter se curvado, sem ter oferecido
nada", persistiu Moshê.
"Eles sacrificaram oferendas", disse-lhe D'us.
"Neste caso, eles não o devem ter aceito como uma
divindade", argumentou Moshê.
"Os egípcios convertidos disseram 'Estes são seus deuses,
Israel!'", contradisse D'us.
Moshê ficou chocado com esta revelação. Frente a notícias tão
arrasadoras, perdeu a fala.
Foi o próprio D'us Que indicou a Moshê como proceder, através de
uma reprimenda: "Deixe-Me em paz, e Eu os destruirei!" Destas
palavras, "Deixe-Me em paz", (apesar de que Moshê ainda não
pronunciara sequer uma palavra em prol do povo), Moshê compreendeu que deveria
rogar pelo povo de Israel.
D'us lhe disse: "Eles merecem destruição; cheguei à conclusão
que eles são obstinados!"
D'us ofereceu para fazer de Moshê um grande povo, no lugar do povo
de Israel, que seria destruído.
A razão pela qual D'us jogou acusações severas e ameaças contra o
povo de Israel, foi com o intuito de despertar Moshê para rezar mais
sinceramente em prol deles. De fato, Moshê apresentou uma defesa de mestre para
o povo de Israel e seus argumentos conseguiram o nosso perdão e nossa proteção
até os dias de hoje.
"Por favor, D'us" rogou Moshê, "não fiques tão
aborrecido com Teu povo! Se o destruíres, os egípcios afirmarão: 'Tínhamos
razão! Sempre predissemos que D'us não poderia manter vivo um povo num deserto
solitário e temível, sem comida nem bebida. Desde o princípio, sabíamos que
todos morreriam ali. Quando D'us viu que não tinha condições de manter os
judeus vivos e de guiá-los a Israel, matou-os todos no deserto!' Que terrível
profanação do nome Divino seria todas as nações acreditarem que Tu, D'us, não
és suficientemente poderoso para conduzir os judeus à Terra de Israel e por
isso os eliminaste. Não permitas que as nações afirmem isso!
"Ademais, mesmo que os judeus tenham pecado, acaso não
merecem viver pelo mérito de seus antepassados - Avraham, Yitschac e Yaacov?
Tu, D'us, prometeste aos antepassados que seus descendentes seriam tão
numerosos como as estrelas!
"Sei que os judeus transgrediram um dos Dez Mandamentos ao
fazerem uma imagem, mas lembra-Te que puseste Avraham à prova dez vezes e ele
passou por todas. Permitas, pois, que o mérito de Avraham proteja os judeus
agora. E se Tu pensas que os judeus merecem ser queimados por seus pecados,
recorda que Avraham estava disposto a deixar-se queimar em uma fornalha por amor
a Ti. Salva, pois, os judeus de serem queimados pelo mérito de Avraham.
"Se pensas que o povo judeu merece ser morto pela espada,
pensa no mérito de Yitschac. Yitschac permitiu que seu pai o amarrasse ao altar
no monte de Moriyá e estava disposto a ser sacrificado com uma faca. Deixa,
pois, que o mérito de Yitschac salve os judeus! E se desejas castigar o povo
judeu fazendo-o perambular por terras estranhas, recorda o mérito de seu
antepassado, Yaacov, o justo que perambulou por vários países. Perdoa os judeus
pelo mérito de Yaacov."
Moshê recusou a oferta de D'us para ele ser o patriarca de uma
nova nação judia, discutindo: "Mestre do Universo, se uma cadeira com três
pernas balança, como pode uma cadeira de uma só perna permanecer de pé? Se os
méritos dos seus três patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov foram
insuficientes para salvar o povo judeu da Tua ira, como posso eu, um só homem,
esperar que os proteja? Se os meus descendentes pecarem no futuro, meu mérito
certamente não será o suficiente para salvá-los da morte! Mais ainda, não posso
aceitar a Tua proposta, pois terei vergonha de Avraham, Yitschac e Yaacov. Eles
poderão pensar: 'Que líder de comunidade egoísta! Ele aproveita a situação para
elevar a si mesmo em vez de implorar pelo perdão de sua comunidade!' Desista de
levar em frente Teu plano de extermínio!"
Através de suas preces, Moshê salvou o povo da destruição
iminente, mas ele desceu dos Céus sem ainda ter obtido perdão.
Somente mais tarde, depois da destruição do bezerro, punição dos pecadores
e mais outros quarenta dias de orações passados por Moshê no Céu, é que D'us
perdoaria o povo.
Moshê deixou o Céu em estado de terror, carregando em uma só mão
as maravilhosas tábuas de safira que, apesar do seu tremendo peso, eram leves
em sua mão, pois transportavam-se a si mesmas.
Moshê Quebra as Tábuas
Ao retornar ao pé da montanha, Moshê encontrou seu fiel discípulo
Yehoshua acampado lá. Yehoshua lá esperara por ele durante quarenta dias. D'us
fez um milagre especial pelo justo Yehoshua e todas as manhãs caía maná do céu
no lugar onde ele aguardava.
Juntos, aproximaram-se do acampamento e ouviram os ruídos
tumultuados e barulhentos das celebrações à volta do bezerro.
"Estes sons parecem o clamor de uma guerra", observou
Yehoshua.
"Você está me desapontando, Yehoshua.", respondeu-lhe
Moshê. "Você não é capaz de distinguir entre um som e outro? Este não é
grito de vitória, tampouco de derrota. Nós estamos ouvindo hinos de
enaltecimento para um ídolo!"
Ao entrar no acampamento, eles avistaram o bezerro de ouro e a
celebração e as danças que o acompanhavam. "Não posso outorgar-lhes as
tábuas", pensou Moshê. "A Torá afirma que alguém que renega D'us não
pode tomar parte na mitsvá da oferenda de Pêssach. Todo o povo afastou-se agora
de D'us, e o renegaram. Certamente, não merecem receber as tábuas, que contém
todas as mitsvot."
Ao olhar para as tábuas, Moshê notou que a escrita gravada nelas
desaparecera. Percebeu que as letras - a alma e o conteúdo espiritual das
tábuas - estavam voando pelo ar. A santidade das letras não podia entrar no
acampamento. As tábuas que estavam nas mãos de Moshê eram meras pedras,
pesadas, sem vida. Moshê levantou-as e, com sua força descomunal, espatifou-as
de encontro ao chão.
Por que Moshê agiu desta maneira? Ele temia que o julgamento do
povo de Israel seria mais duro se eles possuíssem as tábuas. Se não as
tivessem, sua punição seria mais branda.
Pouco depois do casamento de um famoso estadista, começaram a
circular rumores de que sua nova esposa não lhe era fiel. O casamenteiro
imediatamente rasgou o contrato de casamento, pensando: "É melhor para ela
que seja julgada como se ainda fosse solteira, do que como uma senhora
casada!"
Similarmente, Moshê raciocinou que as tábuas, que estabeleciam
permanentemente o elo entre D'us e o povo de Israel, os colocaria numa posição
de mulher casada. D'us condenaria sua falta de fidelidade muito mais se eles
possuíssem as tábuas, do que se nunca as tivessem recebido.
Por que Moshê não espatifou as tábuas assim que D'us lhe contou,
lá no Céu, que os judeus fizeram uma imagem? Moshê esperou até testemunhar o
crime realmente, para ensinar que um juiz nunca deve basear o seu veredicto no
relatório de uma só testemunha, seja esta tão fiel quanto possa ser.
D'us parabenizou o ato de Moshê, exclamando: "Yasher Côach!
Você fez bem em quebrar as tábuas!"
A quebra das tábuas foi um substituto para a quebra do povo judeu.
Moshê Pune os Adoradores do Bezerro
Quando Moshê observou o povo, percebeu que a Presença Divina os
havia deixado. Todos os adoradores tinham suas testas cobertas por lepra.
No momento que Moshê entrou no acampamento, seu irmão Aharon
estava parado próximo do bezerro com um martelo levantado em sua mão, pronto
para dar o retoque final na imagem, com mais algumas batidas. Sua intenção era
de dizer ao povo que o bezerro ainda não estava pronto, impedindo-os assim de
adorá-lo naquela hora. No entanto, vendo seu irmão parado com uma ferramenta,
ajudando a construir a imagem, Moshê entendeu a situação erroneamente, sua
cólera se ascendeu contra seu próprio irmão.
"O que este povo te fez", trovejou Moshê, "para que
você trouxesse este grande pecado sobre eles?"
Aharon se defendeu: "Por favor, que a ira do meu mestre não
seja direcionada a mim. Sabes que os elementos mais baixos do povo têm testado
D'us constantemente. Eles exigiram que eu lhes desse alguém que o substituísse,
sem saber que ainda estavas vivo. Perguntei se alguém tinha ouro, e eles
rapidamente me trouxeram todo o ouro que estava em sua posse e joguei-o dentro
do fogo - como é que eu iria saber que sairia este bezerro?"
Apesar de Aharon ter agido da maneira errada, Moshê compreendeu as
nobres intenções do seu irmão.
Em seguida, Moshê queima o bezerro no fogo e o tritura até
transforma-lo em pó. Moshê misturou o pó com água e o deu de beber a todos os
judeus.
Qual foi o sentido disso?
Em primeiro lugar, fez com que todo judeu que pensara que o
bezerro era um deus compreendesse que estava enganado. O bezerro não era um
deus, pois havia terminado no estômago de um homem!
Em segundo lugar, D'us fez um milagre com a água. Todo judeu que
havia servido o bezerro de ouro deliberadamente mas que não podia ser castigado
pelo tribunal, pois não havia sido avisado, nem tinha testemunhas que o
tivessem visto pecar, sentiu que o estômago se inflava como um balão. Continuou
crescendo e crescendo até explodir e ele morrer.
Mas os judeus que não tinham pecado não foram afetados pela água.
Àqueles que eram inocentes, Moshê deu uma bênção especial para compensá-los
pelo humilhante processo pelo qual tiveram que passar, prometendo: "Seus
filhos com certeza entrarão em Israel!"
Moshê proclamou: "Aquele cujo coração for totalmente dedicado
a D'us, que venha até mim!" Moshê precisava de pessoas íntegras e
capacitadas para formar um tribunal que executasse os pecadores.
Somente a tribo de Levi respondeu ao chamado de Moshê. Todas as
outras tribos tinham contribuído com jóias para o bezerro.
Moshê ordenou-lhes: "Desembainhem suas espadas. Todo judeu
que foi advertido por duas testemunhas para que não adorasse o bezerro de ouro
e que foi visto mais tarde por duas testemunhas a servir ao bezerro, deve ser
morto por vocês. Mesmo se o homem for seu parente ou amigo, devem
matá-lo!"
Os levitas executaram três mil pessoas com espadas, todos eles
egípcios convertidos.
O resto do povo de Israel podia facilmente ter impedido que os
levitas matassem esses judeus, mas nem um só deles protestou. Pois os judeus
eram verdadeiros justos que obedeciam a Moshê. Sabiam que estes mereciam ser
punidos desta forma pelo seu pecado, e aceitaram sem discussão.
Na manhã seguinte, Moshê informou o povo de que ele retornaria ao
céu para rogar a D'us que os perdoasse. Moshê, em sua grande sabedoria,
primeiramente eliminou o bezerro de ouro, e somente depois pediu Seu perdão.
Moshê raciocinou que seria inapropriado pedir a D'us por perdão
enquanto o bezerro ainda existisse.
"Antes vou destruí-lo", pensou, "e depois pedirei
perdão a D'us pelo pecado."
Para o povo ele disse: "Vocês agiram muito mal! Todos vocês
são culpados por não ter protestado contra o bezerro! Deixem-me retornar a
D'us; quem sabe alcançarei o perdão pelo vosso pecado!"
Moshê Salva o Povo de Israel da Destruição
No 19º dia de Tamuz, Moshê subiu ao Céu mais uma vez, lá
permanecendo por quarenta dias, até o dia 29 de Av, implorando perdão a D'us.
Ele rezou: "Mestre do Universo, o Senhor mesmo levou-os ao
pecado, já que os carregaste de ouro e prata durante o Êxodo do Egito. Um leão
só dá uma patada se uma bandeja cheia de carne for colocada ao seu lado."
Moshê, então, apresentou seus argumentos a favor do povo com tanta
intensidade que sentiu seu corpo todo ferver. Ele estava realmente doente de
preocupação pelo pecado do bezerro de ouro.
"Por que, D'us, Tua ira deve arder contra o Teu povo que
tiraste do Egito? Eles nunca tiveram a intenção de fazer do bezerro um ídolo;
eles o fizeram com o intuito de criar um intermediário sobre o qual Tua
presença pudesse pairar. Mesmo ao fazer o bezerro, eles não Te desprezaram;
eles queriam me substituir.
"Mais ainda, leve em consideração o fato de eles terem vivido
entre os egípcios, que eram idólatras."
Um pai decidiu que chegara a hora do seu filho começar a ganhar a
vida. Ele alugou uma loja em uma área nada respeitável e trouxe-lhe os produtos
necessários para que este se transformasse num vendedor de perfumes e
cosméticos. Ao indagar um pouco mais tarde sobre o bem-estar do seu filho, foi
informado de que este se associara com as libertinas da vizinhança. A ira do
pai não tinha limites. "Vou matá-lo por isso!", exclamou. Mas um amigo
da família rogou: "Como é que ele poderia ter se portado de outra maneira?
Ele é jovem e inexperiente. De todas as possíveis profissões, você escolheu
para ele a de um vendedor de perfumes e colocou-o num ambiente corrupto!"
Similarmente, Moshê implorou a D'us: "Não fique irado - Tu os
tiraste do Egito, uma terra onde todos adoravam cordeiros. Eles estavam
simplesmente imitando os costumes do Egito! Estão acostumados aos ritos daquele
país e ainda não se habituaram aos Teus caminhos! Espere um pouco, e eles com
certeza farão atos que serão agradáveis perante Ti!
"Se os destruir, os egípcios acreditarão que seus astrólogos
predisseram a verdade ao afirmar que o povo de Israel pereceria no deserto.
Deixe que a Tua cólera se extinga e revogue o decreto do Teu povo!"
Moshê estava pronto a perder a própria vida pelo povo, fazendo um
trato com D'us: "Se não perdoá-los, apague meu nome do Teu livro."
Finalmente, Moshê fez uso da mais poderosa arma de defesa, o
mérito dos patriarcas. Voltando-se em direção à caverna de Machpelá, exclamou
perante os patriarcas: "Ajudem-me nesta hora, quando seus filhos estão
prestes a serem abatidos como cordeiros!" Os patriarcas levantaram-se e
posicionaram-se diante dele.
Dirigindo-se a D'us, Moshê orou: "Lembre-se de Avraham, Yitschac
e Yaacov, Teus servos para os quais jurastes em Teu Sagrado Nome, 'Eu
multiplicarei sua semente como as estrelas do céu!' Lembre as doze tribos
sagradas, Teus servos, e salve o povo judeu em seu mérito!"
Ao cabo de quarenta dias de incessante oração, D'us finalmente
concordou em perdoar o povo de Israel - não em seu próprio mérito, mas por
conta dos seus antepassados. Disse D'us: "Levante-se e lidere o povo de
Israel até a Terra Santa! Meu anjo, e não Minha presença, irá à frente de vocês.
Decidi que, em vez de destruir o povo de Israel de uma vez, removerei os
efeitos do seu pecado gradualmente através das gerações. Sempre que cair uma
punição sobre o povo judeu por conta de seus pecados, incluirei nela um pouco
da punição pelo pecado do bezerro de ouro.
Após Moshê ter orado durante quarenta dias, D'us concordou em não
castigar o povo de Israel. Disse: "Ao invés de castigá-los, agregarei uma
pequena parte do castigo pelo pecado do bezerro de ouro a cada castigo que
impuser aos judeus no futuro."
Moshê, então, retornou ao seu povo. Apesar de ter evocado a
piedade Divina, salvando assim o povo da destruição, Moshê ainda não obteve
perdão pelo pecado.
Por que o Povo Judeu Cometeu o Pecado do Bezerro de Ouro
A grandeza da Geração do Deserto não pode ser subestimada. D'us a
escolheu dentre todas as outras para receber a Sua Torá, sabendo que eles eram
justos. Eram fortes em espírito e controlados em sua má inclinação.
Se é assim, por que é que eles tropeçaram no pecado do bezerro de
ouro? Por que D'us não os protegeu do pecado, como Ele usualmente procede com
os justos?
D'us permitiu que o pecado do bezerro acontecesse para servir como
sinal de esperança e encorajamento para os judeus no futuro. O incidente do
bezerro de ouro provaria que, não importa o quão distante uma comunidade se
desvie do caminho da Torá, nunca estará longe demais para fazer teshuvá. Se,
depois de um pecado tão grave como este, o povo judeu foi aceito novamente por
D'us, nenhuma comunidade poderá afirmar que caiu baixo demais para retornar a
D'us.
É preciso também ter em mente que o grau de dificuldade de um
teste é proporcional à grandeza da pessoa (ou da geração). Quanto maior for o
nível espiritual, mais severa será a provação: o povo judeu foi submetido a um
grande teste. Era exigido que abandonassem o raciocínio humano e que se
ativessem à palavra de D'us. (Eles foram testados para ver se colocariam sua fé
absoluta nas palavras do profeta de D'us, Moshê. Este prometera que retornaria,
portanto era esperado deles que acreditassem, apesar das suas razões lógicas
para assumir que Moshê não voltaria, tendo portanto uma justificativa visível
para procurar um substituto.)
A subseqüente condenação do pecado da geração por D'us era
relativa às suas grandes capacidades. D'us culpou toda a comunidade por não ter
protestado. Na verdade, somente os convertidos egípcios (três mil pessoas, ou
cinco por cento da população) serviu ativamente ao bezerro de ouro.
Depois do Pecado do Bezerro, Moshê Remove sua Tenda para Fora do
Acampamento
Depois do pecado do bezerro, ao ouvir que a presença Divina não
permaneceria mais no meio do povo para guiá-los, Moshê raciocinou: "O
discípulo deve seguir o exemplo do seu mestre. D'us está aborrecido com o povo
judeu, retirou-se do meio deles. Portanto, devo fazer o mesmo."
Ao deixar o acampamento, a presença Divina o seguiu e pairou sobre
a sua tenda. Todo aquele que solicitasse D'us deveria ir até a tenda de Moshê.
Sempre que Moshê saía de sua tenda, o povo se levantava em respeito a ele,
exclamando, admirados: "Vejam este grande homem que tem a garantia de que,
aonde quer que ele vá, a presença Divina o seguirá!"
Sempre que o povo de Israel via a nuvem da presença Divina
descendo sobre a tenda de Moshê, ajoelhava-se perante ela. Depois que D'us
terminava de passar as instruções para Moshê, este retornava ao acampamento
para transmiti-las aos anciãos.
Pela maneira deferente com a qual todo o povo se prostrava perante
a presença Divina, D'us viu o quanto almejavam o retorno da Sua presença. Por
isso, disse a Moshê: "Se tanto o mestre como o aluno demonstram sua cólera
para com o povo de Israel, como eles sobreviverão? Retorne ao
acampamento!"
"Não retornarei", redargüiu Moshê..
"Se é assim, seu discípulo Yehoshua irá substituí-lo!",
disse-lhe D'us.
"Sabes que a minha decepção com eles foi em Tua honra!",
replicou Moshê.
Mesmo assim, ele retornou ao acampamento, porém tentou revogar o
decreto Divino de que a Presença Divina não mais guiaria o povo de Israel.
"Não aceito Tua decisão de que um anjo nos guiará", disse para D'us.
"Se for assim, prefiro não sair mais daqui! Não prometeste guiar-nos
pessoalmente, apesar de saber do futuro pecado do bezerro? Como então podes
dizer agora que mandarás um mensageiro à nossa frente? Se nos tratas desta
maneira, não mais seremos distintos de todas as outras nações. Eles são guiados
por um anjo da guarda; agora Tu pretendes que nós também sejamos guiados por um
anjo? Como posso aceitar esta mudança de liderança?"
D'us concordou com o pedido de Moshê, demonstrando que um justo
possui a grandeza de anular um decreto Divino. D'us postergou Seu decreto de
mandar um anjo à frente do povo de Israel até a época do sucessor de Moshê,
Yehoshua.
Moshê Pede para Entender os Caminhos Divinos
Quando D'us aceitou a oração de Moshê, este percebeu que aquele
era um momento de benevolência Celestial. Por isso, aproveitou a oportunidade
para apresentar um pedido adicional a D'us:
"Por favor, mostre-me o plano segundo o qual Tu manipulas os
acontecimentos do mundo. Mostre-me a futura recompensa que está reservada para
os justos!"
"Saiba", disse D'us, "que nenhum olho humano, nem
mesmo o do maior profeta, pode contemplar a última recompensa do mundo
vindouro. Eu, porém, lhe demonstrarei uma fraca reflexão dos prazeres
espirituais do Paraíso. Enquanto Minha Glória passar, cobrir-te-ei com minha
nuvem. Você verá uma fração da Minha Glória, porém não poderá vê-la
inteiramente enquanto você estiver vivo."
Moshê teve uma visão dos diferentes tesouros reservados aos
justos. Eles passaram perante seus olhos. Finalmente, D'us lhe mostrou um
enorme tesouro.
"De quem é este?", perguntou Moshê.
"Este é o tesouro daqueles que não têm méritos, mas que lhes
outorgo Minha graça, já que sou piedoso."
Aquele tesouro era imenso, pois a maioria das pessoas não são
merecedoras da recompensa que D'us lhes outorga.
Moshê aprende de D'us as treze qualidades da misericórdia
Moshê disse a D'us: "Ensina-me a orar pelo povo de Israel
depois que pecam. Os judeus quase foram destruídos depois que fizeram o bezerro
de ouro. Quero saber qual é a melhor forma de despertar Tua misericórdia no
futuro."
D'us respondeu: "Ensinarei a ti Minhas qualidades de
misericórdia. Ensina-as aos judeus e diga-lhes: 'Quando invocarem Minhas treze
qualidades de misericórdia hei de perdoar vossos pecados e serei misericordioso
convosco.'"
Eis aqui o que D'us ensinou Moshê a orar:
"Ado-nai, Ado-nai E-l Rachum [ve]Chanun Êrech apáyim [ve]Rav
chêssed [ve]Emet, Notser chêssed laalafim, Nossê avon [va]Fêsha [ve]Chataá
[ve]Nakê"
Estas palavras significam:
1.Ado-nai - Sou um D'us misericordioso com as
pessoas antes que pequem (mesmo que saiba que logo pecarão).
2.Ado-nai - Sou igualmente misericordioso com as
pessoas depois de pecarem, se fizerem teshuvá (arrependimento).
3.E-l - Julgo a cada pessoa autenticamente.
4.Rachum - Sou misericordioso com os pobres e
oprimidos e os salvo de seus opressores.
5.Chanun - Sou generoso mesmo com aqueles que
não o merecem.
6.Êrech apáyim - Demoro a castigar, mesmo a um
malvado. Sou lento a castigá-lo pois lhe dou tempo para fazer teshuvá.
7.Rav chêssed - Minha qualidade de bondade é tão
grande, que posso salvar uma pessoa do castigo mesmo que seus pecados sejam
mais numerosos que seus méritos.
8.Emet - Pago a recompensa que prometi
àqueles que merecem.
9.Notser chêssed laalafim - Se uma pessoa cumpre uma mitsvá
recompenso seus filhos até duas mil gerações posteriores.
10.Nossê avon - Perdôo até uma pessoa que pecou
porque seu instinto mau o persuadiu a fazer o mal, se faz teshuvá.
11.Fêsha - Perdôo até uma pessoa que pecou com
a intenção de causar-me aborrecimento, se fizer teshuvá.
12.Chataá - E perdôo o pecado cometido
intencionalmente.
13.Nakê - Se um pecador faz teshuvá, suspendo
seu castigo e voltarei a ser bondoso com ele.
Além de ensinar a Moshê treze qualidades de misericórdia, D'us lhe
ordenou que repetisse ao povo judeu a advertência de não forjar imagens. Não
queria que voltassem a pecar como o haviam feito com o bezerro de ouro.
D'us também ensinou a Moshê mais leis sobre as festividades:
Pêssach, Shavuot e Sucot. E introduziu Rosh Hashaná e Yom Kipur, momentos de
julgamento e perdão. Advertiu Moshê: "O povo judeu guardará somente as
festividades de D'us e não estabelecerá suas próprias festividades como o fez
quando pecou com o bezerro de ouro."
Moshê Permanece no Céu para Receber as Segundas Tábuas
D'us ordenou a Moshê que esculpisse um segundo par de tábuas.
"Já que você quebrou as primeiras tábuas, é seu dever de esculpir as
novas.", disse-lhe D'us.
D'us lhe revelou uma jazida de safira dentro da terra abaixo de
sua tenda. Moshê usou aquela safira para esculpir as novas tábuas. D'us
presenteou Moshê com o material restante. Moshê ficou muito rico. Ele não
coletara nenhum dos despojos do Egito na hora do Êxodo; em vez disso, estava
ocupado localizando o caixão de Yossef e preparando-o para a jornada no
deserto. Por isso, agora foi recompensado por D'us com riquezas.
Moshê se tornou um homem muito rico. Mas ele não considerava as
riquezas importantes. Sabia que o dinheiro acompanha a pessoa apenas enquanto
vive (e às vezes, até o perde antes). Porém, há uma forma de riqueza que
permanece junto a uma pessoa para sempre: seu conhecimento da Torá. Esta é a
verdadeira riqueza que Moshê valorizava.
D'us ordenou a Moshê que subisse ao cume do monte Sinai cedo pela
manhã, sozinho, dizendo: "As primeiras tábuas foram dadas ostensivamente,
em meio a uma demonstração pública. Por isso foram quebradas. Estas segundas
tábuas devem ser dadas de forma discreta e sem alarde."
Moshê subiu ao monte Sinai no primeiro dia de Elul e permaneceu no
campo Celestial por quarenta dias. Esta foi a sua terceira estadia no Céu
(perfazendo um total de cento e vinte dias).
Durante estes quarenta dias no Céu, D'us ditou para ele toda a
Torá e lhe ensinou sua explicação oral.
No dia 10 de Tishrei, D'us perdoou o povo de Israel pelo pecado do
bezerro, dando a Moshê as segundas tábuas nas quais Ele escrevera tudo
novamente. D'us designou este dia como um dia de perdão para todas as futuras
gerações: o chamado Yom Kipur.
O Rosto de Moshê Resplandece
Quando Moshê regressou do Monte Sinai em Yom Kipur com as segundas
tábuas, os judeus se afastaram dele, temerosos. Pois seu rosto brilhava com um
resplendor tão forte como se emitisse raios de sol. As pessoas não se atreviam
a aproximar-se. "Talvez Moshê seja um anjo de D'us", exclamaram.
Seu receio era por conta do pecado do bezerro; antes do seu
pecado, eles eram capazes de visualizar o fogo de glória Divino no Monte Sinai
sem medo. Tendo pecado, no entanto, eles tremiam mesmo diante dos raios que
brilhavam na face de Moshê.
Moshê chamou os anciãos, e lhes disse: "D'us os perdoou pelo
pecado do bezerro de ouro e lhes deu novas tábuas. Os anciãos perguntaram a
Moshê por que seu rosto brilhava, e descobriram que Moshê nada sabia sobre
isso. Nem sequer percebera que lhe havia acontecido algo de especial. Quando o
povo viu os anciãos falarem com Moshê, finalmente se atreveram a chegar perto.
Por que D'us fez o rosto de Moshê resplandecer?
D'us queria mostrar ao povo como Moshê era especial. Haviam pecado
terrivelmente ao buscar um novo guia quando Moshê demorou a descer do Monte
Sinai. O povo deveria ter permanecido fiel a Moshê, pois era um homem tão nobre
que os raios da Shechiná resplandeciam sobre seu rosto.
Moshê viu-se forçado a cobrir sua face fulgurante com um véu,
somente descobrindo-a ao falar com D'us ou ao ensinar as palavras de D'us para
o povo de Israel.
Quando o povo de Israel dedicava-se ao estudo da Torá, eram
imbuído de força para suportar a visão dos raios de glória. Esta é uma
demonstração da grandeza à qual o estudo da Torá é capaz de elevar um ser
humano.
O Choro em Kol Nidrei
Eles explicam este conceito desse modo:
Quando uma corda que conecta dois objetos se rasga, a pessoa faz um nó e os
reconecta. Depois de fazer o nó, os dois objetos se tornam então mais
integrados do que antes de se partir. Do mesmo modo, quando a pessoa se
reconecta por arrependimento, a conexão - como na corda, é muito mais forte!
Porém, se a pessoa diz: "Me deixe
pecar e me arrependerei depois"! Dizem os nossos sábios que Hashem tornará
muito difícil o arrependimento dessa pessoa.
Um grande rabino e estudioso estava
certa vez a caminho da sinagoga para o serviço de Kol Nidrei, na noite de Yom
Kipur. Quando passou por uma das casas, ouviu uma pequena criança chorando. O
rabino bateu na porta mas não obteve nenhuma resposta. Ele entrou na casa e viu
uma pequena criança num berço, chorando. Obviamente, pensou ele, os pais foram
para sinagoga para o Kol Nidrei. O rabino apanhou o neném, o acalmou, e se
sentou perto para balançar o berço até adormecê-lo.
Enquanto isso, na sinagoga, todos
estavam esperando pelo rabino mas tiveram que proceder com o serviço de Kol
Nidrei sem ele. As pessoas estavam muito preocupadas. Será que o rabino está
doente? Afinal de contas, é a noite de Yom Kipur! Onde ele pode estar? Depois
de um tempo, as pessoas foram procurar o seu amado rabino. Eles finalmente o
acharam, balançando o berço de um bebê.
"Nós estávamos todos esperando,
preocupados. Por que o rabino não veio ao serviço de Kol Nidrei?" eles
perguntaram.
"Sh! Sh! não acordem o
pequeno," o rabino advertiu. "Como eu poderia ir para a sinagoga,
recitar o serviço com a consciência tranqüila, enquanto uma pequena criança
judia está chorando desesperada! Não há nada mais importante do que prestar
atenção às necessidades de uma criança chorando!
Neste Yom Kipur deveríamos tomar a boa
decisão de escutar e prestar atenção ao choro espiritual das nossas crianças; e
satisfazer o anseio delas por uma educação e valores judaicos; e apoiar
instituições que ensinam as nossas crianças a sua herança e a crença no D’us
único e verdadeiro!
Fonte: Chabad
Estudo
Adicional
Patriarcas e Profetas (E.G. White)
Idolatria
no Sinai
Pág. 315
A ausência de Moisés foi um tempo de
espera e apreensão para Israel. O povo sabia que ele subira ao monte com Josué,
e havia entrado na nuvem de densas trevas que podia ser vista da planície abaixo,
repousando sobre o pico da montanha, iluminado de quando em quando pelos
relâmpagos da presença divina. Esperavam ansiosamente a sua volta. Acostumados
como tinham estado no Egito com as representações materiais da divindade,
fora-lhes difícil confiar em um ser invisível, e tinham vindo a depender de
Moisés para lhes sustentar a fé. Agora ele lhes fora tirado. Dia após dia,
semana após semana passavam-se, e ainda ele não voltava. Embora a nuvem ainda
estivesse à vista, parecia a muitos no acampamento que seu chefe deles
desertara, ou que fora consumido pelo fogo devorador.
Durante este período de espera, houve
tempo para meditarem na lei de Deus que tinham ouvido, e prepararem o coração
para receber novas revelações que Ele lhes poderia fazer. Não tinham tempo
demasiado para este trabalho; e se houvessem estado assim a procurar uma
compreensão mais clara dos mandamentos de Deus, e a humilhar seus corações
diante dEle, teriam sido protegidos contra a tentação. Mas não fizeram isto; e
logo se tornaram descuidados, desatentos e desordenados. Era este o caso
especialmente com a "mistura de gente". Êxo. 12:38. Estavam
impacientes por se verem em caminho para a Terra da Promessa, aquela terra que
manava leite e mel. Era unicamente sob a condição de obediência que a bela
terra lhes fora prometida; mas haviam perdido de vista esse fato. Alguns havia
que sugeriam a volta para o Egito; mas a maior parte do povo estava decidida a
não mais esperar por Moisés, quer fosse para seguir para Canaã quer fosse para
voltar para o Egito.
Pág. 316
Sentindo o seu desamparo na ausência
do dirigente, voltaram às suas velhas superstições. Aquela "mistura de
gente" foram os primeiros a se entregarem à murmuração e impaciência, e
foram os chefes da apostasia que se seguiu. Entre as coisas consideradas pelos
egípcios como símbolos da divindade, estava o boi ou o bezerro; e foi pela
sugestão dos que haviam praticado esta forma de idolatria no Egito, que então
foi feito e adorado um bezerro. O povo desejava alguma imagem para representar
a Deus, e ir diante deles em lugar de Moisés. Deus não dera espécie alguma de
semelhança de Si, e proibia qualquer representação material para tal fim. Os
grandes prodígios feitos no Egito e no Mar Vermelho destinavam-se a estabelecer
nEle fé, como o Ajudador de Israel, invisível e todo-poderoso, o único
verdadeiro Deus. E o desejo de alguma manifestação visível de Sua presença fora
satisfeito com a coluna de nuvem e de fogo que guiava os seus exércitos, e pela
revelação de Sua glória sobre o Monte Sinai. Mas, com a nuvem de Sua presença
ainda diante deles, volveram em seus corações à idolatria do Egito, e
representaram a glória do Deus invisível pela semelhança de um bezerro!
Na ausência de Moisés a autoridade
judiciária fora delegada a Arão, e uma vasta multidão reuniu-se em redor de sua
tenda, com o pedido: "Faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque
quanto a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos
o que lhe sucedeu." Êxo. 32:1. A nuvem, disseram eles, que até ali os havia
guiado, repousava agora permanentemente sobre o monte; não mais dirigiria as
suas viagens. Queriam ter uma imagem em seu lugar; e se, como havia sido
sugerido, resolvessem voltar ao Egito, teriam o favor dos egípcios, levando
essa imagem diante de si, e reconhecendo-a como seu deus.
O culto de Ápis era acompanhado da
mais grosseira licenciosidade, e o relato das Escrituras denota que a adoração
ao bezerro levada a efeito pelos israelitas foi acompanhada por toda a
devassidão usual no culto pagão. Lemos: "No dia seguinte madrugaram, e
ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se
para comer e beber, e levantou-se para divertir-se." Êxo. 32:6. A palavra
hebraica traduzida "divertir-se", significa divertir-se com saltos,
cânticos e danças. Estas danças, especialmente entre os egípcios, eram sensuais
e indecentes. A palavra traduzida "corrompeu" no versículo seguinte,
onde se lê: "O teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu", é
a mesma palavra usada em Gênesis 6:11 e 12, onde lemos que a Terra estava
corrompida, "porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na
Terra". Isto explica a terrível ira do Senhor, e por que Ele desejava
consumir o povo de uma vez. Tal ocasião crítica exigia um homem de firmeza,
decisão e coragem inflexível; um homem que tivesse a honra de Deus em maior
conta do que o favor popular, a segurança pessoal, ou a própria vida. Mas o
atual líder de Israel não era deste caráter. Arão, com fraqueza, apresentou
objeções ao povo, mas sua vacilação e timidez no momento crítico apenas os
tornou mais decididos. O tumulto aumentou. Um frenesi, cego e desarrazoado,
pareceu apoderar-se da multidão. Alguns houve que permaneceram fiéis ao seu
concerto com Deus; mas a maior parte do povo aderiu à apostasia. Uns poucos que
se arriscaram a denunciar a proposta execução da imagem como sendo idolatria,
foram atacados e
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rudemente tratados, e na confusão e
agitação perderam finalmente a vida.
Arão temia pela sua própria
segurança; e, em vez de manter-se nobremente pela honra de Deus, rendeu-se às
exigências da multidão. Seu primeiro ato foi ordenar que os brincos de ouro
fossem reunidos dentre todo o povo e trazidos a ele, esperando que o orgulho os
levasse a recusar tal sacrifício. Voluntariamente, porém, cederam os seus
ornamentos; e destes fez um bezerro fundido, à imitação dos deuses do Egito. O
povo proclamou: "Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da
terra do Egito." E Arão vilmente permitiu se fizesse este insulto a Adonai.
Fez mais. Vendo com que satisfação o deus de ouro era recebido, construiu um
altar diante dele, e fez esta proclamação: "Amanhã será festa ao
Senhor." Êxo. 32:4 e 5. O anúncio foi apregoado por trombeteiros, de grupo
em grupo pelo acampamento todo. "E no dia seguinte madrugaram, e
ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a
comer e a beber; depois levantaram-se a folgar." Êxo. 32:6. Sob o pretexto
de realizarem uma "festa ao Senhor", entregaram-se à glutonaria, à
folgança licenciosa.
Quantas vezes em nossos próprios dias
é o amor aos prazeres disfarçado por uma "aparência de piedade"! II
Tim 3:5. Uma religião que permite aos homens, enquanto observam os ritos do
culto, entregarem-se à satisfação egoísta ou sensual, é tão agradável às multidões
hoje como o foi nos dias de Israel. E ainda há Arãos flexíveis, que ao mesmo
tempo em que mantêm posições de autoridade na igreja, cederão aos desejos dos
que não são consagrados, e assim os induzirão ao pecado.
Poucos dias apenas se haviam passado
desde que os hebreus fizeram um concerto solene com Deus, para obedecerem à Sua
voz. Tinham estado a tremer de terror diante do monte, ouvindo as palavras do
Senhor: "Não terás outros deuses diante de Mim." Êxo. 20:3. A glória
de Deus ainda pairava sobre o Sinai à vista da congregação; mas desviaram-se e
pediram outros deuses. "Fizeram um bezerro em Horebe, e adoraram a imagem
fundida. E converteram a Sua glória na figura de um boi." Sal. 106:19 e
20. Como se poderia ter mostrado maior ingratidão ou feito insulto mais ousado
Àquele que Se lhes revelara como um pai terno e rei todo-poderoso!
Moisés no monte foi avisado da
apostasia no acampamento, e ordenou-se-lhe voltar sem demora. "Vai,
desce", foram as
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palavras de Deus; "porque o teu
povo, que fizeste subir
do Egito, se tem corrompido. E depressa se tem
desviado do caminho que Eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de
fundição, e perante ele se inclinaram." Deus poderia ter sustado aquele
movimento ao início; mas permitiu que chegasse a este ponto, para que pudesse
ensinar a todos uma lição em Seu castigo à traição e apostasia.
O concerto de Deus com Seu povo havia
sido anulado e Ele declarou a Moisés: "Deixa-Me, que o Meu furor se acenda
contra eles, e os consuma; e Eu farei de ti uma grande nação." Êxo. 32:7,
8 e 10. O povo de Israel, especialmente aquela multidão mista, estaria
constantemente disposto a rebelar-se contra Deus. Murmurariam também contra seu
chefe, e o magoariam pela sua incredulidade e obstinação; e tarefa laboriosa e mui
probante seria guiá-los até a Terra Prometida. Seus pecados já os haviam
privado do favor de Deus, e a justiça exigia sua destruição. O Senhor, então,
propôs-Se a destruí-los e fazer de Moisés uma poderosa nação.
"Deixa-Me, que os consuma",
foram as palavras de Deus. Se Deus Se propusera a destruir Israel, quem poderia
pleitear em seu favor? Quantos não teriam deixado os pecadores entregues à sua
sorte! Quantos não teriam alegremente trocado um quinhão de labutas, encargos e
sacrifício, pagos com ingratidão e maledicência, por uma posição de comodidade
e honra, quando era o próprio Deus que oferecia o livramento!
Moisés, porém, entrevia bases para
esperança onde apenas apareciam desânimo e ira. As palavras de Deus:
"Deixa-Me", compreendeu ele não proibirem, mas sim, alentarem a
intercessão, implicando que coisa alguma a não ser as orações de Moisés poderia
salvar Israel; mas que, sendo assim rogado, Deus pouparia a Seu povo. Ele
"suplicou ao Senhor seu Deus, e disse: Ó Senhor, por que se acende o Teu
furor contra o Teu povo, que Tu tiraste da terra do Egito, com grande força e
com forte mão?" Êxo. 32:11.
Deus dera a entender que renunciara a
Seu povo. Falara deles a Moisés como "o teu povo, que fizeste subir do
Egito". Mas Moisés, humildemente, não arrogou a si a chefia de Israel. Não
eram dele, mas de Deus: "Teu povo, que Tu tiraste... com grande força e
com forte mão. Por que", insistiu ele, "hão de falar
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os egípcios, dizendo: Para mal os
tirou, para matá-los nos montes, e para destruí-los da face da Terra."
Êxo. 32:7, 11 e 12.
Durante os poucos meses depois que
Israel partira do Egito, a notícia de seu maravilhoso livramento se espalhara
por todas as nações circunvizinhas. O medo, bem como terríveis sinais,
repousava sobre os gentios. Todos estavam em observação para verem o que o Deus
de Israel faria por Seu povo. Se fossem agora destruídos, seus inimigos
triunfariam, e Deus seria desonrado. Os egípcios alegariam que suas acusações
eram verdadeiras; em vez de levar Seu povo ao deserto para sacrificar, fizera
com que fossem sacrificados. Não tomariam em consideração os pecados de Israel;
a destruição do povo ao qual de uma maneira tão assinalada honrara, lançaria a
injúria sobre o Seu nome. Quão grande era a responsabilidade que repousava
sobre aqueles a quem Deus tão altamente honrara, de fazerem de Seu nome um
louvor na Terra! Com que cuidado deviam guardar-se de cometer pecado, atrair os
Seus juízos, e fazer com que Seu nome fosse acusado pelos ímpios!
Intercedendo Moisés por Israel,
desapareceu-lhe a timidez ante seu profundo interesse e amor por aqueles, em
favor dos quais havia sido nas mãos de Deus, o meio para se fazerem tão grandes
coisas. O Senhor ouviu-lhe os rogos, e atendeu a sua abnegada oração. Deus
havia provado o Seu servo; provara-lhe a fidelidade, e o amor por aquele povo
ingrato e propenso ao erro, e, nobremente, resistira Moisés à prova. Seu
interesse por Israel não se originara em qualquer intuito egoísta. A
prosperidade do povo escolhido de Deus era-lhe mais valiosa do que a honra
pessoal, mais apreciada do que o privilégio de tornar-se o pai de uma poderosa
nação. Deus Se agradava de sua fidelidade, simplicidade de coração e
integridade, e confiou-lhe como a um fiel pastor, o grande encargo de guiar
Israel à Terra Prometida.
Descendo do monte, Moisés e Josué,
trazendo o primeiro "as tábuas do testemunho", ouviram as aclamações
e algazarra da multidão exaltada, evidentemente em estado de selvagem alvoroço.
Para Josué, soldado, o primeiro pensamento foi um ataque de seus inimigos. "Alarido
de guerra há no arraial", disse ele. Mas Moisés julgou com mais exatidão a
natureza daquela comoção. O ruído não era de combate, mas de orgia. "Não é
alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam
eu ouço." Êxo. 32:15, 17 e 18.
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Aproximando-se do acampamento, viram
o povo a aclamar e dançar, em redor de seu ídolo. Era uma cena de alvoroço
gentílico, imitação das festas idólatras do Egito; mas quão diverso do solene e
reverente culto de Deus! Moisés ficou consternado. Acabava de vir da presença
da glória de Deus, e, embora tivesse sido avisado do que estava acontecendo,
não estava preparado para aquela hedionda mostra de degradação em Israel.
Acendeu-se-lhe a ira. Para mostrar aversão pelo crime do povo, arrojou as
tábuas de pedra, e elas se quebraram à vista de todos, significando com isto
que, assim como haviam quebrantado seu concerto com Deus, assim Deus quebrava
Seu concerto com eles.
Entrando no acampamento, Moisés
passou através das multidões entregues à dissolução, e, lançando mão do ídolo,
atirou-o ao fogo. Em seguida reduziu-o a pó, e, havendo-o derramado sobre a
torrente que descia do monte, fez com que o povo dela bebesse. Assim se mostrou
a completa inutilidade do deus que estiveram a adorar.
O grande líder chamou a seu irmão
culposo, e perguntou-lhe severamente: "Que te tem feito este povo, que
sobre ele trouxeste tamanho pecado?" Arão esforçou-se por defender-se,
alegando o clamor do povo; declarando que, se não se tivesse conformado com
seus desejos, teria sido morto. "Não se acenda a ira do meu senhor",
disse ele; "tu sabes que este povo é inclinado ao mal; e eles me disseram:
faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este
Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito. Então eu lhes disse: Quem
tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no forno, e saiu este
bezerro." Êxo. 32:21-24. Ele queria levar Moisés a crer que se operara um
prodígio: que o ouro fora lançado no forno, e por um poder sobrenatural se transformara
em um bezerro. Suas desculpas e prevaricações, porém, de nada valeram. Foi com
justiça tratado como o principal culpado.
O fato de que Arão fora muito mais
abençoado e honrado do que o povo, foi o que tornou o seu pecado tão hediondo.
Foi Arão, "o santo do Senhor" (Sal. 106:16), que fizera o ídolo e
anunciara a festa. Foi aquele que fora designado como o porta-voz de Moisés, e
a respeito de quem o próprio Deus testificou: "Eu sei que ele falará muito
bem" (Êxo. 4:14), foi ele que não pôde sustar os idólatras no seu intento
de afronta ao Céu. Aquele por intermédio de quem Deus agira ao trazer juízo
tanto sobre os egípcios como seus deuses, ouvira inabalável a proclamação ante
a
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imagem fundida: "Estes são teus
deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito." Êxo. 32:8. Fora
aquele que estivera com Moisés no monte, e ali vira a glória do Senhor, que
vira que na manifestação daquela glória nada havia de que se pudesse fazer uma
imagem, sim, foi ele que mudou aquela glória na semelhança de um boi. Aquele a
quem Deus confiara o governo do povo na ausência de Moisés, foi encontrado a
sancionar a sua rebelião. "O Senhor Se irou muito contra Arão para o
destruir." Deut. 9:20. Mas em resposta à fervorosa intercessão de Moisés,
sua vida foi poupada; e, com arrependimento e humilhação pelo seu grande
pecado, foi restabelecido no favor de Deus.
Se Arão tivesse tido coragem para se
pôr do lado do direito, sem se incomodar com as conseqüências, poderia ter
impedido aquela apostasia. Se houvesse inabalavelmente mantido sua fidelidade
para com Deus, se houvesse mencionado ao povo os perigos do Sinai, e os tivesse
feito lembrar de seu concerto solene com Deus, para obedecerem a Sua lei,
ter-se-ia sustado o mal. Mas sua conformação com os desejos do povo, e a calma
segurança com que se pôs a executar os seus planos, fizeram com que se
atrevessem a ir mais longe, no pecado, do que antes lhes viera à mente fazer.
Quando Moisés, voltando ao
acampamento, se defrontou com os rebeldes, a severa repreensão e a indignação
que ostentou, ao quebrar as tábuas sagradas da lei, foram pelo povo
contrastadas com os discursos aprazíveis e o porte fidalgo de seu irmão, e suas
simpatias estavam com Arão. Para justificar-se, Arão esforçou-se por tornar o
povo responsável pela sua fraqueza de ceder ao seu pedido; mas, apesar disto,
estavam cheios de admiração por sua gentileza e paciência. Mas Deus não vê como
o homem. O espírito condescendente de Arão e seu desejo de agradar, haviam-lhe
cegado os olhos à enormidade do crime que estava a sancionar. Seu procedimento
ao emprestar sua influência para o pecado em Israel, custou a vida de milhares.
Que contraste entre isto e a conduta de Moisés, o qual, ao mesmo tempo que
executava fielmente os juízos de Deus, mostrava que o bem-estar de Israel lhe
era mais caro do que a prosperidade, a honra ou a vida.
De todos os pecados que Deus punirá,
nenhum é mais ofensivo à Sua vista do que aquele que incentiva o outro a fazer
o mal. Deus quer que Seus servos demonstrem sua lealdade, repreendendo fielmente
a transgressão, por penoso que seja este ato.
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Aqueles que são honrados com uma
missão divina, não devem ser fracos e flexíveis servidores de ocasião. Não
devem ter como seu objetivo a exaltação própria, nem afastar de si os deveres
desagradáveis, mas sim efetuar a obra de Deus com inabalável fidelidade.
Posto que Deus houvesse atendido à
oração de Moisés poupando a Israel da destruição, a apostasia deste havia de
ser castigada de maneira assinalada. A iniqüidade e insubordinação em que Arão
permitira caíssem, se não fossem prontamente aniquiladas, passariam de motim à
perversidade, e envolveriam a nação em ruína irreparável. Com terrível
severidade devia o mal ser excluído. De pé à porta do acampamento, Moisés
chamou ao povo: "Quem é do Senhor, venha a mim." Êxo. 32:26. Aqueles
que se não haviam unido à apostasia, deviam tomar posição à destra de Moisés;
os que eram culpados, mas que se arrependeram, ficariam à esquerda. A ordem foi
obedecida. Verificou-se que a tribo de Levi não tomara parte no culto idólatra.
Dentre outras tribos grande número havia dos que, embora houvessem pecado,
exprimiam agora o seu arrependimento. Mas uma grande multidão, maior parte
daquela mistura de gente que instigara a execução do bezerro, obstinadamente
persistiu em sua rebelião. Em nome do "Senhor Deus de Israel", Moisés
agora ordenou àqueles à sua direita, que se haviam conservado inculpados de
idolatria, que cingissem suas espadas e matassem a todos os que persistiam na
rebelião. "E caíram do povo aquele dia uns três mil homens." Êxo.
32:28. Sem consideração para com posição, parentesco ou amizade, os cabeças
daquele ímpio motim foram eliminados; mas todos os que se arrependeram e se
humilharam foram poupados.
Aqueles que efetuaram esta terrível
obra de juízo, estiveram a agir com autoridade divina, executando a sentença do
Rei do Céu. Os homens, em sua cegueira humana, devem acautelar-se de como
julgam e condenam seus semelhantes; mas, quando Deus lhes ordena executar Sua
sentença sobre a iniqüidade, Ele deve ser obedecido. Aqueles que realizaram
este doloroso ato, manifestaram desta maneira sua aversão à rebelião e
idolatria, e mais completamente se consagraram ao serviço do verdadeiro Deus. O
Senhor honrou-lhes a fidelidade, conferindo distinção especial à tribo de Levi.
Os israelitas haviam sido culpados de
traição, e esta contra o Rei que os cumulara de benefícios, e cuja autoridade
voluntariamente se comprometeram a obedecer. A fim de que se
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pudesse manter o governo divino,
devia executar-se justiça sobre os traidores. Todavia, mesmo nisto, ostentou-se
a misericórdia de Deus. Ao mesmo tempo em que Ele mantinha a Sua lei, concedia
liberdade de escolha, e oportunidade para o arrependimento a todos. Apenas
foram eliminados aqueles que persistiram na rebelião.
Era necessário que este pecado fosse
punido, como testemunho às nações circunvizinhas do desagrado de Deus pela
idolatria. Executando justiça sobre os criminosos, Moisés, como instrumento de
Deus, devia deixar registrado um protesto solene e público contra o seu delito.
Quando os israelitas devessem dali em diante condenar a idolatria das tribos
vizinhas, seus inimigos lhes lançariam a acusação de que o povo que pretendia
ter a Jeová como seu Deus, fizera um bezerro e o adorara em Horebe. Então, compelidos
embora a reconhecer a infeliz verdade, Israel poderia indicar a sorte terrível
dos transgressores, como prova de que seu pecado não fora sancionado ou
desculpado.
O amor, não menos que a justiça,
exigia que, para este pecado, fosse infligido o juízo. Deus é o guarda, bem
como o soberano de Seu povo. Ele exclui aqueles que se acham decididos à
rebelião, para que não levem outros à ruína. Poupando a vida a Caim, Deus
demonstrou ao Universo qual seria o resultado de permitir que o pecado ficasse
sem punição. A influência exercida sobre seus descendentes por sua vida e
ensino, determinou o estado de corrupção que exigiu a destruição do mundo
inteiro pelo dilúvio. A história dos antediluvianos atesta que a vida longa não
é uma bênção para o pecador; a grande paciência de Deus não reprimiu sua
impiedade. Quanto mais viveram os homens, tanto mais corruptos se tornaram.
Assim seria com a apostasia no Sinai.
A menos que o castigo de pronto tivesse sido executado sobre os transgressores,
ter-se-iam visto de novo os mesmos resultados. A Terra ter-se-ia tornado tão
corrompida como nos dias de Noé. Houvessem sido poupados esses transgressores,
e ter-se-iam seguido males maiores do que os que resultaram de poupar a vida de
Caim. Foi pela misericórdia de Deus que milhares devessem sofrer, para evitar a
necessidade de executar juízos sobre milhões. A fim de salvar a muitos, Ele
tinha de castigar a poucos. Ademais, como o povo rejeitara sua submissão a
Deus, privara-se da proteção divina, e, despojados de sua defesa, a nação toda
estava exposta ao poder dos inimigos. Se o mal não tivesse sido prontamente
eliminado, logo teriam eles caído presa de seus numerosos e
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poderosos adversários. Era necessário
para o bem de Israel, e também como lição a todas as gerações subseqüentes, que
o crime fosse imediatamente castigado. E não menos misericórdia era para os
próprios pecadores que fossem suprimidos em seu mau caminho. Se sua vida
houvesse sido poupada, o mesmo espírito que os levara a rebelar-se contra Deus
ter-se-ia manifestado em ódio e contenda entre eles mesmos, e ter-se-iam
finalmente destruído uns aos outros. Foi por amor ao mundo, por amor a Israel e
mesmo pelos transgressores, que o crime foi punido com uma severidade breve e
terrível.
Apercebendo-se o povo da enormidade
de sua falta, o terror invadiu todo o arraial. Receava-se que todos os culpados
devessem ser extirpados. Compadecido da angústia deles, Moisés prometeu mais
uma vez pleitear com Deus em seu favor.
"Vós pecastes grande
pecado", disse ele, "agora, porém, subirei ao Senhor; porventura
farei propiciação por vosso pecado." Ele foi, e em sua confissão diante de
Deus disse: "Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de
ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado, senão risca-me, peço-Te, do Teu livro,
que tens escrito." A resposta foi: "Aquele que pecar contra Mim, a
este riscarei Eu do Meu livro. Vai pois agora, conduze este povo para onde te
tenho dito; eis que o Meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da Minha
visitação visitarei neles o seu pecado." Êxo. 32:30-34.
Na oração de Moisés, nosso espírito é
dirigido para os registros celestiais, nos quais estão inscritos os nomes de
todos os homens, e fielmente registradas as suas ações, quer sejam boas quer
más. O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram ao serviço de
Deus. Se quaisquer destes se afastam dEle, e por uma obstinada persistência no
pecado se tornam finalmente endurecidos à influência do Espírito Santo, seus
nomes serão no juízo apagados do livro da vida, e eles serão votados à
destruição. Moisés se compenetrava de quão terrível seria a sorte do pecador;
todavia, se o povo de Israel devesse ser rejeitado pelo Senhor, desejava ele
que seu nome fosse apagado com o deles; não poderia resistir ao ver caírem os
juízos de Deus sobre aqueles que haviam sido tão graciosamente libertos. A
intercessão de Moisés em prol de Israel ilustra a mediação do Messias pelo
homem pecador. Mas o Senhor não permitiu que Moisés carregasse, como fez O
Messias, a culpa do transgressor. "Aquele que pecar contra Mim",
disse Ele, "a este riscarei do Meu livro." Êxo. 32:33.
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Com profunda tristeza o povo sepultou
os seus mortos. Três mil haviam sucumbido pela espada; logo uma praga irrompeu
no acampamento; e então lhes veio a mensagem de que a presença divina não mais
os acompanharia em suas jornadas. Declara Adonai: "Eu não subirei no meio
de ti, porquanto és povo obstinado, para que te não consuma Eu no
caminho." E foi dada a ordem: "Tira de ti os teus atavios, para que
Eu saiba o que te hei de fazer." Houve então lamentação por todo o
acampamento. Com penitência e humilhação, "os filhos de Israel se
despojaram de seus atavios, ao pé do monte de Horebe". Êxo. 33:3 e 6.
Por instrução divina, a tenda que
servira como lugar temporário de culto, foi removida "longe do
arraial". Isto consistia ainda mais prova de que Deus retirara deles a Sua
presença. Ele Se revelaria a Moisés, mas não a um povo tal. Esta repreensão foi
sentida fundamente; e, para as multidões, feridas na consciência, parecia um
prenúncio de grande calamidade. Não tinha o Senhor separado a Moisés do
acampamento para que pudesse destruí-los completamente? Não foram, porém,
deixados sem esperança. A tenda foi armada fora do arraial, mas Moisés chamou-a
"a tenda da congregação". Êxo. 33:7. Todos os que estavam
verdadeiramente arrependidos, e desejavam voltar ao Senhor, eram instruídos a
dirigirem-se para ali a fim de confessarem seus pecados e buscarem Sua
misericórdia. Quando regressavam a suas tendas, Moisés entrava na tenda da
congregação. Com aflitivo interesse o povo aguardava algum sinal de que suas
intercessões em prol deles foram aceitas. Se Deus condescendesse em
encontrar-Se com eles, podiam esperar que não seriam inteiramente consumidos.
Quando a coluna de nuvem desceu, e ficou à entrada, o povo chorou de alegria, e
"se levantou, e inclinaram-se cada um à porta da sua tenda". Êxo.
33:8.
Moisés bem conhecia a perversidade e
cegueira daqueles que foram postos sob os seus cuidados; sabia das dificuldades
com que devia lutar. Mas tinha aprendido que, a fim de prevalecer com o povo,
deveria ter auxílio da parte de Deus. Pleiteou uma revelação mais clara da
vontade de Deus, e uma segurança de Sua presença: "Eis que Tu me dizes:
Faze subir a este povo; porém, não me fazes saber a quem hás de enviar comigo;
e Tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos Meus olhos.
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Agora pois, se tenho achado graça a
Teus olhos, rogo-Te que agora me faças saber o Teu caminho, e conhecer-Te-ei,
para que ache graça aos Teus olhos; e atenta que esta nação é o Teu povo."
A resposta foi: "Irá para a
Minha presença contigo para te fazer descansar." Moisés, porém, ainda não
estava satisfeito. Oprimia-lhe a alma a intuição dos terríveis resultados no
caso em que Deus deixasse Israel entregue à dureza e impenitência. Ele não
podia admitir que seus interesses estivessem separados dos de seus irmãos, e
orava para que se restabelecesse o favor de Deus a Seu povo, e para que o sinal
de Sua presença continuasse a guiar as suas jornadas: "Se a Tua presença
não for conosco, não nos faças subir daqui. Como pois se saberá agora que tenho
achado graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? acaso não é por andares Tu
conosco e separados seremos, eu e o Teu povo, de todo o povo que há sobre a face
da Terra?"
E o Senhor disse: "Farei também
isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos Meus olhos, e te conheço por
nome." Não deixou ainda o profeta de pleitear. Cada uma das orações havia
sido atendida, mas ele estava sedento por maiores indícios do favor de Deus.
Fez então um pedido que ser humano algum jamais fizera antes: "Rogo-Te que
me mostres a Tua glória."
Deus não censurou o seu pedido como
sendo presunçoso; mas foram proferidas as palavras cheias de graça: "Eu
farei passar toda a Minha bondade por diante de ti." Êxo. 33:12-19. A
glória de Deus, desvendada, homem algum neste estado mortal poderá ver, e
viver; mas a Moisés assegurou-se que ele veria, tanto quanto poderia suportar,
da glória divina. De novo foi chamado ao cimo da montanha; então a mão que
fizera o mundo, aquela mão que "transporta as montanhas, sem que o
sintam" (Jó 9:5), tomou esta criatura de pó, este poderoso homem de fé, e
o colocou na fenda da rocha, enquanto a glória de Deus e toda a Sua bondade
passaram diante dele.
Esta experiência - e acima de tudo
mais, a promessa de que a presença divina o acompanharia - foi para Moisés uma
certeza de êxito na obra que tinha diante de si; e ele considerava isto de
valor infinitamente maior do que todo o saber do Egito ou todas as suas realizações
como estadista ou chefe militar. Nenhum poder, habilidade ou sabedoria
terrestre pode suprir o lugar da presença duradoura de Deus.
Pág. 329
Para o transgressor é coisa terrível
cair às mãos do Deus vivo; mas Moisés esteve sozinho na presença do Eterno, e
não ficou amedrontado; pois tinha a alma em harmonia com a vontade de seu
Criador. Diz o salmista: "Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o
Senhor não me ouvirá." Sal. 66:18. Mas "o segredo do Senhor é para os
que O temem; e Ele lhes fará saber o Seu concerto". Sal. 25:14.
A Divindade proclamou a respeito de
Si: "Adonai, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em
beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a
iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por
inocente". Moisés "apressou-se, e inclinou a cabeça à terra,
encurvou-se". Novamente rogou que Deus perdoasse a iniqüidade de Seu povo
e os tomasse como Sua herança. Sua oração foi atendida. O Senhor graciosamente
prometeu renovar Seu favor para com Israel, e em prol deles operar maravilhas
quais não tinham sido feitas "em toda a Terra, nem entre gente
alguma". Êxo. 34:6, 8 e 10.Quarenta dias e noites Moisés permaneceu no
monte; e, durante este tempo, como a princípio, foi miraculosamente alimentado.
A homem algum foi permitido subir com ele; nem durante o tempo de sua ausência
ninguém deveria aproximar-se do monte. Por ordem de Deus, preparara duas tábuas
de pedra, e levara-as consigo ao cume; e outra vez o Senhor "escreveu nas
tábuas as palavras do concerto, os Dez Mandamentos".
Durante aquele prolongado tempo
despendido em comunhão com Deus, a face de Moisés refletira a glória da
presença divina; sem o saber, seu rosto resplandecia com uma luz deslumbrante
quando ele desceu do monte. Tal luz iluminou o rosto de Estêvão quando fora
levado perante seus juízes; "então todos os que estavam assentados no
conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um
anjo". Atos 6:15. Arão, assim como o povo, recuava de Moisés, e
"temeram de chegar-se a ele". Êxo. 34:30. Vendo sua confusão e
terror, mas sem saber a causa, insistiu com eles para que se aproximassem.
Apresentou-lhes a garantia da reconciliação com Deus, e lhes assegurou o
restabelecimento de Seu favor. Nada perceberam em sua voz a não ser amor e
solicitude, e finalmente aventurou-se um a aproximar-se dele. Muito atônito
para que pudesse falar, silenciosamente apontou para o rosto de Moisés e então
para o céu. O grande chefe compreendeu o que
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queria dizer. Em sua consciente
culpabilidade, sentindo-se ainda sob o desagrado divino, não podiam suportar a
luz celestial, a qual, se houvessem eles sido obedientes a Deus, tê-los-ia
enchido de alegria. O medo acompanha a culpa. A alma que está livre de pecado
não deseja esconder-se da luz do Céu.
Moisés tinha muito a comunicar-lhes;
e, compadecendo-se de seus temores, pôs um véu sobre o rosto, e continuou a
fazer assim dali em diante sempre que voltava ao acampamento depois de ter
comunhão com Deus.
Por essa luz era o intuito de Deus
impressionar Israel com o caráter sagrado e exaltado de Sua lei, e a glória do
evangelho revelado por meio do Messias. ... Enquanto Moisés estava no monte,
Deus apresentou-lhe não somente as tábuas da lei, mas também o plano da
salvação. Ele viu que o sacrifício do Messias era prefigurado por todos os
tipos e símbolos da era judaica; e era a luz celestial que fluía do madeiro,
não menos que a glória da lei de Deus, que derramava tal brilho no rosto de
Moisés. Aquela iluminação divina simbolizava a glória da dispensação de que
Moisés era o mediador visível, representante do único verdadeiro Intercessor.
A glória refletida no semblante de
Moisés ilustra as bênçãos a serem recebidas, pela mediação do Messias, pelo
povo que guarda os mandamentos de Deus. Testifica de que, quanto mais íntima
for nossa união com Deus, e mais claro o nosso conhecimento de Suas ordens,
tanto mais plenamente nos adaptaremos à divina imagem, e mais facilmente nos
tornaremos participantes da natureza divina.
Moisés era um tipo do Messias. Como
intercessor de Israel, velou o rosto, porque o povo não podia resistir ao ver a
glória do mesmo; assim O Messias, o Mediador divino, velou Sua divindade na
humanidade quando veio à Terra. Se tivesse vindo revestido do resplendor do
Céu, não poderia ter obtido acesso aos homens em seu estado pecaminoso. Estes
não poderiam suportar a glória de Sua presença. Portanto Ele humilhou-Se, e foi
feito "em semelhança da carne do pecado" (Rom. 8:3), para que pudesse
chegar até a raça decaída e levantá-la.
........
MINI-GUIA : PESSACH
Em Pessach, celebramos a saída do povo judeu, sob a liderança de Moshê
Rabeinu, do Egito. Pela importância deste fato, a frase "Zechêr Lissiat
Miss-raim" (como um memória da saída do Egito)ocorre frequentemente em
nossa liturgia.
Os "Shabats" Especiais
Nas seis semanas, durante os meses de Adar e Nisan, que precedem a festividade de Pessach, existem quatro Shabatot especiais que são chamados cada um deles de : Shecalim, Zachor, Parah e Hachodesh.
E o Shabat imediatamente anterior à Pessach é chamado de Shabat Hagadol.
Os quatro primeiros Shabatot citados acima, são marcados por leituras adicionais da Torah, e leituras especais de Haftarah.
Vejamos cada um deles.
Shabat Shecalim
Antigamente, cada jovem israelita, a partir dos vinte anos, contribuía anualmente, com meio-shekel (moeda da época) para manutenção do Templo Sagrado de Jerusalém.
Como esta contribuição tinha que ser feita antes do primeiro dia do mês de Nisan, as pessoas eram lembradas deste dever no primeiro dia do mês imediatamente anterior, ou seja, mês de Adar.Como a maioria das pessoas vinham à sinagoga no Shabat, ficou estabelecido que no Shabat imediatamente anterior ao primeiro dia de Adar, a leitura da Torah incluiria a passagem descrevendo a contribuição do meio-shekel. Daí chamado de Shabat Shecalim..
Neste Shabat são retirados dois Sefarim. No primeiro é lida a porção semanal, e no outro, é lida a porção referente ao capítulo 30 versículos 11 ao 16, da Perashá Ki-Tissá, do livro Exodus, que contem esta contribuição.
Se o dia primeiro de Adar ocorrer no Shabat, são retirados três Sefarim. No primeiro, é lida a porção da semana. No segundo, a porção de Rosh Chodesh, parashá Pinchas, Cap. 29 Vers. 9 ao 15, do livro Números. E no terceiro, a porção de Shabat Shecalim.
A Haftarah especial de Shabat Shecalim é Reis II, Cap. 12 Vers. 1 ao 17, que se encontra nas paginas 465 da Lei de Moisés, edição antiga, ou 614, da edição nova.
Esta Haftarah é lida mesmo que o Shabat Shecalim coincida com Rosh Chodesh.
Nos anos bissextos, o Shabat Shecalim é realizado no Shabat antes de Adar II, ou no dia de Rosh Chodesh de Adar II, caso este ocorra em Shabat.
Shabat Zachor
O Shabat que precede Purim é chamado de Shabat Zachor. Novamente são retirados dois Sefarim. No primeiro, é lida a porção semanal, e no segundo, a parashá Ki-Tetsê, Cap. 25 Vers. 17 ao 19, que fala da batalha contra Amalec. Como esta leitura começa com a palavra Zachor (lembrança) , daí o nome deste Shabath.
A Haftarah especial lida é Samuel I Cap. 15 Vers. 1 ao 34, que fala da batalha contra os amalequitas, e que se encontra nas páginas 467 da Lei de Moisés, edição antiga, ou 615, da edição nova.
Esta matéria está associada com Purim, porque a tradição conta que Haman era um descendente dos amalequitas.
Shabat Parah
O terceiro dos Shabatot citados anterirormente, é o Shabat Parah, onde é lembrado o sacrifício da vaca vermelha (parah adumah). Ele deve sempre preceder o Shabat especial chamado Shabat Hachodesh.
Se Rosh Chodesh Nisan cair num Shabat e, portanto, se tornar um Shabath Hachodesh (veremos a seguir sobre o Shabat Hachodesh), então o Shabat Parah passa a ser o último Shabath do mês de Adar, mês este que precede o de Nisan.
Se Rosh Chodesh Nisan ocorrer num meio de semana, o Shabat Hachodesh é celebrado no último Shabath do mês de Adar, e Shabat Parah é celebrado no Shabat precedente.
São retirados, novamente, dois Sefarim. No primeiro é lida a porção semanal, e no segundo Sefer, é lida a parte que se encontra na parashá Chucat, Cap. 19 Vers. 1 ao 22.
A Haftarah especial lida é do livro de Ezequiel, Cap. 36 Vers. 16 ao 38, que trata da futura purificação de Israel, e que se encontra nas páginas 469 da Lei de Moisés, edição antiga, ou 616, da edição nova.
Shabat Hachodesh
O Shabat imediatamente antes do mês de Nisan, ou o primeiro dia de Nisan, caso ele ocorra no dia de Shabat, é chamado de Shabath Hachodesh.
Novamente, são retirados dois Sefarim. No primeiro é lida a porção semanal, e no segundo, a parte referente à Shabat Hachodesh, que se encontra no Cap. 12 Vers 1 ao 20, da parashá Bo, do livro de Exodus, onde Deus fala a Moisés e a Aarão sobre a obrigatoriedade de se comer pães ázimos entre os dias 14 e 21 de Nisan.
Se Rosh Chodesh Nisan ocorrer num Shabath, são retirados três Sefarim. No primeiro é lida a porção semanal. No segundo, a porção de Rosh Chodesh, parashá Pinchás, Cap. 28 Vers. 9 ao 15, do livro Números. E no terceiro, a parte referente à Shabath Hachodesh.
A Haftarah especial lida é do livro de Ezequiel, Cap. 45 Vers. 16 ao Cap. 48 Vers. 18, que trata dos sacrifícios a serem trazidos em primeiro de Nisan, Pessach e outras festividades num futuro Templo Sagrado.
Esta leitura se encontra nas páginas 471 da Lei de Moisés, edição antiga, ou 617, da edição nova.
Shabat Hagadol
Além dos quatro Shabatot já mencionados, o Shabath imediatamente anterior à Pessach é chamado de Shabat Hagadol (Grande). Ele recebeu este título de "grande", por causa da importância da festa que se aproxima.
Não existem mudanças no serviço, nem na leitura da Torah neste Shabath Hagadol, com exceção da Haftarah, que é especial, do profeta Malaquias, Cap. 3 Vers. 4 ao 24, e se encontra nas páginas 473 da Lei de Moisés, edição antiga, ou 618, da edição nova.
Recitação de Hetzi Kadish após leitura da Torah
Após a leitura da Torah, deve-se recitar o Hetzi Kadish.
Nos dias de semana (Não Shabat), é recitado logo após a leitura da última aliá de Torah (após a terceira, se for dia comum, ou da Quarta aliá, se for Rosh Chodesh ou Chol Hamoed).
Nos dias de Shabat ou dias de Yom Tov (Hag), o Hetzi Kadish é recitado após a última leitura de Torah que antecede a leitura de Maftir/Haftarah.
Nos casos em que são retirados três Sefarim no Shabat, o Hetzi Kadisha deve ser recitado conforme estabelecido no parágrafo anterior, ou seja, ao término da leitura do segundo Sefer Torah.
Mês de Nisan
O mês de Nisan em si, por causa de Pessach, é uma ocasião considerada festiva, onde Tahanun não é mencionado durante todo o mês, e não se faz visitas ao cemitério.
Maot Hittin
Existe uma antiga tradição de se pedir donativos, antes de Pessach, para serem usados como ajuda às pessoas necessitadas. Apesar do ato de caridade ser uma Mitzvah que deve ser feita durante todo o tempo, em Pessach, particularmente, ninguém deve estar faminto, e todos, indistintamente,devem contribuir para proporcionar aos pobres, um Pessach com fartura.
Eliminação do Hametz
A Torah descreve a proibição de se comer hametz durante todo o período de Pessach. A palavra "hametz" é traduzida como "pão fermentado". Basicamente o hametz se refere à comida preparada a partir de cinco espécies de grâo: trigo, cevada, aveia, espelta (espécie de trigo) e centeio. A estes, os rabinos askenazim adicionaram arroz, painço, milho, e plantas leguminosas, como feijão e ervilha, pois podiam ser confundidos com grãos.
A matzá comida durante os dias de Pessach, é uma massa não fermentada, feita a partir de qualquer um dos cinco tipos de grãos já relacionados. É costume, contudo, fazer-se a matzá somente a partir da farinha de trigo. Naturalmente, é essencial que não se permita que a farinha de trigo possa fermentar. Para isso, o grão utilizado para a matsá deve ser mantido perfeitamente seco.
A regra contra a fermentação se aplica não só aos alimentos que serão consumidas durante o Pessach, mas também, não ficar de posse de qualquer tipo de produto fermentado.
Por isso, antes da chegada do Pessach, todo produto fermentado deve ser removido de sua residência.
Par satisfazer estes requisitos, deve-se fazer a busca de todo e qualquer produto fermentado, fazer sua remoção ou queima, ou ainda, sua venda.
Na noite anterior ao primeiro Seder de Pessach, após o pôr-do-sol, quando a casa já foi completamente limpa, faz-se a busca pelo hametz. Caso a noite do primeiro seder de Pessach ocorra num Sábado, a busca do hametz é feita na Quinta-feira anterior.
Antes de se iniciar a busca, faz-se a berachá: "Baruch atá Adonai Elocheinu melêch haolam ashêr kidishanu bemizvotáv vessivanu al biur hametz".
Como a casa está limpa, as chances de se achar hametz são muito remotas. Daí, para não se fazer uma "berachá levatalah" (bênção em vão), costuma-se colocar pedaços de pão onde eles possam ser facilmente achados.
Após serem achados, o hametz é embrulhado e colocado num local seguro para ser queimado na manhã seguinte. E faz-se a seguinte oração;
"Kol hamirá vehamiá deicá birshuti delá chamitê udlá viartê udlá iedá-na lê libatêl velechevei refkêr keafrá dear-á".
Na manhã seguinte, após o chametz ser queimado, é feita as seguinte oração:
"Kol hamirá vehamiá deicá birshuti dechazitê udlá chazitê dechamitê udlá chamitê deviartê udlá viar-tê libatêl velechevei refkêr keafrá dear-á".
É bom lembrar que a hora limite para ingestão de hametz é às 10 (dez) hora desta manhã, e a hora limite para queima do hametz é de até 11 (onze) horas da manhã.
Casherização de Utensílios
É costume que os utensílios normalmente utilizados durante o ano sejam removidos e substituídos por utensílios novos, ou pelos utensílios que são usados exclusivamente para Pessach.
Atualmente, é costume que alguns utensílios e talheres, usados durante o ano, sejam usados também para Pessach., desde que eles passem pelo processo chamado de "casherização" ou "hag'alah". De maneira geral, isto é feito banhando-os em água em ebulição, ou que contenham água em ebulição, ou ainda, expostos a altas temperaturas.
O processo de casherização só deve ser considerado como realizado, se forem seguidas todas as normas exigidas para tal.
Alimentos não ingeridos em Pessach
Durante os oito dias de Pessach não devem ser ingeridos "hametz", ou seja, alimentos baseados nos cinco tipos de grãos referenciados, e que tenham sofrido processo de fermentação, que como vimos, ocorre ao entrarem em contacto com a água.Isto exclui a umidificação com outros líquidos, tais como sucos de frutas não diluídos. Daí, bolos feitos com farinha "kasher-para-Pessach" e ovos, ou com sucos de frutas não diluídos, podem ser ingeridos.
Existem várias espécies de produtos fermentados, sendo os mais comuns, aqueles chamados de "hametz visíveis", em que não existem dúvidas sobre a existência daqueles grãos e que tiveram contacto com a água.
Os alimentos que não tenham sofrido processo de fermentação em si, mas que tenham entrado em contacto com outras misturas ou mesmo com "hametz visíveis", são considerados como hametz.
Daí, muitas pessoas não consumirem alimentos enlatados, engarrafados ou industrialmente processados, a não ser que tenham uma inscrição informando "Kasher-para-Pessach", como existem atualmente para vários produtos como bolos, sucos, refrigerantes, etc.
As frutas frescas, verduras e ovos podem ser ingeridos, bem como, carne e peixe de origem casher.
Acendimento das velas na primeira e segunda noites de Pessach
Acende-se velas como nas noites de Kabalat Shabath e das demais festividades judaicas, fazendo-se a berachá "le-hadlik ner shel yom tov" se for dia da semana, ou "le-hadlik ner shel shabat ve-shel yom tov" se for Shabath, seguida da berachá de "Schecheihianu".
Acende-se velas como nas noites de Kabalat Shabath e das demais festividades judaicas, fazendo-se a berachá "le-hadlik ner shel yom tov" se for dia da semana, ou "le-hadlik ner shel shabat ve-shel yom tov" se for Shabath, seguida da berachá de "Schecheihianu".
Nas duas últimas noites de Pessach, as velas são acesas, mas não se recita a berachá de "Schecheihianu".
Contagem do ÔMER
Antigamente, o Ômer tinha um aspecto exclusivamente agricultural, pois era uma medida da primeira colheita que era trazida ao Templo de Jerusalém, mostrando gratitude à Hashem.
Após a destruição do Templo, foram buscados novos significados para que se mantivesse esta prática relevante. Um deles, seria de reforçarmos os reclamos sobre a Terra Sagrada e trabalharmos para a reconstrução de Sion como um lar para os exilados, e como um centro de vida espiritual para o povo judeu.
Outro significado para o Ômer se encontra num Midrash, que conta que o povo hebreu ao ser libertado do Egito, Hashem teria informado que a Torah seria recebida 50 dias após esta libertação. Isto fez com que se passase a contar cada dia . E que esta contagem se tornaria uma prática para todas as gerações subsequentes.
Atualmente, podemos dizer que a contagem do Ômer é uma ponte entre Pessach e Shavuot, mostrando que não queremos apenas liberdade da escravidão, mas, também, liberdade para um propósito, isto é, receber a Lei no Monte Sinai e praticá-la.
A contagem do Ômer, recitado após a berachá correspondente, só é realizado após o pôr-do-sol, isto é, no serviço de Maariv, normalmente antes do "Aleinu", exceto nas noites de Sábados ou no fim de um dia festivo, quando é recitado antes da Havdalá.
O Ômer é contado por 49 noites consecutivas, começando na segunda noite de Pessach, e terminando na noite de véspera de Shavuot.
No período do 1º. ao 32º dias de Ômer, período em que faleceram 24 mil discípulos de Rabi Akiva, não se realizam cerimônias de casamento nem de Bat/Batmitzvá. No 33º. dia de Ômer, chamado de Lag-baomer, é um dia festivo e não se diz Tahanum.
Liturgia na CJB
1)O sidur utilizado para o 1º, 2º, 7º e 8º dias,
considerados como HAG (Yom TOV), é o de Shabat. Para os outros dias,
chamados de Chol Hamoed, utilizamos o do sidur diário (capa vermelha ou
cópia), sendo acrescentada a leitura de "Eloheinu..Yalê Veiavo" na
Amidá de Shacharit.
As Amidot referentes ao Shacharit dos dias de HAG e de Mussaf (todos os dias) são lidos das folhas avulsas.
No Mussaf do primeiro dia de Pessach começa-se a dizer "Morid Hatal". E no primeiro dia de Chol Hamoed de Pessach, na oração que se inicia com "Barech Aleinu", se passa a falar "Veten Berachá".
2)O Hallel é recitado TODOS os dias, logo após a
repetição da Amidá de Shacharit A versão completa só é recitada
nos dois primeiros dias.
3)Devem ser distribuídos:
· Os sidurim diários para leitura do Hallel.
· Os sidurim de Shabat, só no Sábado e nos dias de Hag.
· As folhas avulsas com a Amidá específica. Em Chol Hamoed (não-Hag), deixar aberta na página 674, para o Mussaf, pois o Shacharit é o dos dias da semana(sidur diário)
· As folhas do "IZCOR", só no último dia de Pessach .
4)Nos dias considerados HAG, ou seja, 1º, 2º, 7º e 8º são lidas
as Haftarot especiais correspondentes, que são encontradas na
página 613 da Lei de Moisés - Edição Nova.
5)TODOS os dias de Pessach são retirados 2 (dois) Sefarim. Nos
dias de Chol Hamoed (não-Hag) são chamados 3 (três) OLIM para o
primeiro Sefer e um 4º OLIMpara o segundo Sefer, recitando-se o Hetzi
Kadish após a leitura da quarta aliá.
No dias de Hag (Yom Tov), caso seja dia de semana, são chamados 6 (seis) olim, sendo o último olim, o Maftir. Em caso de Shabat, são chamados, como de costume, 8 (oito) olim, sendo o último, o Maftir.
No dias de Hag (Yom Tov), caso seja dia de semana, são chamados 6 (seis) olim, sendo o último olim, o Maftir. Em caso de Shabat, são chamados, como de costume, 8 (oito) olim, sendo o último, o Maftir.
O Hetzi Kadish é recitado ao término da leitura imediatamente anterior à aliá de Maftir.
6)Uso de Tefilin
Nos dias considerados HAG, ou seja, 1º, 2º, 7º e 8º , não se coloca Tefilin.Nos dias de Chol-Hamoed
durante a semana (3º. ao 6º. dias), o costume askenazi é de se colocar Tefilin, retirando-o antes de
começar o Hallel.
O costume sefaradi é de não colocar Tefilin durante o Pessach, mesmo em Chol-Hamoed, dispensa esta já autorizada pelo Rabino.
7)Durante todo o período de Omer, que inicia na Segunda noite de Pessach e vai até a noite anterior à de Shavuot, é feita a Berachá de Ômer, durante todos os dias, só à noite, normalmente antes do Aleinu.
8)Ao final do serviço de cada dia, deixam-se arrumados os conjuntos a serem utilizados no dia seguinte.
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