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Parashá MIKETZ

13 - 20 de kislêv de 5774
Resumo da Parashá 17 - 23 de novembro de 2013
Mikêts inicia-se com o famoso sonho do faraó sobre sete vacas esqueléticas devorando
sete vacas gordas, seguido por sete magras espigas de cereal devorando sete espigas
saudáveis.
Quando seus conselheiros e necromantes foram incapazes de resolver adequadamente
a intrigante charada, o faraó chamou Yossef, que havia estado na prisão por sete anos,
para interpretar seus sonhos. Creditando seu poder de interpretação unicamente a D’us,
Yossef diz ao faraó que, após viverem sete anos de extraordinária abundância nas colheitas,
o Egito seria assolado por sete anos de uma escassez devastadora.
Yossef aconselha o faraó a procurar um homem sábio para presidir a coleta e o armazenamento
de grande quantidade de alimentos durante os anos de fartura. Impressionado
pela brilhante interpretação, o faraó designa o próprio Yossef para ser o vice-rei do Egito,
fazendo dele o segundo homem na hierarquia do país.
A mulher de Yossef, Asnat, dá à luz dois filhos, Menashê e Efraim, e os anos de fartura e
escassez acontecem como Yossef havia predito. Com a fome abatendo também a terra
de Canaan, os irmãos de Yossef vão ao Egito para comprar alimentos. Como não reconhecem
seu renomado irmão, Yossef põe em ação um plano para determinar se eles se
arrependeram totalmente pelo pecado de tê-lo vendido quase vinte anos atrás.
Yossef age com indiferença e os acusa de serem espiões, mantendo Shimon como refém,
enquanto o restante dos irmãos retorna com os alimentos para Canaan. Yossef, ainda não
sendo reconhecido, conta-lhes que Shimon será libertado apenas quando retornarem ao
Egito com o irmão mais novo. Relutante a princípio, mas confrontado pela escassez crescente,
Yaacov finalmente concorda em permitir aos filhos que levem Binyamin com eles.
Ao chegarem ao Egito, Yossef testa ainda mais os irmãos, tratando bem a todos, mas
mostrando um grande favoritismo por Binyamin.
Quando os irmãos finalmente voltam para casa com os baús repletos de cereais, Yossef
esconde sua taça na sacola de Binyamin e este é acusado de ter roubado o precioso
objeto.
A porção termina com a ameaça pendente de que Binyamin será feito escravo do governante
egípcio.
PARASHÁ MIKÊTZ
Beth B’nei Tsion
Florianopolis
BETH MIDRASH - Lições Adultos - O Santuário
Lição 9 - O Juízo pré-advento 23 a 30 de novembro
Sábado à tarde Ano Bíblico: 1Co 8–10
VERSO PARA MEMORIZAR:
“O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu serão dados
ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu reino será reino eterno, e todos os domínios
O servirão e Lhe obedecerão” (Dn 7:27).
Leituras da Semana:
Dn 7; Gn 3:8-20; 2Tm 2:19; Sl 51:4; 2Co 5:10; Sl 96:11-13
Como o livro de Hebreus mostra claramente, depois de Sua morte e ressurreição, Yeshua
começou uma nova fase da Sua obra em nosso favor. Ele Se tornou nosso Kohen Gadol
no santuário celestial. As visões de Dani’el 7 e 8 revelam que, em algum ponto da História,
essa obra celestial do Messias em nosso favor havia entrado em uma nova fase: o
julgamento. Às vezes, isso é chamado de “Yom Kipur Escatológico - Dia Escatológico da
Expiação”. Escatológico, porque se refere ao tempo do fim; Yom Kipur, porque é prefigurado
pelo ritual do Yom Kipur no santuário terrestre.
Dani’el 7, nosso foco nesta semana, contém uma sequência de reinos, simbolizados por
quatro animais, que correspondem à sequência de Dani’el 2: Babilônia, Média-Pérsia,
Grécia e Roma.
Perceberemos que o julgamento é uma boa notícia, porque Adonai atua por Seu povo. Ele
julga em seu favor diante do Universo expectante e lhes concede entrada no reino eterno
do Messias, o clímax de todas as suas esperanças como seguidores de Adonai.
Domingo Ano Bíblico: 1Co 11–13
A visão e o juízo
“Um riacho de fogo fluía da sua presença; milhares de milhares ministravam a ele, milhões
e milhões estavam diante dEle. A seguir, o tribunal teve início e os livros foram
abertos” (Dn 7:10).
1. Leia Dani’el 7:1-14. O que está acontecendo nessa passagem?
Depois que Dani’el viu os quatro animais, ele observou outro chifre surgindo entre os
chifres do quarto animal. Esse “chifre pequeno” se tornou o principal inimigo de D-us e
Seus santos. Então, de repente a atenção de Dani’el se voltou da Terra escura para uma
resplandecente cena de julgamento na sala do trono celestial (Dn 7:9-14).
A cena do juízo é o ponto central de toda a visão e envolve duas figuras principais, o
Ancião de Dias e o Filho do Homem. Anjos também estão ali, testemunhas do juízo. A
cena se desdobra em três etapas: a primeira é a cena do tribunal (v. 9, 10); a segunda é
o resultado do juízo sobre os violentos poderes da Terra (v. 11, 12); a terceira é a transferência
do domínio e do reino para o Filho do Homem (v. 13, 14). D-us, o Pai, é retratado
como o majestoso Ancião de Dias, o sábio, justo e incomparável Juiz. “O Filho do Homem”
representa a humanidade, o próprio Yeshua, na corte celestial. Yeshua usou esse
título muitas vezes para Se referir a Si mesmo e, pelo menos duas vezes, Ele evocou
claramente as imagens de Dani’el 7 (Mt 24:30; 26:64).
O Yom Kipur funciona como o cenário tipológico mais natural para essa cena do templo
celestial. Na descrição, parece que o Kohen Gadol celestial vem ao Ancião de Dias cercado
por nuvens de incenso (Dn 7:13). Em Dani’el 7:10, os livros foram abertos. Os livros
têm um papel importante no julgamento celestial. Há vários livros de origem celestial conhecidos
na Bíblia: o “livro da vida” (Sl 69:28; Fp 4:3; Ap 3:5; 13:8; 17:8), o livro memorial
(Ml 3:16), os livros das obras (Ap 20:12) e o livro de D-us (Êx 32:32, 33; Sl 56:8).
Imagine D-us julgando sua vida e todos os seus atos. Se você tiver que confiar no que
está escrito nos livros, nos seus atos e boas obras, terá alguma esperança? Qual, então,
é sua única esperança no juízo?
Segunda Ano Bíblico: 1Co 14–16
Modelo de julgamento
2. Leia Gênesis 3:8-20. O que D-us fez antes de pronunciar Seu julgamento?
O conceito de um juízo investigativo é bíblico. O processo judicial de D-us frequentemente
inclui uma fase de investigação e inquérito. O primeiro exemplo é relatado em Gênesis 3,
onde D-us investigou antes de pronunciar o veredito (Gn 3:8-19). A forma pela qual D-us
lidou com Kayin (Kayin (Caim)) (Gn 4), Bavel(Gn 11) e Sodoma (Gn 18, 19) seguem um
padrão semelhante. Vemos D-us realizando a mesma ação que Ele requeria dos juízes
em Israel, ou seja, inquirir, investigar e perguntar com diligência (Dt 13:14; Dt 19:18).
A investigação implica em consideração e justiça. Muitas vezes ela é pública. D-us permite
que outros vejam o que Ele está fazendo. Dessa forma, quando Ele anuncia o veredito,
seja de salvação ou condenação, os espectadores estão certos de que a ação divina é a
melhor. Essa é exatamente a razão pela qual o julgamento celestial em Dani’el 7 envolve
livros. Os livros não estão ali por causa de D-us, para ajudá-Lo a Se lembrar com mais
facilidade, mas para o benefício dos seres celestiais que O circundam e que, ao contrário
de D-us, não conhecem todas as coisas.
3. Qual será o resultado do julgamento para os santos? Dn 7:22
Ao falar sobre o juízo, Ellen G. White escreveu: “O fato de que os reconhecidos filhos de
D-us são representados como estando na presença de Adonai com vestes sujas, deve levar
à humildade e profundo exame do coração, por parte de todos os que Lhe professam
o nome. Os que estão, de fato, purificando o caráter mediante a obediência à verdade,
terão de si mesmos uma opinião muito humilde. [...] Mas, conquanto devamos reconhecer
nosso estado pecaminoso, temos de confiar no Messias como nossa justiça, nossa santificação
e redenção. Não podemos contestar as acusações de Satan contra nós. Somente
O Messias pode pleitear eficazmente em nosso favor. Ele é capaz de silenciar o acusador
com argumentos fundamentados não em nossos méritos, mas nos dEle” (Ellen G. White,
TI, v. 5, p. 471, 472).
Como essas palavras nos ajudam a entender por que o julgamento é uma notícia muito
boa?
Terça Ano Bíblico: 2Co 1–4
Hora do juízo
4. Leia Dani’el 7:7-10, 21, 22, 25, 26. Quando acontece o julgamento de Dani’el 7?
Tanto na visão quanto na interpretação do anjo, o julgamento segue como resposta de
D-us à presunção do chifre pequeno e culmina com a transferência do reino para os santos
de D-us. A Bíblia descreve o julgamento como ocorrendo no tempo em que o poder do
chifre ainda existe (Dn 7:8, 9). O domínio do chifre é retirado somente depois que o tribunal
julga. Quando o processo judicial termina, todos os reinos da Terra são destruídos (v.
26).
Evidentemente, isso significa que o juízo deve ocorrer antes da segunda vinda de Yeshua.
É um juízo pré-advento, que começa algum tempo depois do período de “um tempo, dois
tempos e metade de um tempo” (v. 25). Como poderia haver recompensa ou punição final
se não houvesse julgamento prévio?
De fato, os santos serão recompensados no momento da vinda do Messias, o que pressupõe
que eles já terão sido julgados. Da mesma forma, os ímpios, incluindo os poderes
demoníacos, serão julgados durante o milênio, antes da execução do juízo final (Ap 20).
5. Por que D-us precisa realizar um julgamento? Adonai não “conhece os que Lhe
pertencem”? 2Tm 2:19
É claro que o D-us onisciente está plenamente consciente de quem é o Seu povo. Ele não
precisa de julgamento para decidir quem será salvo. O juízo pré-advento, em vez disso,
mostra que o Juiz é justo na salvação do Seu povo. Os seres celestiais precisam ter certeza
de que os santos são aptos para a salvação. À medida que procuramos entender o
significado do juízo, devemos nos lembrar do cenário do grande conflito, sugerido nesse
texto, porque vemos as hostes angelicais testemunhando o julgamento. Outros seres têm
interesse no resultado final do plano da salvação.
“Adonai conhece os que Lhe pertencem.” Como você pode ter certeza de ser um dos “que
Lhe pertencem”? Qual é a única maneira de ter certeza? (Rm 8:1).
Quarta Ano Bíblico: 2Co 5–7
No fim do julgamento
6. Quais serão os resultados do juízo pré-advento? Dn 7
Considere os resultados do juízo em diversas ações de longo alcance:
O Filho do Homem será coroado. Ele receberá “domínio, e glória, e o reino” (Dn 7:14).
Os santos receberão o reino para sempre. O julgamento é para benefício dos santos que
receberão o reino de D-us (Dn 7:22). Inequivocamente, o Filho do Homem e os santos
têm um relacionamento muito próximo. Quando o Filho do Homem receber Seu reino,
convidará os santos para Se unirem a Ele. Seu reino é o reino deles (Dn 7:27). Esse julgamento
levará a um tempo em que o Rei eterno estará reunido com Seu povo. Essa será
a maior recompensa dos santos e do Messias.
A rebelião será derrotada e destruída. Os inimigos do povo de D-us serão julgados. Depois
de fazer “guerra contra os santos”, o chifre pequeno será derrotado e destruído para
sempre (Dn 7:25, 26).
A absoluta justiça de D-us será demonstrada. Uma vez que o julgamento nas cortes celestiais
será público e os anjos participam das investigações sobre os assuntos humanos,
todos podem ver por si mesmos que D-us é justo em Suas ações. Ele é capaz de manter
tanto o amor quanto a justiça. Assim, no fim, o próprio D-us será vindicado, e todos reconhecerão
que Ele é justo e amoroso. Todo o processo garantirá que o Universo será um
lugar seguro para a eternidade (Sl 51:4; Rm 3:4).
O juízo pré-advento resultará na concretização da esperança de D-us e dos crentes em
D-us. O desejo de D-us é salvar Seu povo e erradicar o pecado, não deixando nenhuma
dúvida sobre Seu amor e justiça. O anseio dos seres humanos é a salvação do pecado,
da sua opressão em todas as formas e desfrutar vida eterna na presença dAquele que os
ama. Assim, o julgamento será a garantia de um relacionamento eterno e confiante entre
D-us e Sua criação.
“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro
está purificado. Uma única palpitação de harmonia e júbilo vibra por toda a vasta criação.
DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço
infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e
inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que D-us é amor” (Ellen G.
White, O Grande Conflito, p. 678).
Quinta Ano Bíblico: 2Co 8–10
Certeza responsável
7. Leia o Salmo 96:11-13. Qual é a razão para que toda a criação se alegre?
Por que alguém clamaria “Julga-me, Adonai” (Sl 7:8)? A razão é simples. Julgamento
significa salvação: “Ó D-us, salva-me, pelo Teu nome, e faze-me justiça, pelo Teu poder”
(Sl 54:1). O Salmo 26 é um apelo comovente por justiça e retidão. Davi expressou maravilhosamente
a ideia de que D-us, o Juiz, está sempre ao lado de Seu povo fiel, e que
Seu julgamento é mais do que desejável (Sl 26:1; 35:24; 43:1; 54:1). Julgamento implica
vindicação.
O juízo pré-advento ameaça nossa certeza de salvação? Não, porque o resultado desse
julgamento é certo. Ele favorece os santos (Dn 7:22). A obra de D-us no juízo reafirma
nosso perdão e intensifica nossa certeza, tornando nossos pecados eternamente irrelevantes.
O julgamento é, na verdade, outra manifestação da nossa salvação. O julgamento
não é o tempo em que D-us decide nos aceitar ou nos rejeitar, mas, em vez disso, é
o momento em que Ele define se O escolhemos verdadeiramente ou não, uma escolha
revelada pelas nossas obras.
Para o crente em D-us, o julgamento aumenta a certeza. Colocando de maneira mais
radical, o julgamento está no centro da doutrina da segurança cristã.
8. Leia Romanos 14:10-12 e 2 Coríntios 5:10. Como a realidade do juízo deve impactar
nossa maneira de viver?
O ensinamento bíblico não isenta o justo do julgamento. Embora os justos sejam defendidos
no julgamento e seus pecados sejam apagados para sempre, a expectativa do julgamento
os incentiva a ter uma vida de lealdade e responsabilidade. A certeza da salvação
é, portanto, acompanhada pelo ímpeto motivacional para o comportamento correto. Visto
que D-us fez tanto por nós, O amamos e procuramos expressar esse amor sendo fiéis em
tudo o que Ele nos pede.
Um amigo expressa seu medo de D-us e, especialmente, do juízo. Como você pode
ajudar essa pessoa a entender a boa notícia sobre o juízo e a desenvolver a certeza da
salvação?
Sexta Ano Bíblico: 2Co 11–13
Estudo adicional
“Aquele que mora no santuário celestial, julga justamente. Ele tem mais prazer em Seus
filhos que pelejam com as tentações [...] do que na multidão de anjos que Lhe circunda o
trono” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 176).
“Satan tem [...] conhecimento dos pecados que tem levado o povo de D-us a cometer, e
lança contra ele suas acusações, declarando que, por seus pecados, perdeu o direito à
proteção divina e afirmando que tem o direito de destruí-¬lo. [...]
“Mas conquanto os seguidores do Messias tenham pecado, eles não se entregaram ao
controle das forças satânicas. Arrependeram-se de seus pecados e procuraram o Senhor
em humildade e contrição; e o Advogado divino pleiteia por eles. Aquele que tem sido
insultado ao máximo pela ingratidão deles, Aquele que conhece seus pecados e também
sua contrição, declara: “Adonai te repreenda, ó Satan. Eu dei a Minha vida por essas
pessoas. Elas estão gravadas na palma das Minhas mãos. Elas podem ter imperfeições
de caráter; podem ter falhado em seus esforços; mas se arrependeram, e Eu os perdoei e
aceitei” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 588, 589).
Perguntas para reflexão
1. Onde surgiram as questões sobre a justiça, a lei e a retidão de D-us: na Terra ou no
Céu? A resposta a essa pergunta explica por que há um julgamento celestial?
2. A comunidade Adventista tem proclamado a mensagem do Juízo por muitos anos. O
Messias ainda não voltou. Como devemos reagir a essa aparente demora? Por que é
importante lembrar que temos uma compreensão limitada do tempo? Pense em algumas
das profecias de tempo muito longas e como alguém que viveu naqueles tempos poderia
facilmente ter sido desencorajado acerca do que, de sua perspectiva, parecia estar demorando.
3. Muitos acreditam no conceito do Juízo, que está em toda a Bíblia. Como a ligação entre
o Juízo e o santuário revela verdades sobre a natureza do Juízo e a certeza que ele oferece?
Respostas sugestivas: 1. A cena do juízo, em que os poderes da Terra e seus habitantes são julgados pelo justo Juiz,
que estabelecerá a justiça eterna. 2. D-us estabelece um processo de investigação, de modo que Adão e Eva são
levados a se deparar com seu pecado. A finalidade divina é que a consciência do pecado leve à confissão, ao perdão e
à reconciliação. 3. Para os que reconhecem seu pecado e são cobertos pela graça do Messias, o juízo divino significa
libertação do pecado e dos poderes do mal para uma nova vida no reino da glória. 4. No tempo do fim, antes da segunda
vinda. Nesse juízo pré-advento, D-us vindicará diante do Universo o nome dos salvos. Durante o milênio, a segunda
fase do juízo analisará o caso dos ímpios. Após o milênio, ocorrerá o juízo executivo. 5. D-us não apenas conhece os
que são Seus, mas também apresenta diante do Universo os efeitos de Sua graça na vida deles. Assim, a justiça do caráter
de D-us será comprovada. 6. O seres criados serão reconciliados com o Criador; a justiça de D-us será comprovada;
os remidos serão libertados do pecado e do mal; o reino do Messias será estabelecido; os santos reinarão com Ele;
a rebelião será destruída. 7. Porque o juízo estabelece a vitória da justiça e da verdade. A mentira e a injustiça serão
superadas. 8. Devemos ter consciência de que prestaremos contas de nossa vida a D-us. Por isso, não devemos julgar
nem desprezar os outros. Nossos atos e palavras revelam na prática se aceitamos ou rejeitamos a justiça do Messias
em nossa vida.
Pág. 219
Uma mão divina, porém, estava prestes a abrir as portas da prisão. O rei do Egito teve
em uma noite dois sonhos, que indicavam aparentemente o mesmo acontecimento, e
pareciam prefigurar alguma grande calamidade. Não podia determinar sua significação, e
no entanto continuavam a perturbar o seu espírito. Os magos e sábios de seu reino não
puderam dar a interpretação. A perplexidade e angústia do rei aumentavam, e o terror
espalhou-se por seu palácio. A agitação geral evocou à mente do copeiro-mor as circunstâncias
de seu próprio sonho; com este veio a lembrança de Yosef, e uma compunção de
remorso pelo seu esquecimento e ingratidão. Ele informou de pronto ao rei como o seu
sonho e o do padeiro-mor foram interpretados por um cativo hebreu, e como se cumpriram
as predições.
Pág. 220
Foi humilhante a Faraó volver dos mágicos e sábios de seu reino para consultar um estrangeiro
e escravo; mas estava pronto para aceitar o mais humilde serviço caso pudesse
seu espírito perturbado encontrar alívio. Mandaram chamar imediatamente a Yosef; tirou
suas roupas de prisioneiro, barbeou-se, pois o cabelo crescera muito durante o tempo de
opróbrio e reclusão. Foi então conduzido à presença do rei.
“E Faraó disse a Yosef: Eu sonhei um sonho, e ninguém há que o interprete; mas de ti
ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas. E respondeu Yosef a Faraó, dizendo:
Isso não está em mim; D-us dará resposta de paz a Faraó.” Gên. 41:15. A resposta de
Yosef ao rei, revela sua humildade e fé em D-us. Modestamente não se atribui a honra de
possuir em si sabedoria superior. “Isso não está em mim.” Gên. 41:16. Unicamente D-us
pode explicar estes mistérios.
Faraó então se põe a relatar os sonhos: “Estava eu em pé na praia do rio, e eis que subiam
do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado. E eis
que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista, e magras de carne; não
tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a terra do Egito. E as vacas magras
e feias comiam as primeiras sete vacas gordas; e entraram em suas entranhas, mas não
se conhecia que houvessem entrado em suas entranhas; porque o seu parecer era feio
como no princípio. Então acordei.
PATRIARCAS E PROFETAS
Depois vi em meu sonho, e eis que dum mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas;
e eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu disse-o aos magos, mas
ninguém houve que mo interpretasse.” Gên. 41:17-24.
“O sonho de Faraó é um só”, disse Yosef. “O que D-us há de fazer, notificou-o a Faraó.”
Gên. 41:25. Haveria sete anos de
grande abundância. Campos e hortas produziriam mais abundantemente do que nunca
haviam produzido. E este período seria seguido de sete anos de fome. “E não será conhecida
a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois; porquanto será
gravíssima.” Gên. 41:31. A repetição do sonho era prova tanto da certeza como da proximidade
do cumprimento. “Portanto”, continuou ele, “Faraó se proveja agora dum varão
entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito. Faça isso Faraó, e ponha governadores
sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos
Pág. 221
de fartura. E ajuntem toda a comida destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo
da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem; assim será o mantimento
para provimento da terra, para os sete anos de fome.” Gên. 41:33-36.
A interpretação foi tão razoável e coerente, e a política que a mesma recomendava tão
sólida e sagaz era, que sua correção não poderia ser posta em dúvida. Mas a quem se
poderia confiar a execução do plano? Da sabedoria desta escolha dependia a preservação
da nação. O rei estava perturbado. Por algum tempo foi considerada a questão desta
indicação. Pelo copeiro-mor soubera o rei da sabedoria e prudência demonstradas por Yosef
na administração da prisão; era evidente que ele possuía habilidade administrativa em
grau preeminente. O copeiro, cheio agora de reprovação a si mesmo, esforçava-se por
reparar sua anterior ingratidão, mediante o mais caloroso elogio ao seu benfeitor; e novas
indagações feitas pelo rei demonstraram a correção do que referia ele. Em todo o reino foi
Yosef o único homem dotado de sabedoria para indicar o perigo que ameaçava o país, e o
preparo necessário para enfrentá-lo; e o rei estava convencido de que ele era o mais bem
qualificado para executar os planos que propusera. Era evidente que um poder divino
estava com ele, e que ninguém havia entre os ministros de Estado do rei tão habilitado
para dirigir os negócios da nação em tal momento crítico. O fato de que ele era hebreu e
escravo, era de pouca importância quando ponderado em confronto com sua sabedoria
evidente e são juízo. “Acharíamos um varão como este,
em quem haja o Espírito de D-us?” (Gên. 41:38) disse o rei aos conselheiros.
Esta indicação foi decidida, e a Yosef foi feito o surpreendente anúncio: “Pois que D-us te
fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha
casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que
tu.” Gên. 41:39 e 40. O rei pôs-se em seguida a investir Yosef com as insígnias de seu
elevado cargo. “E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de Yosef, e o fez vestir
vestidos de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo
carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai.” Gên. 41:42 e 43.
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
21 Yosef e Seus Irmãos
Pág. 224
Logo no início dos anos produtivos, começaram-se os preparativos para a fome que se
aproximava. Sob a administração de Yosef imensos depósitos foram construídos em
todos os lugares principais, por toda a terra do Egito, e tomadas amplas disposições para
preservar o excedente da colheita que se esperava. A mesma orientação foi continuada
durante os sete anos de abundância, até que a quantidade de trigo posta em depósito se
achava além de estimativa.
E então começaram a vir os sete anos de escassez, conforme a predição de Yosef. “E havia
fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão. E tendo toda a terra
do Egito fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a
Yosef; o que ele vos disser, fazei. Havendo pois fome sobre toda a terra, abriu Yosef tudo
em que havia
mantimento, e vendeu aos egípcios.” Gên. 41:54-56.
A fome estendeu-se à terra de Canaã, e foi severamente sentida naquela parte do país
em que Ya’acov habitava. Ouvindo falar da provisão abundante feita pelo rei do Egito, dez
dos filhos de Ya’acov viajaram para ali a fim de comprar trigo. À sua chegada foram encaminhados
ao agente do rei e juntamente com outros pretendentes vieram apresentar-se
perante o governador da terra. E eles “inclinaram-se ante ele com a face na terra”. “Yosef,
pois, conheceu os seus irmãos; mas eles não o conheceram.”
Gên. 42:6 e 8. Seu nome hebreu tinha sido mudado por outro, concedido pelo rei; e pouca
semelhança havia entre o primeiro ministro do Egito e o rapaz que haviam vendido aos
ismaelitas. Quando Yosef viu os irmãos curvarem-se e fazerem-lhe mesuras, seus sonhos
vieram-lhe à mente, e as cenas do passado surgiram vividamente diante dele. Seu olhar
penetrante, examinando o grupo, descobriu que Benjamim não estava entre eles. Teria
ele também
Pág. 225
caído como vítima da traiçoeira crueldade daqueles homens ferozes? Decidiu-se a saber
a verdade. “Vós sois espias”, disse ele severamente; “e viestes para ver a nudez da terra.”
Gên. 42:9. Eles responderam: “Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.
Todos nós somos filhos de um varão:
somos homens de retidão; os teus servos não são espias.” Desejou saber se possuíam o
mesmo espírito altivo que tinham quando com eles estava; e bem assim tirar deles alguma
informação com relação à sua casa; bem sabia, contudo, quão enganadoras poderiam
ser as suas declarações. Repetiu a acusação, e eles replicaram: “Nós, teus servos, somos
doze irmãos, filhos de um varão da terra de Canaã; e eis que o mais novo está com
nosso pai hoje; mas um já não existe.” Gên. 42:10 e 13.
Dizendo-se estar em dúvida quanto à veracidade de sua história, e considerá-los ainda
como espias, o governador declarou que os provaria, exigindo deles que ficassem no
Egito até que um deles fosse e trouxesse seu irmão mais moço. Se não consentissem
nisto, deveriam ser tratados como espias. Mas com tal disposição os filhos de Ya’acov
não poderiam concordar, visto que o tempo exigido para levá-la a efeito faria com que
suas famílias sofressem pela falta de alimento; e quem entre eles empreenderia a viagem
sozinho, deixando seus irmãos na prisão? Como poderia esse encontrar o pai, em tais
circunstâncias?
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
Parecia provável que seriam mortos ou escravizados; e, se Benjamim fosse trazido, poderia
ser apenas para participar da sorte deles. Decidiram-se a ficar e sofrer juntos, em vez
de trazerem novas tristezas ao pai pela perda do único filho que lhe restava. Em conformidade
com isto foram lançados na prisão, onde ficaram três dias.
Durante os anos em que Yosef estivera separado dos irmãos, estes filhos de Ya’acov se
haviam mudado em seu caráter. Invejosos, turbulentos, enganadores, cruéis e vingativos
tinham eles sido; mas agora, quando provados pela adversidade, mostraram-se
abnegados, leais uns para com os outros, dedicados ao pai, e, sendo eles homens de
idade mediana, sujeitos à sua autoridade.
Os três dias na prisão egípcia foram de amargurada tristeza, ao refletirem os irmãos em
seus pecados passados. A menos que Benjamim pudesse ser trazido, parecia certa a
convicção a respeito deles como espias; e pouca esperança tinham de obter o consentimento
de seu pai para a ausência de Benjamim. No terceiro dia, Yosef fez com que os
irmãos fossem trazidos perante ele. Não ousava detê-los por mais tempo. Seu pai e as
famílias que com
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ele estavam poderiam já estar a sofrer falta de alimento. “Fazei isto, e vivereis”, disse ele;
“porque eu temo a D-us. Se sois homens de retidão, que fique um de vossos irmãos, preso
na casa de vossa prisão; e vós ide, levai trigo para a fome de vossa casa, e trazei-me
o vosso irmão mais novo, e serão verificadas as vossas palavras, e não morrereis.” Gên.
42:18-20. Esta proposta concordavam em aceitar, exprimindo embora pouca esperança
de que seu pai deixasse Benjamim vir com eles. Yosef se comunicara com eles mediante
um intérprete, e, não fazendo idéia que o governador os compreendesse, conversavam
livremente um com outro em sua presença. Acusavam-se com relação ao tratamento
que deram a Yosef: “Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a
angústia de sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos; por isso vem sobre
nós esta angústia.” Rúben, que havia formulado o plano de entregar em Dotã, acrescentou:
“Não vo-lo dizia eu, dizendo: Não pequeis contra o moço? Mas não ouvistes; e vedes
aqui, o seu sangue também é requerido.” Gên. 42:21 e 22.
Yosef, ouvindo, não pôde dominar suas emoções, e saiu e chorou. À sua volta, ordenou
fosse Simeão amarrado perante eles, e de novo entregue à prisão. No tratamento cruel
a seu irmão, Simeão fora o instigador e principal ator, e foi por esta razão que a escolha
recaiu sobre ele. Antes de permitir que seus irmãos partissem, Yosef deu ordens para que
fossem supridos de trigo, e também que o dinheiro de cada homem fosse colocado secretamente
na boca do respectivo saco. Forragem para os animais, durante a viagem para
casa, também foi suprida. Em caminho, um do grupo, abrindo o saco ficou surpreendido
por encontrar o seu saquitel contendo o dinheiro de prata. Dando a conhecer o fato aos
demais, ficaram alarmados e perplexos, e disseram uns aos outros: “Que é isto que D-us
nos tem feito?” (Gên. 42:28) - pois que deveriam considerar isso como um bom sinal da
parte do Senhor, ou permitira Ele que tal acontecesse para os castigar de seus pecados
e mergulhá-los ainda mais na aflição? Reconheciam que D-us vira seus pecados, e que
agora os estava castigando.
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
Ya’acov estava inquieto, esperando a volta dos filhos, e à sua chegada todo o acampamento
reuniu-se ansiosamente em redor deles enquanto relatavam ao pai tudo que havia
ocorrido. O espanto e a apreensão enchiam todos os corações. O proceder do governador
egípcio parecia implicar algum mau desígnio, e seus temores se confirmaram, quando
ao abrirem os respectivos sacos,
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o dinheiro do possuidor foi encontrado em cada um deles. Em sua angústia o idoso pai
exclamou: “Tendes-me desfilhado; Yosef já não existe, e Simeão não está aqui; agora
levareis a Benjamim. Todas estas coisas vieram sobre mim.” Rúben respondeu: “Mata os
meus dois filhos, se to não tornar a trazer; dá-mo em minha mão, e to tornarei a trazer.”
Este arrebatado discurso não aliviou o espírito de Ya’acov. Sua resposta foi: “Não descerá
meu filho convosco; porquanto seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe sucede algum
desastre no caminho por onde fordes, faríeis descer minhas cãs com tristeza à sepultura.”
Gên. 42:36-38.
Mas a seca continuou, e, com o correr do tempo, o suprimento de trigo que fora trazido do
Egito estava quase esgotado. Os filhos de Ya’acov bem sabiam que seria em vão voltar
ao Egito sem Benjamim. Tinham pouca esperança de mudar a resolução de seu pai, e
aguardavam o desenlace daquilo em silêncio. Cada vez mais negra se tornava a sombra
da fome que se aproximava; no rosto ansioso de todos no acampamento, lia o ancião a
necessidade deles; e finalmente disse: “Tornai, comprai-nos um pouco de alimento.” Gên.
43:2.
Judá respondeu: “Fortemente nos protestou aquele varão, dizendo: Não vereis a minha
face, se o vosso irmão não vier convosco. Se enviares conosco o nosso irmão, desceremos,
e te compraremos alimento; mas se não enviares, não desceremos; porquanto
aquele varão nos disse: Não vereis a minha face se o vosso irmão não vier convosco.”
Gên. 43:3-5. Vendo que a
resolução de seu pai começava a vacilar, acrescentou: “Envia o mancebo comigo, e
levantar-nos-emos, e iremos para que vivamos, e não morramos, nem nós, nem tu, nem
os nossos filhos” (Gên. 43:8); e se ofereceu como fiador por seu irmão, e para assumir a
culpa para sempre se deixasse de restituir Benjamim a seu pai.
Ya’acov não mais podia recusar o seu consentimento, e determinou a seus filhos que se
preparassem para a viagem. Ordenou-lhes também que levassem ao governador um presente
das coisas que o país devastado pela fome, oferecia: “um pouco de bálsamo, e um
pouco de mel, especiarias, mirra, terebinto, e amêndoas”, bem como uma dobrada porção
de dinheiro. “Tomai também a vosso irmão, e levantai-vos”, disse ele, “e voltai àquele
varão.” Quando seus filhos estavam para partir para a sua viagem duvidosa, o idoso pai
levantou-se e erguendo as mãos para o Céu, proferiu esta oração: “E D-us todo-poderoso
vos dê misericórdia diante do varão, para que deixe vir convosco vosso outro irmão, e
Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.” Gên. 43:11, 13 e 14.
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
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De novo viajaram ao Egito, e apresentaram-se perante Yosef. Caindo seu olhar sobre
Benjamim, o filho de sua própria mãe, ficou ele profundamente comovido. Ocultou, entretanto,
a sua emoção, mas ordenou que fossem levados para sua casa, e que se fizessem
preparativos para comerem com ele. Sendo conduzidos ao palácio do governador, os
irmãos estavam grandemente alarmados, receando ser chamados a dar contas do dinheiro
encontrado nos sacos. Pensavam que tivesse sido propositalmente colocado ali, para
dar motivo de os fazer escravos. Em sua aflição consultaram o mordomo da casa, relatando-
lhe as circunstâncias de sua visita ao Egito; e em prova de sua inocência o informaram
de que haviam novamente trazido o dinheiro encontrado nos sacos, como também mais
dinheiro para comprar alimento; e acrescentaram: “Não sabemos quem tenha posto o
nosso dinheiro nos nossos sacos.” Gên. 43:22. O homem respondeu: “Paz seja convosco,
não temais; o vosso D-us, e o D-us de vosso pai, vos tem dado um tesouro nos vossos
sacos; o vosso dinheiro me chegou a mim.” Gên. 43:23. Sua ansiedade aliviou-se; e,
quando Simeão, que fora liberto da prisão, uniu-se com eles, entenderam que na verdade
D-us lhes era gracioso.
Quando o governador de novo os encontrou, apresentaram seus presentes, e humildemente
“inclinaram-se a ele até à terra”. De novo seus sonhos lhe vieram à mente, e, depois
de saudar os seus hóspedes, apressou-se a perguntar: “Vosso pai, o velho de quem
falastes, está bem, ainda vive?” “Bem está o teu servo, nosso pai vive ainda”, foi a resposta,
enquanto de novo se
inclinaram. Então seu olhar repousou em Benjamim, e disse: “Este é o vosso irmão mais
novo de quem me falastes?” “D-us te abençoe, meu filho”; mas, dominado pelos sentimentos
de ternura, nada mais pôde dizer. “Entrou na câmara, e chorou ali.” Gên. 43:27-
30.
Tendo recuperado o domínio de si, voltou, e todos deram início ao banquete. Pelas leis
de castas, aos egípcios era vedado comer com o povo de qualquer outra nação. Os filhos
de Ya’acov tinham portanto uma mesa para si, enquanto o governador, por causa de sua
elevada posição, comia só, e os egípcios também tinham mesas separadas. Quando
todos estavam sentados, os irmãos ficaram surpresos por ver que estavam dispostos
na ordem exata, segundo suas idades. Yosef “apresentou-lhes as porções que estavam
diante dele”; mas a de Benjamim foi cinco vezes mais a de qualquer deles. Por este sinal
de favor para com Benjamim esperava averiguar se o irmão mais moço era olhado com a
inveja e ódio que para com ele foram manifestados. Supondo ainda que
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Yosef não compreendia a sua língua, os irmãos conversavam livremente uns com os outros;
assim teve ele boa oportunidade de conhecer seus verdadeiros sentimentos. Desejava
ainda prová-los mais, e antes de sua partida ordenou que seu próprio copo de
prata fosse escondido no saco do mais moço. Alegremente partiram para a sua volta. Simeão
e Benjamim estavam com eles, seus animais estavam carregados de trigo, e todos
entendiam haver escapado em segurança dos perigos que pareciam cercá-los. Todavia,
apenas tinham alcançado os arredores da cidade quando foram surpreendidos pelo mordomo
do governador, que proferiu a incisiva pergunta: “Por que pagastes mal por bem?
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
Não é este o copo por que bebe meu senhor? e em que ele bem adivinha? Fizestes mal
no que fizestes.” Gên. 44:4 e 5. Supunha-se possuir aquela taça o poder de descobrir
qualquer substância venenosa na mesma colocada. Naquele tempo, taças desta espécie
tinham alto valor como salvaguarda contra o assassínio pelo envenenamento. À acusação
do despenseiro responderam os viajantes: “Por que diz meu senhor tais palavras? Longe
estejam teus servos de fazerem semelhante coisa. Eis que o dinheiro, que temos achado
nas bocas dos nossos sacos, te tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como pois
furtaríamos da casa de teu senhor prata ou ouro? Aquele dos teus servos em quem for
achado, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.” Gên. 44:7-9.
“Ora seja também conforme as vossas palavras”, disse o mordomo; “aquele em quem se
achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.” Gên. 43:10.
Começou-se imediatamente a pesquisa. “Eles apressaram-se, e cada um pôs em terra o
seu saco” (Gên. 44:11), e o mordomo examinou cada um, começando com o de Rúben, e
fazendo-o por ordem, até o do mais moço. No saco de Benjamim foi encontrado o copo.
Os irmãos rasgaram as vestes em sinal de completa desgraça, e vagarosamente voltaram
à cidade. Em virtude de sua própria promessa, Benjamim estava condenado a uma
vida de escravidão. Acompanharam o mordomo até o palácio, e, encontrando ainda ali o
governador, prostraram-se diante dele: “Que é isto que fizestes?” disse ele. “Não sabeis
vós que tal homem como eu bem adivinha?” Gên. 44:15. Yosef tencionava extorquir-lhes
o reconhecimento de seu pecado. Nunca pretendera o poder de adivinhação, mas queria
fazê-los crer que podia ler os segredos de suas vidas.
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Judá respondeu: “Que diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos?
Achou D-us a iniquidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor,
tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.” Gên. 44:16.
“Longe de mim que eu tal faça”, foi a resposta; “o varão em cuja mão o copo foi achado,
aquele será meu servo; porém vós subi em paz para vosso pai.” Gên. 44:17.
Em sua profunda angústia Judá aproxima-se então do governador, e exclama: “Ai senhor
meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se
acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.” Com palavras de tocante
eloquência descreveu a dor de seu pai pela perda de Yosef, e sua relutância em deixar
Benjamim vir com eles ao Egito, visto ser ele o único filho que restava de sua mãe Raquel,
a quem Ya’acov amava tão ternamente. “Agora pois”, disse ele, “indo eu a teu servo
meu pai, e o moço não indo conosco, como a sua alma está atada com a alma dele, acontecerá
que, vendo
ele que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso
pai, com tristeza, à sepultura. Porque teu servo se deu por fiador por este moço para
com meu pai, dizendo: Se não to tornar, eu serei culpado a meu pai todos os dias. Agora,
pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço
com seus irmãos. Por que como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? para
que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.” Gên. 44:18, 30-34.
PATRIARCAS E PROFETAS (cont.)
Os Sonhos do Faraó
Após Yossef ter permanecido na prisão por doze anos, D’us decidiu: “Vou pô-lo em liberdade
agora.” Por isso, D’us fez com que o Faraó tivesse pesadelos à noite.
Vocês sabem o que o Faraó sonhou?
Ele estava no rio Nilo. Sete vacas estavam saindo do rio. Eram gordas e bem alimentadas.
Em seguida, saíram do rio mais sete vacas. Mas estas eram totalmente diferentes!
Eram magras e esfomeadas.
O sonho continuou. As sete vacas magras e esfomeadas abriram suas bocas e engoliram
as sete vacas gordas e sadias. Não sobrou nada delas; porém, as vacas magras não ficaram
mais gordas depois de comerem as vacas sadias.
Na verdade, era um sonho estranho, mas o Faraó não teve tempo de pensar sobre ele
quando acordou, pois adormeceu novamente e sonhou de novo.
Sete lindas e grandes espigas de trigo estavam saindo para fora de uma haste. Cada
caroço era grande e cheio.
De repente, o Faraó viu mais sete espigas brotando, mas eram diferentes: elas cresciam
em sete hastes separadas ao invés de uma só. Além disso, cada espiga era tão fina e
murcha que dava pena.
E as sete espigas de trigo, finas e murchas, abocanharam as sete espigas grandes e
cheias.
Yossef é Chamado Perante o Faraó
Vocês podem imaginar o estado do Faraó quando ele acordou? O que poderiam significar
estes sonhos tão estranhos?
O Faraó ordenou que todos os seus sábios e mágicos se reunissem no palácio.
“Expliquem-me os meus sonhos,” ordenou.
Os mágicos tinham muitas idéias originais, cada um tinha uma explicação diferente para
os sonhos do Faraó. Um deles disse:
“É muito claro, meu Faraó, que tenhas sonhado com sete vacas gordas e sadias, porque
tua mulher dará à luz sete filhas. Em seguida, vistes as sete vacas sadias serem engolidas
porque, ai de mim, todas tuas sete filhas morrerão.”
SELEÇÕES DO MIDRASH
Um outro continuou:
“E vistes sete lindas espigas de trigo porque vais conquistar sete países. Sete espigas
magras engoliram as boas, significando que, mais tarde, perderás estes sete países.”
Mas o Faraó não estava satisfeito. Seus mágicos sabiam como explicar o número “sete”,
mas por que tinha ele visto sete vacas saindo do rio e sete espigas de trigo ao invés de
sete cães ou sete árvores, ou qualquer outro objeto? Seus mágicos não tinham respostas
para suas perguntas.
“Não há ninguém aqui que possa explicar corretamente meu sonho?” - gritou o Faraó.
De repente, o adegueiro pensou num homem que sabia como explicar sonhos. Yossef! E
exclamou:
“Eu conheço o homem certo! Uma vez, ele explicou dois sonhos e os dois se realizaram.
Mas este homem está na prisão.”
“Traga-o aqui imediatamente!” - ordenou o Faraó.
Um mensageiro correu rápido para a prisão. O cabelo de Yossef foi aparado e sua roupa
trocada para que ficasse apresentável perante o Faraó. E ele foi levado para o palácio.
“Ouvi dizer que sabes como explicar sonhos,” cumprimentou o Faraó a Yossef. Yossef
respondeu:
“Nenhum homem pode saber o verdadeiro significado dos sonhos; somente D’us sabe.
D’us pode revelar para mim a verdadeira explicação de seus sonhos.”
Yossef não ficou orgulhoso quando o Faraó o chamou diante de si. Ele não tinha a pretensão
de saber como explicar um sonho.
Uma História: Rabi Akiva e o Pobre Homem Rico
Certa vez, Rabi Akiva queria vender uma pérola. Procurou um comprador que lhe oferecesse
um valor alto, porque a pérola era tão linda que era difícil encontrar outra igual. No
mercado, todos souberam que Rabi Akiva tinha uma pérola rara e linda para vender.
Um dia, quando Rabi Akiva passou pela sinagoga, um homem com roupas esfarrapadas e
rasgadas se ergueu do banco onde se sentavam os mendigos e disse para o Rabi:
“Soube de sua pérola e vou lhe pagar o preço que pede.”
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Rabi Akiva olhou espantado para o homem pobre. Como ele poderia ter dinheiro suficiente
para comprar uma pérola tão cara? Seria um trapaceiro? Ou estaria apenas fazendo
uma brincadeira?
Mas o homem pediu a Rabi Akiva que fosse a sua casa. Ele lhe pagaria lá. O homem conduziu
Rabi Akiva até a casa. Não era uma choupana, mas uma linda mansão, onde apareceram
criados bem vestidos que ofereceram uma refeição para Rabi Akiva e seus alunos.
O “pobre” homem trouxe ouro e pagou a Rabi Akiva o preço total. E ordenou a um criado
que guardasse a pérola num lugar seguro onde ele guardava mais seis pérolas iguais.
“Se és tão rico,” perguntou Rabi Akiva ao homem, “por que usas roupas de pobre? E por
que sentas no banco dos mendigos da sinagoga?”
“Rabi,” explicou o homem, “a vida de um homem não é curta? Em breve, estarei na sepultura.
Para lembrar a mim mesmo que não vou ter minhas riquezas para sempre, sento-me
com as pessoas pobres. Deste modo, não fico orgulhoso por causa da fortuna que D’us
me deu. E também há outra vantagem em sentar entre os pobres. Se alguma vez perder
minha fortuna, não ficarei aborrecido, porque sei que um mendigo e um homem rico são
iguais, como se diz, ‘Não fomos todos criados por um Pai e um D’us?’ Eu sei que D’us
odeia as pessoas orgulhosas “.
Quando Rabi Akiva ouviu isso, elogiou o homem.
“Eu gostaria que todas as pessoas ricas tirassem um exemplo de sua humildade!” - exclamou
ele.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
A Interpretação
Yossef escutou com atenção enquanto o Faraó relatava seus sonhos.
D’us deu para Yossef Ruach Hacôdesh (espírito da profecia) e ele compreendeu o verdadeiro
significado dos sonhos. Yossef explicou para o Faraó:
“Os seus dois sonhos - aquele que se refere às vacas e o que se refere às espigas de
trigo - predizem o mesmo acontecimento. Nos próximos sete anos, D’us dará ao Egito comida
em abundância. Haverá mais produção nos sete anos de abundância do que o povo
poderá comer. Estes sete anos bons são representados, nos seus sonhos, pelas sete
vacas gordas e pelas espigas grandes de trigo.”
“Depois destes sete anos de fartura, porém, virá uma terrível fome. Por isso, D’us lhe
mostrou as sete vacas magras e esfomeadas e as sete espigas de trigo murchas. As
vacas magras devoraram as gordas e as espigas murchas engoliram as cheias porque os
anos de fome serão tão terríveis que as pessoas esquecerão os anos bons.”
A explicação de Yossef fazia sentido para o Faraó. Um sonho em que o Nilo que regava a
terra tinha a ver com comida. As vacas que pastavam nos campos também dependiam do
Nilo e as espigas de trigo eram a comida. Na explicação de Yossef, tudo se encaixava.
O Midrash Explica: A Fome que foi Diminuída
Na realidade, quantos anos de fome tinha D’us planejado trazer para o Egito? A resposta
é: 42 anos.
Sabemos disto pelo fato de que a Torá repete os sonhos do Faraó seis vezes:
1. O Faraó sonhou que sete vacas magras emergiram do Nilo.
2. O Faraó sonhou que sete espigas de trigo murchas cresceram.
3. O Faraó disse para Yossef: “Vi sete vacas magras saindo do rio.”
4. O Faraó disse para Yossef: “Vi sete espigas de trigo murchas.”
5. Yossef explicou ao Faraó: “As sete vacas magras fazem alusão aos sete anos de
fome.”
6. Yossef explicou ao Faraó: “As sete espigas murchas de trigo fazem alusão à mesma
coisa: sete anos de fome.”
A Torá nos fala seis vezes sobre os sete anos de fome para insinuar que, na realidade,
D’us planejou quarenta e dois anos de fome para o Egito. Mas Yossef rezou:
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
“Por favor, D’us, traga somente sete anos de fome!”
D’us aceitou a reza do Tsadic (justo) e reduziu a fome para sete anos.
Quando Yaacov foi para o Egito depois de dois anos de fome, ele abençoou o Faraó:
“Possa D’us cessar a fome.”
D’us realizou a bênção de Yaacov e a fome terminou. Por causa dos dois Tsadikim (justos),
a fome foi reduzida de quarenta e dois anos para dois.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Yossef Torna-se Governante
Yossef disse para o Faraó:
“Não tenhas medo da fome. Por que D’us te mostrou estes sonhos? Para preveni-lo de
que deves se preparar com antecedência para os anos de fome. Então o país não passará
fome. “Nomeia um homem sensato para reunir todo o alimento a mais nos anos de
abundância. Ele irá armazená-lo e distribuí-lo nos anos de fome que virão. Deste modo,
todos terão alimento.”
O Faraó ficou muito satisfeito com o sábio conselho de Yossef e disse para seus ministros:
“Alguma vez, vocês viram um homem como Yossef, que tem o entendimento de D’us? Ele
é o homem mais sábio do país, assim vou encarregá-lo de reunir e armazenar os alimentos
nos anos de abundância.”
O Faraó tirou seu anel e o colocou no dedo de Yossef:
“Com isto, eu te nomeio governante do Egito,” disse. “Somente eu, o Faraó, estou acima
de ti. A não ser eu, todos no país devem te obedecer.”
O Faraó chamou Yossef por um novo nome, Tsofnat Paneach, que quer dizer, “O Revelador
de Segredos,” porque Yossef foi capaz de explicar os segredos dos sonhos do Faraó.
O Faraó ordenou a Yossef que se casasse. D’us fez com que Yossef encontrasse uma
esposa vinda da família de Yaacov. Seu nome era Asnat.
Asnat deu-lhe dois filhos. Ao mais velho, deu o nome de Menashê e ao mais novo,
Efrayim.
O que Aconteceu nos Anos de Fome
Os sonhos do Faraó aconteceram exatamente como Yossef havia previsto.
Durante os anos de produção farta, Yossef reuniu toneladas de alimentos, colocando-os
em armazéns especiais.
Sete anos depois, começou a fome. Nenhuma espiga cresceu. Todos os alimentos que os
egípcios puseram em armazéns particulares se estragaram, mas não aqueles armazenados
por Yossef. Todos os egípcios foram forçados a comprar alimentos de Yossef.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Viagem ao Egito
Os países ao redor do Egito também sofreram com a fome. Na casa de Yaacov, na Terra
de Canaã, não havia sobrado muita comida.
Yaacov disse a seus filhos:
“Ouvi, de pessoas que voltam do Egito que naquele país há bastante grãos para vender.
Quero que vocês viajem para o Egito e comprem comida para nós. Binyamin, porém, não
irá com vocês. Ele é o único filho que me resta da minha querida esposa Rachel e tenho
medo que alguma desgraça possa acontecer a ele na viagem.”
Yossef Age Como um Estranho Perante Seus Irmãos
Yossef sabia que, mais dia, menos dia, seus irmãos viriam ao Egito comprar comida. Emitiu
uma ordem aos guardas de todos os portões da capital do Egito, “Anotem o nome de
todos que entrarem na cidade e me mostrem a lista todas as noites.”
Uma noite, Yossef encontrou na lista dos que chegaram ao Egito dez nomes familiares.
Mas cada nome da lista era de um portão diferente:
Reuven, filho de Yaacov
Shimon, filho de Yaacov
Levi, filho de Yaacov
Yehudá, filho de Yaacov
Yissachar, filho de Yaacov
Zevulun, filho de Yaacov
Dan, filho de Yaacov
Naftali, filho de Yaacov
Gad, filho de Yaacov
Asher, filho de Yaacov
Finalmente seus irmãos chegaram! Mas onde estava Binyamin? ‘Está faltando seu nome
na lista,’ pensou Yossef. ‘Será que meus irmãos também o venderam? Será que eles também
o odeiam como odiavam a mim?’
Yossef ordenou a seus criados:
“Tragam estes homens diante de mim.”
Quando os irmãos apareceram, Yossef os reconheceu, mas eles não o reconheceram.
Yossef pensou que se lhes dissesse: “Eu sou Yossef,” eles ainda podiam odiá-lo e rejeitá
-lo. Yossef decidiu. “Vou testá-los primeiro para ver se eles estão ou não arrependidos de
terem me vendido.”
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Os irmãos se curvaram diante do governante egípcio e Yossef se lembrou de seus sonhos
e pensou: “Sonhei que Binyamin também se curvaria perante mim e mais tarde meu pai
também. Mas por que Binyamin não está aqui? Preciso descobrir.”
Yossef se dirigiu a seus irmãos com severidade:
“Soube que todos vocês entraram na cidade por portões diferentes,” disse-lhes. “Somente
espiões agem assim. Vocês vieram por caminhos diferentes para descobrir os segredos
do Egito. Vocês são um grupo de espiões.”
Os filhos de Yaacov protestaram.
“Não, somos todos irmãos! Nosso pai recomendou para entrar por portões diferentes ao
invés de por um único. Ele tinha medo que as pessoas fossem ficar com inveja e desejar
o mal se vissem dez irmãos juntos, belos e fortes. Na verdade, somos doze irmãos, mas o
mais novo ficou em casa e um outro está perdido no Egito. Estávamos procurando por ele
na cidade, não somos espiões.”
Yossef respondeu asperamente:
“Não acredito em vocês! Vocês são um grupo de espiões. Se querem provar que estão
dizendo a verdade, mandem um de vocês para casa para trazer seu irmão mais novo.
Enquanto isto, o resto ficará prisioneiro.”
Para provar que falava a sério, Yossef colocou os dez irmãos na prisão por três dias.
Quando os soltou, ordenou:
“Agora vão para casa e levem comida para suas famílias. Mas guardem minhas palavras,
na próxima vez que vierem, tragam seu irmão mais novo e então acreditarei em suas desculpas.
Caso contrário, mandarei matá-los como espiões”.
Os irmãos ficaram assustadíssimos pela inesperada aspereza do governante egípcio.
Disseram um ao outro em hebraico: “Por que D’us trouxe esta desgraça sobre nós? Certamente
está nos castigando porque não tivemos piedade de Yossef quando nos implorou
para não vendê-lo.”
Reuven repreendeu os outros:
“Eu não disse que Yossef agia como criança? Ele não merecia ser vendido como escravo.
Vocês deveriam ter sido mais brandos com ele.”
Os irmãos pensavam que o governante egípcio não entendia hebraico. Toda vez que os
irmão falavam com ele, Yossef pedia que suas palavras fossem traduzidas para o egípcio,
pois não queria que os irmãos soubessem que ele entendia hebraico.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Mas, naturalmente, Yossef entendia tudo o que eles diziam. Ele se virou e começou a
chorar pois estava com pena de seu sofrimento. Mas decidiu que ainda não era hora de
dizer-lhes que era Yossef. Disse aos irmãos:
“Vou reter um de vocês, Shimon, aqui na prisão, até ver vocês de volta com seu irmão
mais novo.”
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Binyamin é Levado
Antes dos irmãos saírem, Yossef ordenou a seu filho Menashê:
“Quando você encher os sacos destes homens com grãos, ponha de volta o dinheiro que
trouxeram para pagar a comida.”
Mais tarde, os irmãos descobriram que o dinheiro foi devolvido a seus sacos. Eles tremeram.
Por que o governante teria feito isto? Eles disseram a seu pai Yaacov:
“O governante egípcio foi muito severo. Acusou-nos: ‘Vocês são espiões!’ Nós negamos,
mas ele disse: ‘Só vou acreditar se trouxerem seu irmão mais novo.’”
“O que vocês me fizeram?” - gritou Yaacov. “Primeiro Yossef desapareceu. Depois, Shimon
está preso no Egito. E agora vocês querem levar Binyamin também. Não permitirei.”
Os irmãos ficaram sem resposta. Mas quando sua reserva de comida estava quase no
fim, Yehudá mostrou a Yaacov:
“Pai, você quer deixar todos nós morrermos de fome? Não temos escolha, temos de voltar
ao Egito para comprar comida. Fico responsável por Binyamin. Garanto trazê-lo de volta.”
Com um peso no coração, Yaacov disse a seus filhos:
“Uma vez que não há outra saída, levem Binyamin com vocês. Devolvam para o egípcio o
dinheiro que vocês acharam nos sacos e levem-lhe um presente.”
Os irmãos São Convidados ao Palácio de Yossef
Quando os irmãos voltaram para a capital do Egito e foram ao palácio do governante com
Binyamin, eles o viram e se curvaram perante ele. O primeiro sonho de Yossef se concretizou:
todos seus irmãos se curvaram diante dele. Ele disse aos servos para dizer-lhes
que Tsofnat Paneach (como Yossef era chamado) estava convidando a todos para uma
refeição. Isto assustou os irmãos. Será que o egípcio acharia uma nova desculpa para
castigá-los?
Quando os irmãos foram mandados entrar na sala de jantar, Yossef disse-lhes palavras
amigáveis, especialmente para Binyamin, seu irmão mais novo. Antes de começarem a
refeição, mostrou-lhes seu copo:
“Posso fazer truques com este copo. Com a ajuda dele posso sentar vocês à mesa na
ordem certa.”
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
Yossef deu um tapinha em seu copo e exclamou:
“Reuven, Shimon, Levi, Yehudá, Yissachar e Zevulun - todos são filhos de uma mesma
mãe, sentem-se juntos. Dan e Naftali sentem-se juntos por terem a mesma mãe. Gad e
Asher, fiquem juntos. A mãe de Binyamin não vive mais e nem a minha, então ele sentará
comigo.”
Os irmãos ficaram assombrados com a “mágica” do Tsofnat Paneach. Isto era exatamente
o que Yossef queria. Não queria que eles suspeitassem de sua identidade e agiu como
um mágico egípcio.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
O ‘Roubo’ do Copo
Antes dos irmãos saírem, Yossef ordenou a seu filho Menashê:
“Encha seus sacos com comida.” E acrescentou, quando ninguém mais ouviu: “Também
esconda meu copo no saco de Binyamin.”
Pouco depois, Yossef ordenou a seu filho Menashê:
“Corra atrás dos irmãos! Acuse-os de terem roubado meu copo.”
Menashê cavalgou atrás dos irmãos e os alcançou. Ele os acusou:
“Demos por falta do copo mágico do governante. Um de vocês o roubou.”
Os irmãos responderam:
“Nós não o roubamos! Você não sabe que até devolvemos o dinheiro que encontramos
em nossas sacolas quando voltamos para casa da primeira vez?”
Menashê respondeu:
“Contudo, tenho ordens de procurar em todos os seus pertences.”
Os irmãos descarregaram todas as sacolas e as abriram. Menashê procurou e o que ele
tirou da sacola de Binyamin? O copo mágico de Yossef.
Os irmãos ficaram chocados! Como o copo do governante fora parar na sacola de Binyamin?
Este lhes assegurou:
“Eu não peguei o copo. Esta é mais uma conspiração mesquinha do egípcio para nos
castigar.”
Menashê disse aos irmãos que deveriam voltar com ele para o palácio para serem julgados
pelo governante pelo seu crime. Os irmãos não tiveram outra escolha senão obedecer
e voltaram ao Egito com Menashê.
Quando estavam novamente diante de Yossef, este os censurou.
“O que vocês fizeram? Vou ficar com o ladrão como meu escravo. Vocês todos podem ir
para casa.”
Por que Yossef fez esta encenação com os irmãos?
Yossef queria fazer um teste com eles: Será que eles concordariam em deixar Binyamin
para trás como escravo sem o ajudar, tal e qual fizeram com Yossef? Ou eles se levantariam
para defender Binyamin? Então ele saberia que eles tinham caráter e não eram
maus. E ele se revelaria para eles como Yossef.
SELEÇÕES DO MIDRASH (cont.)
CHANUCÁ
FESTIVAL DAS DAS LUZES
FESTA DA DEDICAÇÃO
Significado de Chanucá
Chanucá significa, literalmente, “Inauguração”. A festa recebeu este nome
em comemoração ao fato histórico de que os macabeus “chanu” (descansaram)
das batalhas no “cá” (25º dia) de Kislêv.
Duração: 8 dias.
Por que comemora-se
Antiocus, rei da Síria, governou a Terra de Israel depois da morte de Alexandre,
o Grande. Pressionou os judeus a aceitarem a cultura greco-helenista,
proibindo o cumprimento das mitsvot (preceitos) da Torá e forçando a prática
da idolatria pagã.
Antiocus foi apoiado por milhares de soldados de seu exército. Em 165 AEC,
os Macabeus, corajosos lutadores oriundos de uma família de muita fé, os
Chashmonaim, apesar do antagonismo esmagador, saíram vitoriosos de uma
batalha travada contra o inimigo.
O Templo Sagrado, violado pelos rituais greco-pagãos, foi novamente purificado
e consagrado e a Menorá (candelabro) reacesa com o azeite puro de
oliva, descoberto no Templo.
A quantidade encontrada era suficiente para apenas um dia, mas milagrosamente
durou 8 dias, até que um novo óleo puro pudesse ser produzido e
trazido ao Templo. Em lembrança destes milagres comemoramos Chanucá
durante oito dias.
(chabad.org)
Chanucá não está na Torá
Chanucá não é encontrado nas escrituras, pois é um feriado Rabínico estabelecido
após o a Torá e os profetas serem escritos. O último dos profetas
viveu no final do primeiro Templo e início do Segundo Templo. A história da
Chanucá aconteceu uns duzentos anos após o início do segundo templo.
Torá é a minha vida
Chanucá está fortemente associada à mitzvá de Tzedaká (caridade) e a mitzvá
de estudo da Torá.
Um dos muitos decretos feitos contra os Judeus nos dias dos Macabeus foi a
proibição do estudo da Torá. Eles colocavam suas vidas em risco ao estudarem
a Torá.
Na verdade um judeu sem a Torá é como um corpo sem alma. Torá é a vida
do judeu, e como dizemos a cada manhã em nossas orações: “Torá e mitzvot
são nossa vida”. Uma das mitzvot de Chanucá é aumentar o espírito de doação
para a caridade e ajudar a espalhar a luz da Torá. A Chanucá nos ensina
que não é suficiente termos apenas nossa experiência linda e aconchegante
de nossa herança espiritual, mas devemos acender as luzes da Chanucá
próximas à Janela, então outros terão o benefício da luz espiritual também.
Weekly Jewish-Adventist Journal of Information – Traduzido por BBTS Floripa
Sobre Chanucá
Por Eliyahu Kitov
Os oito dias da Festa de Chanucá começam em 25 de Kislev. As luzes são
acesas toda noite durante os oito dias da festa.
Os Sábios (Shabat 21b) perguntaram: O que é Chanucá? Os Rabinos ensinaram:
A partir do vigésimo quinto dia de Kislev, são observados oito dias de
Chanucá, durante os quais não são feitas eulogias e o jejum não é permitido.
Pois quando os gregos entraram no Santuário, profanaram todos os azeites
[usados para acender a Menorá]. E quando a Casa Hasmoneana prevaleceu
e os derrotou, eles procuraram e encontraram apenas uma ânfora de azeite
com o selo do Cohen Gadol – e esta jarra tinha azeite suficiente para queimar
um dia. Mas ocorreu um milagre e o azeite ardeu durante oito dias.
No ano seguinte, os Sábios designaram estes oito dias como uma festa, com
canções de louvor e agradecimentos. Durante o período do segundo Templo
Sagrado, os reis gregos emitiram decretos rigorosos contra Israel, banindo
suas práticas religiosas e proibindo-os de estudar Torá e cumprir as mitsvot.
Eles roubaram o dinheiro e suas filhas, entraram no Santuário e os atacaram,
profanando tudo que era ritualmente puro. Causaram grande angústia a
Israel e oprimiram os judeus até que o D’us dos nossos pais teve misericórdia
deles e os libertou, salvando-os das mãos de seus inimigos. A Casa Hasmoneana
– os Cohanim Guedolim – prevaleceram, matando-os e salvando
Israel das mãos deles. E eles nomearam um rei dentre os cohanim, e o reino
de Israel foi restaurado por mais de duzentos anos, até a destruição do Segundo
Templo Sagrado.
Foi no dia 25 de Kislev que Israel prevaleceu e venceu seus inimigos. Entraram
no Santuário e encontraram apenas uma ânfora [de azeite] puro. Continha
o suficiente para um dia, mas eles acenderam as luzes da Menorá e
durou oito dias, até que prensassem azeitonas para extrair azeite puro
(Rambam, Hilchot Chanuca 3).
Os Sábios daquela geração portanto decretaram que esses oito dias, começando
em 25 de Kislev, fossem designados dias de júbilo e louvor, e que se
acendessem luzes na entrada das casas em cada uma dessas oito noites,
para divulgar o milagre. E estes dias são chamados de Chanucá – [inauguração,
consagração; pode-se também interpretar a palavra como] chanu [eles
descansaram] ca [no vigésimo quinto] – pois no vigésimo quinto dia eles descansaram
da batalha contra seus inimigos.
O Talmud declara que os dias foram designados para “prece e agradecimento”.
Cumprimos a obrigação de “louvor” recitando Hallel completo durante Shacharit,
as preces matinais em todos os oito dias de Chanucá. A obrigação de
“agradecimento” é cumprida recitando-se Al haNissim que é inserido na prece
Amida e no Bircat Hamazon, prece de Graças Após as Refeições quando
se ingere pão, hamotsi.
História de Chanucá Resumida
A Ocupação Síria
Há mais de 2000 anos, o rei selêucida Antiochus III governava Israel. A princípio,
ele tratava com bondade os judeus e lhes dava alguns privilégios;
porém quando os romanos o derrotaram, Antiochus forçou os povos de seu
império a fornecerem o ouro necessário para pagar os tributos romanos. Seu
filho e sucessor, Seleucus IV, continuou a opressão.
Porém o pior conflito causado pela ocupação síria de Israel veio de dentro,
com o crescimento do poder dos judeus “helenistas”, que adotaram a cultura
grega idólatra. O Cohen Hagadol, Sumo Sacerdote, Yochanan, previu o perigo
dessa influência. Enfurecidos por essa oposição, os helenistas tentaram
fomentar o conflito entre o Rei Seleucus e Yochanan.
“Louco!”
Logo, Seleucus foi assassinado e seu irmão Antiochus IV tornou-se rei. Um
tirano cruel, Antiochus zombava da liberdade religiosa. Era chamado “Epifânio”
(amado pelos “deuses”), porém um historiador contemporâneo, Polebius,
chamou este rei perverso de “Epimanes”, que significa “louco”.
Esperando impôr uma religião e cultura comuns, Antiochus negou a liberdade
religiosa aos judeus, suprimindo a Lei da Torá. Ele instalou o irmão de Yochanan
em seu lugar, o helenista Jason, como ele chamava a si mesmo em
grego – que passou a divulgar os costumes gregos no sacerdócio. No entanto,
seu amigo helenista Menelau expulsou Jason. Enquanto isso, Antiochus
empreendeu uma guerra bem-sucedida contra o Egito.
Roma exigiu que ele parasse, e ele cedeu. Em Jerusalém, nesse interim,
espalharam-se boatos da morte acidental de Antiochus, e o povo se rebelou
contra Menelau, que fugiu.
Mártires
Antiochus soube DA rebelião em Jerusalém; já furioso por ter suas ambições
frustradas no Egito, enviou seu exército para atacar os judeus, matando milhares.
Emitiu então decretos severos proibindo a religião judaica, confiscando
e queimando Rolos de Torá. Guardar o Shabat, realizar a circuncisão e
cuidar as leis dietéticas eram agora castigadas com a morte. Apegando-se à
sua fé, milhares de judeus sacrificaram a própria vida.
Matityahu…
Por fim, os soldados de Antiochus chegaram à aldeia de Modi’in. Construíram
um altar na praça principal e exigiram que Matityahu, um sacerdote
idoso e líder da comunidade, oferecesse sacrifícios aos deuses gregos. Ele
recusou, professando a lealdade do seu povo ao pacto de D’us com Israel.
Quando um judeu helenista aproximou-se para oferecer um sacrifício, Matityahu
agarrou a espada e matou-o. Seus filhos e seguidores mataram muitos
invasores e perseguiram os restantes, depois destruíram o altar. Matityahu
sabia que Antiochus certamente enviaria soldados; então ele e um bando de
seguidores fugiram rumo às colinas da Judéia.
…e filhos
À beira da morte, Matityahu conclamou seus filhos a continuarem sua luta.
Um irmão, Shimon “o Sábio”, os guiaria; outro os lideraria na guerra, Yehudá,
“o Forte” – chamado Macabeu, um acrônimo do hebraico “Mi Camocha Ba’elim
Hashem” – “Quem é como Tu, ó D’us”.
Antiochus enviou Apolônio para eliminar os Macabeus. Embora maior e mais
bem equipado, o exército de Apolônio foi derrotado pelos Macabeus, que
agora derrotavam uma tropa síria atrás da outra. Antiochus decidiu mostrar
seu poder militar para esmagar o corajoso pequeno bando de judeus. Mais
de 40000 soldados sírios foram enviados à luta. Após uma série de batalhas,
os Macabeus venceram!
Uma pequena ânfora
Em seguida, os Macabeus foram libertar Jerusalém. Tiraram do Templo os
ídolos ali colocados pelos sírios. Construíram um novo altar, consagrado a 25
de Kislêv de 3595 (165 AEC).
Os sírios tinham roubado a Menorá de ouro do Templo, portanto os Macabeus
imediatamente fizeram uma nova, porém de metal menos nobre. Embora
o azeite impuro pudesse ser usado para acender a lamparina do Templo
se necessário, eles insistiram em usar apenas a única ânfora de azeite com
o selo do ultimo Sumo Sacerdote justo, Yochanan.
Aquela pequena e única ânfora, contendo azeite somente para um dia, durou
os oito dias, conforme comemoramos todos os anos: os Oito Dias de Chanucá.
Chanucá Dentro de Nós
Alexandre Magno era o líder do Império Grego e, ao completar 21 anos, tinha
conquistado a maior parte do mundo conhecido. Ele respeitava os judeus.
Não queria guerrear contra a minúscula Judéia; apenas exigia pesados impostos.
O Talmud detalha muitas conversas que o jovem Alexandre tinha com
os sábios judeus, muitos dos quais viajaram até a Grécia para serem tutores
da realeza.
A morte de Alexandre em 165 AEC dividiu o Império Grego em três territórios:
Grécia, Egito e Síria.
Dez anos depois, em 155 AEC, Antíoco IV tentou dominar os territórios sírios,
que incluíam Israel.
Os sírios-gregos, denominados selêucidas, não tinham interesse na coexistência,
mas sim na assimilação. O Talmud, O Livro dos Macabeus, Josephus
e outras obras narram em detalhes os eventos de Chanucá. Antíoco IV enviou
seus ministros para impingir a cultura grega no povo de Israel. A maioria
dos judeus se conformou. O que mais poderiam fazer contra o poder do
império?
Sobre este período, o Zohar declara: “Os gregos obscureceram os olhos de
Israel com seus decretos.”
A Festa de Chanucá fala da luz vencendo as trevas. Nosso mundo está
atualmente vivendo uma época especialmente tenebrosa. Temos medo até
de abrir as cartas que recebemos. Nossos filhos e filhas, amigos e vizinhos
estão espalhados pelo mundo, lutando contra um inimigo que não tem fronteiras.
“A alma do homem é a lamparina de D’us” (Mishlê 23:27). Nosso desafio,
estejamos nós nas linhas de frente ou lutando com o tráfego na volta
para casa, é trazer luz a este mundo. A razão pela qual as velas de Chanucá
são acesas ao anoitecer é para nos lembrar que, mesmo nos momentos
mais escuros, temos o potencial de iluminar, se acendermos uma chama.
Antíoco IV, denominado Epifânio (o ilustre) por seus amigos, e Epimanes por
seus inimigos, não construiu guetos, forçou conversões ou tentou aniquilar
o povo judeu, como o Faraó e Nabucodonosor tentaram tramar antes dele.
Também não pretendia destruir sua cultura.
Em vez disso, proibiu o cumprimento de determinadas mitsvot (ações Divinas),
prevendo que isso levaria ao fim do Judaísmo como religião e nação
única. Ele queria que os judeus fossem apenas mais uma tribo conquistada.
E assim, declarou guerra às suas almas.
Os gregos eram grandes filósofos. Reconheciam as mitsvot como parte de
uma grande cultura, e a Torá como uma grande obra da literatura judaica. O
que não podiam tolerar era que “D’us, Criador do Universo, tivesse ordenado
a prática dessas mitsvot.” Nas palavras da prece recitada em Chanucá,
os gregos procuraram fazer os judeus se esquecerem da Torá [de D’us], e a
deixar de cumprir os mandamentos [de D’us]. “ Sempre que cumprimos uma
mitsvá, tornamo-nos o autógrafo de D’us em Sua obra prima, declarando de
forma absoluta que esta não é uma selva, onde o mais forte devora o fraco.
É um lindo jardim, repleto da luz de seu Criador.
O Helenismo, a cultura grega, significava aceitar seus deuses pagãos e a
filosofia grega. Os judeus que aceitavam a opinião helenista logo ganhavam
poder e proeminência. Porém muitos judeus permaneciam fiéis a suas crenças.
Eliezer, um Cohen (sacerdote judeu), foi executado publicamente porque
se recusou a abandonar sua fé. Muitas mulheres judias foram assassinadas
por terem os filhos circuncidados. Os sete filhos de Hanna, uma judia
simples, foram condenados à morte por se recusarem a inclinar-se perante
deuses pagãos.
O grande problema para os Selêucidas começou na aldeia de Mod’in, quando
o idoso Cohen Matitiyáhu gritou: “Quem está do lado de D’us, junte-se a
mim!” Assim começou a luta pela liberdade religiosa.
O Rei Salomão escreveu: “Tudo tem seu tempo… Um tempo de nascer, um
tempo de morrer… Um tempo para a guerra, um tempo para a paz” (Cohêlet).
No Judaísmo, a paz é a meta suprema. Contudo, se alguém está sendo
atacado, a lei judaica proíbe uma atitude passiva. A paz e a santidade da família
exigem às vezes, que a pessoa defenda a si própria, à família e o país.
Apesar de os macabeus serem poucos em força e em números, enfrentaram
o opressor com total fé na misericórdia de D’us. Uma lição de Chanucá é
que quando resolvemos introduzir a espiritualidade em nossa vida, D’us nos
ajuda muito além de nossas limitações. D’us fala a seus filhos: “Façam para
mim uma pequena abertura, como o fundo de uma agulha, e abrirei para vocês
uma abertura através da qual poderá passar uma caravana” (Midrash).
Simplesmente precisamos começar o processo para D’us nos ajudar a atingir
aquilo que julgamos inatingível.
Antíoco IV tornou ilegais três mitsvot específicas, e anunciou que sua prática
seria punida com a morte. Estas mitsvot eram o Shabat, que é um testemunho
do fato de que existe um Criador que descansou no sétimo dia; “A bênção
do novo mês” que determina quando os judeus podem santificar seus
feriados; e Circuncisão, que introduz santidade no corpo humano. O gueto
espiritual que Antíoco IV tentou forçar sobre o povo judeu era um mundo sem
Criador, tempo sem santidade e pessoas com nenhuma conexão ao Divino.
Embora a pessoa possa ter um desejo ardente de ser espiritual, uma ação
concreta é necessária para acender uma chama. Quando falta o azeite da
genuína substância, a paixão pode esfriar rapidamente, deixando de introduzir
qualquer luz duradoura no mundo. Uma vida sem mitsvot é como um
pavio sem azeite – produz pouca ou nenhuma luz.
Há nove braços na menorá de Chanucá, embora Chanucá seja celebrado
por oito dias. O nono braço é o shamash, a vela “auxiliar,” que fica separada
das outras. Esta vela é acesa para que, quando fazemos uso da luz de Chanucá,
utilizemos o shamash, e não as oito chamas de Chanucá. “Estas [oito
chamas] de Chanucá são codesh (sagradas). Não podemos fazer uso delas,
somente contemplá-las”.
A palavra hebraica “codesh” literalmente significa separado e além. No Judaísmo,
embora possamos apreciar objetos sagrados e observâncias em muitos
níveis, eles são essencialmente mais elevados que nosso entendimento
e percepção finitos, pois estão enraizados no Infinito. Foi esta “santidade”
que os gregos não conseguiram destruir. E é esta santidade que se manifesta
nas luzes de Chanucá.
Matitiyáhu, o Cohen, e seus cinco filhos, começaram a desafiar os redutos
gregos com um grupo de seguidores denominados Macabeus. Fontes históricas
estimam seu número em 6.000, enquanto Antíoco IV enviou 40.000
tropas para derrotá-los.
Yehudit, uma jovem viúva, usou táticas astutas para assassinar Holefernes,
um perverso general Selêucida. Após perdas significativas nas cidades de
Shechem e Beit Choron, Antíoco IV enviou 65.000 tropas adicionais. Os
Macabeus lutaram batalhas terríveis, porém inteligentes, que são estudadas
por estrategistas militares aaté os dias de hoje. Após três anos e milhares de
vidas, Israel finalmente foi libertado.
Em Chanucá, celebramos dois milagres: a vitória dos macabeus sobre as forças
de Antíoco IV no campo de batalha, e o milagre do azeite, que ardeu por
oito dias. A vitória no campo de batalha foi milagrosa, mas foi física, limitada
pelo tempo e pelo espaço. O milagre do azeite, que permitiu ao povo judeu
continuar os serviços no Templo sagrado, foi espiritual. Os judeus em todo o
mundo imitam estes milagre e espiritualidade hoje em dia, observando Chanucá.
O conflito de Chanucá é encontrado dentro de cada um de nós. Os ensinamentos
chassídicos explicam que temos duas almas. Uma alma é atraída
pelo espiritual, a outra pelo físico. Podemos reconciliar esta dualidade estando
envolvidos com o mundo material, mas rumo a um fim espiritual. Esta é
uma razão pela qual existem tantas mitsvot na Torá, todas elas envolvendo
ação física. Quando o físico é engajado para propósitos espirituais, o conflito
é transformado em paz e harmonia. Um mundo de paz começa com a paz interior.
Quando alguém faz a paz dentro de si, isso provoca um efeito em seu
lar, ambiente e por fim no mundo inteiro.
O nome “Chanucá” está enraizado em diversas fontes diferentes, porém
relacionadas. Vem de “kah,” o equivalente a 25 em hebraico, e “chanu,” que
significa descanso. Está conectada também com as palavras “inauguração”
(chanukat) e “educação” (chinuch).
No dia 25 do mês hebraico de Kislêv, os Macabeus descansaram de sua
batalha, Marcharam vitoriosamente até o Templo sagrado em Jerusalém,
prontos para reinaugurarem o serviço sagrado. Serviriam para sempre como
modelos, ou educadores, das futuras gerações.
Qual a aparência de uma alma?
Olhe para a chama de uma vela. Uma chama é brilhante, sempre saltando,
nunca está em repouso; o desejo natural de uma alma é “saltar” até D’us,
ficar livres das limitações físicas. O pavio e a cera ancoram uma chama; um
corpo físico segura a alma, forçando-a a fazer seu trabalho, dar luz e calor. O
corpo humano, precioso e sagrado, é comparado ao Templo Sagrado.
O Báal Shem Tov, fundador do Chassidismo, sempre aconselhou contra o
ascetismo, jejuns e flagelar o corpo. É melhor, dizia ele, usar seu corpo para
fazer um ato de bondade. A bondade é contagiosa. Quando sua alma diz ao
corpo para fazer uma boa ação, tanto a alma quanto o corpo são afetados.
Finalmente, outras almas ao nosso redor influenciam seus corpos a fazer o
mesmo.
Em pouco tempo, criamos uma epidemia internacional de bondade. Esta é
uma das razões pelas quais a Menorá de Chanucá é colocada onde possa
ser vista da rua, seja no batente em frente à mezuzá, seja perto da janela,
lembrando-nos do dever de compartilhar a luz espiritual de calor e sabedoria
com o mundo que nos cerca.
A vitória ficou agridoce quando os Macabeus descobriram que o Templo fora
profanado e o azeite puro necessário para acender a Menorá estava impróprio.
Miraculosamente, descobriram uma única ânfora de puro azeite, com o
selo do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote Judaico) intacto. Com este azeite, o
Templo Sagrado foi reinaugurado.
Por que os Selêucidas simplesmente não destruíram o azeite, em vez de
profaná-lo? O azeite é um símbolo da santidade. Pode permear qualquer
coisa, porém quando colocado na água, sobe e fica na superfície. Azeite profanado,
e não destruído, era exatamente o que Antíoco IV queria. Ele permitia
aos judeus apegarem-se à sua cultura e manterem suas leis, desde que
fossem “tocados” pelos ideais e filosofia gregos.
Os ensinamentos chassídicos explicam que, a despeito de qualquer entidade
que tente prejudicar nossa conexão com a Divindade, a essência de
uma alma nunca pode ser profanada. Esta centelha de santidade arde continuamente
e anseia ser transformada em uma grande chama. O universo
foi criado para perpetuar a luz, e é inerentemente bom (Bereshit). Porém há
ocasiões em que as trevas invadem o mundo de D’us. Nestes tempo, procuramos
a “única jarra de puro azeite” oculta (Liturgia de Chanucá), a pura e
indestrutível centelha da Criação, que irradia bondade e santidade.
Os Macabeus tinham feito tudo que era fisicamente possível, mas a pequena
ânfora de azeite era suficiente apenas para acender as velas da Menorá por
um dia. Preparar mais azeite exigia um processo com pelo menos sete dias.
Após derrotar o exército mais poderoso do mundo, e conseguir liberdade religiosa
paras gerações vindouras, os Macabeus não desistiriam. Acenderam a
Menorá com o pouco que encontraram e, miraculosamente, a Menorá brilhou
por oito dias, mais 2000 anos, pois as Chanukiyot continuam a iluminar nossos
lares e o mundo até hoje.
Embora a vitória fosse milagrosa, alguns atribuiriam o sucesso militar dos
Macabeus à sua estratégia superior. A última noite do feriado é chamada
Zot Chanucá, “Isso é Chanucá.” Nossos Sábios explicam que “zot” refere-se
a algo quando é revelado e tangível, “quando pode ser apontado com um
dedo.” Quando o povo judeu testemunhou uma impossibilidade científica, o
milagre do azeite, não havia como negar a Presença de D’us.
Por que D’us faz milagres? Sem milagres, tal como o azeite encontrado no
Templo Sagrado, poder-se-ia acreditar que as leis da Física definem a realidade.
No entanto, quando vemos o inexplicável, testemunhamos uma realidade
transcendente atingimos uma consciência mais elevada. Podemos
então olhar novamente para a física, apontar com o dedo e perceber: “Este
também é um milagre.”
Segundo o Báal Shem Tov, “a diferença entre a natureza e um milagre é a
freqüência”.
A Cabalá, misticismo judaico, ensina que o supremo milagre não é a divisão
do mar, o maná dos céus, ou o sol ficar imóvel. É descrito como a sutil e, ao
mesmo tempo, dramática transformação do universo que ocorrerá com a vinda
de Mashiach. Então, a própria natureza revelará sua miraculosa essência.
Aquilo que é percebido como um muro entre o físico e o espiritual será revelado
como uma ponte.
Como podemos provocar este milagre? Com a luz de nossas mitsvot coletivas.
Sonhos e Bolinhos de Batata
Na festa de Chanucá há o costume de ingerir comidas fritas em óleo como
bolinhos de batata (levivot ou latkes), e sonhos (sufganiyot). Estes alimentos
são preparados e degustados em honra ao milagre que ocorreu com o azeite.
Pratos à base de laticínios, como bolinhos de queijo, são também apreciados,
pois lembram os feitos de uma famosa heroína judia, Yehudit, na época
do Segundo Templo Sagrado de Jerusalém.
Israel encontrava-se sitiada pelo cruel e opressivo exército Greco-Sírio.
Yehudit ajudou a assegurar a vitória para as forças judaicas, assassinando o
terrível general do exército grego, Holofernes. Deu a ele queijo salgado para
comer, acompanhado de vinho forte para eliminar sua sede. O vinho o “derrubou”
fazendo-o cair em sono profundo. Yehudit então tomou de sua espada
e o matou. Os soldados do general fugiram com medo. A vitória dos Macabeus
seguiu-se a este ato de coragem.
CHAG
CHANUCÁ
SAMEACH
Fontes externas:
Weekly Jewish-Adventist Journal of Information – Traduzido por BBTS Floripa
Patriarcas e Profetas (adaptado)
Beit Chabad
Lição da Escola Sabatina (adaptado)
Esta compilação visa fornecer material auxiliar o estudo semanal das lições da Beth Midrash,
Parashá, Haftará e B’rit Hadashá.
Contém:
- Porções do Midrash que usa princípios de hermeneutica e filosofia rabinica.
- Comentários de Ellen G. White (1827-1915) sobre o tema abordado na Parashá (adaptadas
ao contexto judaico-adventista).
- Lições da Escola Sabatina - Beth Midrash. (adaptadas ao contexto judaico-adventista)
- Comentários do Chabad sobre Chanuká
Bom estudo!
Beth Bnei Tsion Florianópolis

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GLOSSARY - HEBREW ENGLISH

© Copyright 2002 ARTISTS FOR ISRAEL INTERNATIONAL. All rights reserved. abaddon (destruction) abirei lev (stubborn of heart) ach ahuv (a beloved brother [in Moshiach]) ach'av mashtin b'kir (him that urinates against the wall, i.e. all males) Ach'av (Ahab, King Ahab of Israel) ach (brother) achad asar (Eleven, the Eleven) achai (my brethren) acharei (after) acharim (end-times things) acharit hashanim (future years) acharit hayamim (last days, [Messianic] latter days) acharit shanah (end of the year) acharit yam (the extreme end of the sea) acharit (future, end, last, final outcome, latter end, i.e., future destruction) acharon (afterward, in the future, last) acharonim (last ones) achavah (brotherhood) achayot, akhayot (sisters) Achazyahu (Ahaziah of Judah) achdus (union, unity) achdut of yichudim (unity/ harmony of unifications) achdut (unity) achei Yosef asarah (Yosef's ten brothers) achei Yosef(the brothers of Yosef) acheicha (thy brethren) acheinu (our

Gematria - Tabela

PÁGINA PRINCIPAL                         TOC  para trabalhos em Desenvolvimento Hebrew Gematria por Bill Heidrick Copyright © por Bill Heidrick Instruções:  Para ir para entradas em um valor particular, selecione o link sobre esse valor. Blanks onde os números seriam indicam há entradas ainda para esse número. Um fundo escuro indica que as entradas são apenas referals para palavras e frases usando valores finais em letras. Intro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162

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Muitos Brasileiros são Descendentes de Judeus Você sabia que muitos Brasileiros são Descendentes de Judeus?   Por Marcelo M. Guimarães    Um povo para ser destacado dentre as nações precisa conhecer sua identidade, buscando profundamente suas raízes. Os povos formadores do tronco racial do Brasil são perfeitamente conhecidos, como: o índio, o negro e o branco, destacando o elemento português, nosso colonizador. Mas, quem foram estes brancos portugueses? Pôr que eles vieram colonizar o Brasil ? Viriam eles atraídos só pelas riquezas e Maravilhas da terra Pau-Brasil ? A grande verdade é que muitos historiadores do Brasil colonial ocultaram uma casta étnica que havia em Portugal denominada por cristãos-novos, ou seja, os Judeus ! Pôr que ?   (responder esta pergunta poderia ser objeto de um outro artigo).  Em 1499, já quase não havia mais judeus em Portugal, pois estes agora tinham uma outra denominação: eram os cristãos-novos. Eles eram proibidos de deixar o país, a fim