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JUDEUS COMEMORAM O NATAL? (mirror)


INFORMATIVO


Natal Judaico

Uma leitora nos pergunta:
Gostaria de saber em que mês e dia os judeus comemoram o Natal (nascimento de Jesus) pois acho que é a data mais aproximada e verdadeira, já que Jesus nasceu naquelas redondezas.

Respostas de nossos colaboradores:
1) Leon Szkalarowsky fala sobre o Natal e o Ano Novo:
"Preliminarmente, há de se dizer que os judeus não comemoram o Natal. É óbvio que o nascimento de Jesus existiu, mas esta data não tem o mesmo significado para os judeus.
O ano novo judaico é comemorado em data anterior (Yom Kipur e Rosh Hashaná), geralmente, entre setembro e outubro. É uma data móvel, pois segue o calendário lunar. E Cristo, como judeu que era, também comemorava o ano novo nessa data. Posteriormente, com a cisão, é que passaram os cristãos a comemorar o ano novo, a partir do nascimento de Jesus, demarcando como data inicial de uma nova era. Como você sabe, os chineses comemoram em outra data. Os japoneses, também. E os muçulmanos, o fazem a partir de Maomé. Os romanos comemoravam em outra data. Atualmente, a era vulgar prevalece no mundo para todos os efeitos."

2) Leon Mayer dá seu parecer sobre o lado judaico:
"Jesus (Joshua em hebraico) nasceu judeu e no oitavo dia, conforme a religião judaica ao qual Ele pertencia, foi circuncisado no dia 1o de Janeiro - como consta em todos os calendários. Naquele tempo não existia o Natal, muito menos Natal Judaico.
Quando começou a denominação Natal? Consultei a comissão do Diálogo Católico-Judaico, que lhe dará a resposta do lado católico."

3) Padre Hortal (da PUC) responde sobre o ponto de vista cristão:
"Os Judeus não comemoram o Natal, nem têm porque comemorá-lo. Se o que a missivista queria dizer é quando é comemorado o Natal na Terra Santa, então devo dizer que lá como no resto do mundo, católicos, anglicanos e protestantes o celebramos 25 de dezembro, enquanto os ortodoxos o fazem no dia 6 de janeiro.
Mas a fixação dessas datas é bem tardia, não anterior ao século IV. Não há nenhum documento primitivo que indique qualquer data. A noite de 24 de dezembro foi aceita pelos católicos para “batizar” uma festa pagã, a do soistício do inverno (hemisfério Norte), quando se comemorava o “Sol invicto”, pois, de acordo com o calendário da epóca, era a noite mais longa do ano, quando o Sol parecia sumir. No dia seguinte, porém os dias recomeçavam a crescer até o solstício de verão (24 de junho: a noite de São João, outra festa pagã batizada). Nos evangelhos e nos escritos dos cristãos dos primeiros séculos, não há nenhuma indicação de data para o Natal, mas a Páscoa, ou seja, a Ressureição de  Jesus. Mesmo aí, havia controvérsias: se deveria ser fixa, ou seja, no dia 14 do mês de Nisan, conforme o calendário judaico, ou no domingo seguinte ao primeiro plenilúnio da primavera (uma vez mais, do hemisfério Norte), por a Ressureição ter tido lugar, de acordo com os relatos evangélicos “no primeiro dia da semana” ou seja no domingo."

4) Irmã Alda (do SION) aprofunda a explicação:
"Os judeus não comemoram o nascimento de Jesus. Somos nós os cristãos, que o fazemos. Os primeiros discípulos de Jesus, em mundo greco-romano, ou seja, os seus seguidores que se denominam "cristãos", pela primeira vez, na cidade de Antíoquia, na Ásia Menor, não sabendo exatamente a data do nascimento de Jesus, escolheram o 25 de dezembro - o solstício de verão - para comemorá-lo, em substituição à festa pagã do "sol invicto", já que consideram a Jesus como o Sol da Humanidade". O que, para a senhora, pode ter-se prestado a confusão, é que os Judeus comemoram, muito próximo a essa data, a festa "Hanucá", para recordar a vitória dos Macabeus contra os Selêucidas que dominavam a Judéia e pretendiam "helenizá-la" (ano 168 antes de Cristo). Nessa ocasião, foi restaurado o Templo de Jerusalém (Humucá = Dedicação) que havia sido profanado. Essa festa é chamada, também, "festa das luzes" pelo costume que ficou de acender uma vela a cada dia, durante 8 dias, porque se conta que, depois de batalhas, foi encontrado no templo uma pequena lâmpada acesa, cujo azeite durou 8 dias até que se fizesse outro, novo, para a luz permanente que brilhava, sempre no santuário. Isto é simbólico da fé que permaneceu acesa no povo, apesar da influência helênica. O acendimento desta vela no candelabro, dia por dia, coincide com o dia 25 de dezembro do mês de Kislev, correspondente ao mês de dezembro do calendário cristão. Assim sendo, nos seus aspectos externos, temos costumes parecidos, nesta epóca (lembremo-nos das árvores de Natal, da iluminação das ruas...) Mas a motivação é diferente, para cada um dos grupos religiosos. Uma coisa é certa: se, de fato, o nascimento de Jesus ocorreu em dezembro, terá sido muito próximo da festa de Hanucá, que ele, nascido do povo judeu, deve ter comemorado durante sua vida. Ambas as festas nos recomendam fidelidade: aos Judeus à sua fé, e aos cristãos, à sua."
                    
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Jane Bichmacher de Glasman B”H
TU BISHVAT “Ano Novo das Árvores”
Mais um ano novo kasher e politicamente coreto
Tempo de celebrar a passagem do tempo.
É inevitável. E infalível. Como um relógio programado para dezembro, as pessoas começam a me perguntar: - E aí: o que você vai fazer no Natal e no Ano Novo?... Ah, “vocês” não comemoram ... não é mesmo?

O que vou fazer não reflete uma mera curiosidade social. É mais um preâmbulo retórico para o “vocês” que se segue. Por “vocês” subentenda-se: judeus. Tenho um repertório considerável de respostas prontas para serem acionadas, que variam de acordo com o humor e o interlocutor. Vão desde “comemorar, ora!” a “eu não sou judia, sou levita”, passando por “vocês quem, cara pálida?”, “aproveito para emendar desde Hanuká”, etc.

Na verdade, considero o Natal e o Reveillon (sei que vou chocar mas não resisto!) as festas cristãs mais judaicas (aproveitando sua cara de espanto: da mesma forma que considero Iom Kipur a mais católica das festas judaicas, por uma série de influências conjunturais e litúrgicas desenvolvidas desde períodos inquisitoriais que não comentarei aqui por fugir do tema principal). Afinal, Natal comemora o nascimento de um menino judeu e Reveillon, o brit-milá (circuncisão) do mesmo (1). Isto, sem entrar em qualquer consideração teológica, apenas levando em conta o aspecto Jesus - humano.

Este dado também nos conduz ao caráter simbólico do calendário civil (ou gregoriano ou cristão): de entrada, ele já começa com uma semana de atraso! Jesus (Ioshua, Ieshu ou Ieshua, em hebraico) no oitavo dia de vida, na cerimônia do brit-milá citada, recebeu seu nome e passou a fazer parte de sua congregação: no dia 1º de Janeiro - como consta em todos os calendários.


Natal, Hanuká, Reveillon, Rosh haShaná... 

Os judeus não comemoram o Natal nem o Ano Novo como tal, embora um Kidush e um Shehe’heianu não façam mal a ninguém nem “agridam” nenhum preceito judaico (ou não? o que você acha?) Rosh haShaná, o Ano Novo judaico se comemora entre setembro e outubro (é uma data móvel, pois o calendário judaico é luni-solar). Jesus e os primeiros cristãos também comemoravam a data, apesar de Rosh haShaná ter adquirido maior significado no período talmúdico, época que abrange o surgimento do cristianismo (2). Bem posteriormente é que os cristãos passaram a comemorar o ano novo a partir do nascimento de Jesus e marcá-lo como início de uma nova era. Os romanos comemoravam em outra data, bem como os chineses. Os muçulmanos o fazem a partir de Maomé, sendo que seu calendário é só lunar. A era vulgar (2001 d.C.) prevalece no mundo para efeitos civis.
 

Afinal, quantas vezes os judeus celebram o Ano Novo? 

Na verdade, segundo o calendário judaico são comemorados... quatro Anos Novos! Em Nissan, Elul, Tishrei e Shvat...

Nissan é, na Bíblia, o primeiro mês do ano, pelo qual, por exemplo, eram contados os anos dos reinados (contagem dos anos dos reis de Israel). Além disso, por ser o mês de Pessah, que marca a comemoração da passagem para a liberdade, envolve, na minha opinião, o belo simbolismo de o tempo ter sentido, merecendo ser contado, a partir do momento que somos livres!...

Elul seria o “Ano Novo do Gado”: no primeiro dia deste mês, retirava-se o dízimo (um décimo dos animais nascidos nos últimos 12 meses) e doava-se ao Beit HaMikdash (Templo de Jerusalém).

Tishrei, sétimo mês bíblico ("No sétimo mês, o primeiro dia do mês, será um descanso solene para vocês, uma comemoração proclamada com o toque do shofar, uma convocação santa"), veio a ser considerado o começo do ano civil judaico, por ser o mês da Criação, uma espécie de “Aniversário do Mundo e do Homem”, quando é feito o julgamento divino dos seres humanos.

Ele também marca o início da contagem da Shemitá (Ano Sabático); do Iovel (Jubileu, quando eram libertos os escravos e as propriedades voltavam às mãos dos donos originais); da Orlá (3 anos a partir do plantio de uma árvore frutífera, durante os quais não se pode comer seus frutos) bem como do ano para cálculo do dízimo da colheita de vegetais e grãos. (Por curiosidade, você sabia que estamos em ano de Shemitá?)

Na verdade, na antigüidade, Rosh haShaná era época de Ano Novo não só judaico, mas para todo o hemisfério norte, quando se encerrava o ciclo anual agrícola, se fazia o balanço do ano, como fazem as empresas hoje, publicando estes balanços em jornais, etc (explicando, em parte, a simbologia do signo zodiacal - Balança- associado ao período). A partir do acréscimo de rituais, preceitos e símbolos judaicos e, principalmente, por terem os judeus continuado a comemorar a data até hoje, independente de localização espacial, Rosh haShaná ficou definido para todos como “O” Ano Novo judaico.

Mas meu objetivo é falar de outro, do quarto: Tu biShvat, o “Ano Novo das Árvores”, este ano (2006) comemorado no dia 13 de fevereiro. Mas pelo calendário judaico, não apenas o dia é fixo, como define o nome da festa: as letras hebraicas tet e vav, que formam o Tu, têm valor numérico 9 e 6; como 9+6= 15, significa que se comemora no 15º dia do mês hebraico Shvat.
 

Celebrando: costumes e simbolismos... politicamente corretos! 
Um antigo costume de Tu biShvat era plantar um cedro para cada varão que nascia e um cipreste para cada menina. Quando cresciam e se casavam, os ramos destas árvores, plantadas em sua homenagem, eram usados para a hupá (dossel nupcial). Assim a árvore era associada ao ciclo da vida judaico (3).

Celebra-se também preparando-se uma mesa com frutos, tipo um luau kasher, especialmente os sete enunciados na Torá (Dt 8:8) como especiais de Israel: trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e tâmara.

Outro costume é ter 15 frutos diferentes na mesa para simbolizar o 15 de Shvat. Além deles, procura-se encontrar uma fruta da estação, que ainda não se comeu neste ano, para recitar a bênção Shehe’heianu.

Podemos também simplesmente fazer passeios, nos colocando em contato com a natureza – política e ecologicamente correto, além de saudável!

Hoje em dia, em Israel, é costume plantar árvores, para aproximar as pessoas da terra e para o reflorestamento, marcando a data como uma das mais antigas práticas ecológicas. Este ano, como mencionei, sendo de Shemitá, no qual o plantio de árvores é proibido, foi criada uma alternativa cibernética pelo Keren Kayemet LeIsrael: um “site de plantio virtual”... (sério mesmo!http://www.kkl.org.il/virtual_planting/default.htm)

Ainda atinente ao binômio Judaísmo & Ecologia, a Torá proíbe cortar ou danificar uma árvore que dá frutos (Dt 10:19) ou cruzar árvores em crescimento para produzir uma nova classe de frutos.
A Torá compara o ser humano às árvores: “Pois o homem é como uma árvore do campo” (Dt 20:19). Assim como as pessoas são julgadas em Rosh haShaná, as árvores são julgadas em Tu biShvat. Nesta data também devemos repensar os exemplos que as árvores inspiram:

1.Uma árvore se compõe de raízes, tronco e frutos; o homem também. As raízes, não se vê; estão escondidas sob a terra, mas é delas que a árvore tira sua força e vitalidade. Quanto mais fortes forem, mais forte será a árvore. No homem, as raízes são a fé e também por onde absorve o saber. O tronco, a parte mais evidente da árvore, é por onde também o homem pode se definir, se mostrar ao mundo. Quanto aos frutos, a plenitude de uma árvore só é atingida quando começa a dar frutos. Para que serviriam raízes profundas e um tronco imponente, se nada vivo saísse dos mesmos? No homem, esses frutos são a capacidade de ajudar e ensinar, tornando-os também árvores sólidas.

2.Das árvores podemos (e devemos) tirar também outro ensinamento: a humildade. As árvores são diferentes no inverno e no verão (embora aqui em “Pindorama” seja menos evidente...) No inverno, quando os frutos já foram colhidos e as folhas caíram, as árvores ficam retas, os galhos apontando para cima. No verão, carregadas de frutos e folhas, as árvores se inclinam com o seu peso. O mesmo acontece com os seres humanos. O homem vazio de conhecimento é arrogante e orgulhoso. O homem sábio se curva, pois quem é realmente grande é verdadeiramente humilde. Conhecer a palavra humildade todos conhecem, difícil é aplicá-la na vida prática... Ela é necessária não só no convívio com os outros, mas no relacionamento com Deus. Só o humilde encontra inspiração na oração. O sucesso cega as pessoas a ponto de perderem Deus de vista. Na presença da doença ou da morte, todos são humildes, mas quando a sombra negativa se afasta, o antigo orgulho volta e Deus sai de cena. Todos nós podemos ter tido esta atitude alguma vez...

E você... o que acha?

  
Notas:
(1) Politicamente incorreto, um pouco de marketing pessoal: leia mais sobre o assunto em “`A Luz da Menorá - Introdução à Cultura Judaica”, da autora deste artigo, Capítulo V: O Ciclo Vital Judaico.
(2) Ver “Interseções - Relações do Judaísmo com outras culturas e religiões na Antigüidade”, da autora do artigo, que trata do assunto.
(3) Correndo o risco de dar uma de árvore no inverno, ver (1), Capítulo IV: Festas e Feriados Judaicos.  


 

Colaboração de Jane Bichmacher de Glasman,
janeglasman@terra.com.br
professora da UERJ e do ISTARJ, escritora
.


Seu artigo será bem recebido em comunidade-judaica@riototal.com.br


Direção
IRENE SERRA
irene@riototal.com.br




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