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Vida e Morte, na tipificação bíblica



Vida e Morte, na tipificação bíblica

Paulo Cardoso, Estudioso das Escrituras

Falar sobre morte, sempre é um assunto desagradável. Falar sobre morte violenta, súbita, inesperada, é trágico.. Mas falar de morte intencional, ou suicídio, é algo que mescla sentimentos de dor, revolta, dúvida, e em muitos casos, deixa uma sensação de culpa em que foi próximo, interagiu emocionalmente, e foi deixado para trás, recebendo a culpa de estar vivo.

Assim, como a morte continua sendo um mistério, sua causa e seus efeitos nem sempre o são. Diz o ditado popular que “tudo na vida tem solução, exceto a morte”. Isso, porém, nem sempre é definitivo, pois sim, muitas catástrofes podem ser evitadas com prevenção, com vigilância nas possíveis causas de futuras tragédias. Culpados por negligência abarrotam os tribunais. Remorso por negligência tem levado outro tanto, talvez mais até, à depressão, drogas (lícitas ou não), e ao abandono da fé em si próprios, ou nos outros. Especialmente em D-s.

É aqui que começo minha análise, não sobre a morte, mas sobre a vida, resgatando outro adágio que diz: “‘Para morrer, basta estar vivo”. E é impossível falar de vida e morte, e sem buscar um entendimento nas nossas raízes judaico-cristãs, e a partir disso construir uma base de leitura no campo ético, e não doutrinário, para que possa, por meio desta fonte, compreender o significado da vida, sem que a morte, seja natural ou provocada, torne-se o centro das atenções.

Para uma melhor compreensão, devo buscar lá na origem da histório, segundo os relatos bíblicos, onde encontramos as primeiras sete palavras (na língua original, hebraico), do relato da Criação:
  • “ Bereshit Bará Elohim et hashamayim veet haaretz” (No princípio criou para criar os Céus e a Terra). Aqui ainda não há a interpretação corrompida dos tradutores que escrevem desta forma: “No princípio, criou D-s, os Céus e a Terra”. Onde está a diferença então? Na função, no objetivo da criação: “Criou para criar (Berê, e Bará). “Para criar”, está projetada no futuro condicional, que no Grego entra no Aoristo, verbo condicionante. Então temos aqui Um Princípio onde Um Agente (Criador), propõe uma resolução onde determina o objetivo do outro agente, que ainda não participa da ação, mas já está destinado à ela, por força da Palavra, do Verbo, da Ação.

Na Gematria (numerologia do alfabeto hebraico), que compõe a chave dos Códigos da Bíblia, através da formação de Quiasmos (encontro reverso de letras que formam palavras, profecias, instruções subliminares), encontraremos, no meio das sete palavras, deste primeiro Capítulo e Versículom, alternando de sete em sete letras, a palavra YSRL (LRSY, pois no hebraico lê-se em sentido anti-horário). YSRL é lido como Yeshurum, que significa: Endireitar o que está torto, ajustar o caminho, e YSRL  chega até nós pela grafia completada de Israel.

Temos aqui agora um Homem (Yaacov), e um Povo (Israel) tipificados no objetivo da missão deste povo, assim como do Ser Humano, de modo geral, descritos tanto em seu papel na existência da vida, quanto na história da humanidade: Criar e Restaurar! É então o Homem (Ser Humano, Ben Adam - Filho da Terra) o “Moto” (do Latim, Movimento Ação), e ao mesmo tempo, o Logos (Verbo, Palavra, Sabedoria, Raciocínio, Lívre Arbítrio) co-partícipe da ação criadora e criativa.

Até este momento, ainda não encontramos a palavra “Vida” no texto sagrado, mas já no verso seguinte diz: “E O Espírito de D-s (Elohim Ruach) pairava (flutuava) por sobre as águas. Então aqui, diferente do que demonstra a Física, sobre a expansão de uma partícula inicial, antes do Big Bang, onde torna O Criador com Personagem secundário, na criação da Terra, preocupa-se, o autor do Pentateuco (Torá), em descrever quase com minúcias a Autoria do fato, Seus pensamentos, e o propósito do que acabara de criar: Um lugar e um mundo onde a receita de sucesso deveria ser esta “parceria”, onde Criador e Criatura (o Ser Humano, que aparece no segundo capítulo), estabeleceria o “meet-point” entre ambos, e a missão do Ser Criado, mais adiante descrito como: “Imagem e Semelhança” com D-s. Muito parecido, com o mesmo “jeito” de agir, pensar, e mover-se na tarefa criativa continuada desde então.

O Capítulo 2 descreve que, tendo feito todas as coisas, que seriam o ambiente adequado ao que estaria por ainda ser criado, toma D-s um pouco dos elementos da terra, molda-os, de acordo com a forma que assumira para chamá-lo de “Semelhante”, segundo a Si Próprio como Modelo, e novamente o “Ruach”, Sopro de vida, entra em cena, e soprando em suas narinas, transferiu ao barro os atributos da Divindade. Torna-se então, o Ben Adamá, um Ser completo, uma Alma Vivente, um conjunto de caracteres que devem multiplicar-se a partir daquele Modelo, e autodeterminar-se enquanto Ser Humano.

Desta forma, podemos compreender que D-s tem um apreço muito especial com aquele que se parece Consigo mesmo: o Ser Humano.

Há, no entanto, neste relato, uma sequência de fatos, que ameaça devolver definitivamente à Terra, ao pó, toda a magnitude desta criação de D-s, e um agente coberto de ódio e inveja, acerca-se da nova criaturinha, como um lobo se acerca de um cordeirinho, mas por saber que tudo tem limites, até mesmo a maldade, deixa a pele de lobo, e encontra um animal belíssimo (segundo a tradição judaica), com belas plumas e asas formosas, agradável de ver e nela tocar, e encontra um vazio entre um Ser Humano e outro: a Mulher, distanciando-se do esposo, Ben Adam (Adão), ingenuamente caminha pelo jardim, apreciando tudo que encontrava, pela beleza do lugar. Estava só, mas não percebia isso. Caminhava despreocupadamente por um lugar que lhe pertencia quase totalmente. Foi cada vez mais longe, e não percebeu que estava sendo seguida, observada, analisada, desejada, e odiada, até que um encontro nada ocasional aconteceu. Hava (Eva) talvez externasse em voz alta sua admiração pelas coisas que via, até que em determinado momento, suas palavras voltavam com outros elogios, de uma forma mansa, deliciosa de ouvir, uma voz aveludada e prazerosa, que a conduzia por este ou aquele caminho mansamente.. Quando percebeu, estava diante de uma belíssima árvore, frondosa, perfumada, com frutos belíssimos e desejáveis, ao alcance de uma delicada mão.

A belíssima serpente, com sua plumagem colorida, sobrevoava a árvore, entrelaçava suas asas entre os ramos, subia e descia, deixando a mulher completamente inebriada diante da tanta graça e formosura, que nem percebeu que a serpente falava com ela, inteligentemente. Filosofava até. Percebemos que até então, D-s, O Criador, apenas fala, faz afirmações, analisa e elogia (“..e viu que era bom”), mas ainda não faz perguntas, porque Ele provê todas as respostas. Não há necessidade de suscitar questionamentos. É a serpente, no entanto, disfarce do anjo enganador, quem propõe os questionamentos, insere dúvidas, e coloca a Mulher a pensar. Esta, porém, desconhece a maldade, e apenas dá respostas daquilo que conhece. Isso não significa que ela não pensava antes. Só que seus pensamentos estavam direcionados à sua natureza de criadora, adjutora, conselheira do Homem no ato criativo. Agora, seu foco mudou, e a criação deu lugar à dúvida, e é sempre a dúvida quem mais toma conta de nosso tempo, energia e sentidos. Assim, Hava ouvia a primeira pergunta de sua vida: “Não é verdade?” Ora! Por que o ser falante questionava se tal fato, a proibição seria ou não verdade, quando ela sabia que sim, era verdade, D-s havia proibido que tocassem nesta árvore. Aqui começa o primeiro passo da tentação, amparado pela oportunidade criada para que tal diálogo ocorresse: Hava afastou-se de seu parceiro. Caminhou só. A seguir, não questionou, ela própria, a razão de uma serpente poder falar com tanta inteligência. Ela, Hava, deveria ter tomado a iniciativa de perguntar ao ser que falava: “Quem te deu liberdade para questionar O Meu Criador?” E assim, a serpente ganha seu primeiro round neste embate, que nem chegou a acontecer. Ela fez a pergunta e obteve uma resposta. Fato terrível em qualquer debate: Responder!

Todos conhecem os que aconteceu depois: a Mulher estendeu a mão, colheu a fruta, provou e gostou, e encerra aqui este diálogo, porque neste momento ela já voltara ao seu companheiro, com o fruto da desobediência nas mãos. Neste momento, o Homem não vê mais sua belíssima e doce parceira, mas uma nuvem escura, manchas de sangue na face da Mulher, e teve uma antecipação do que significava a morte, antes mesmo de haver compreendido a própria vida. No desespero, Ben Adam arranca o que restou da fruta das mãos da mulher, e come ele também, para que morram juntos, pois seu amor era tão grande por sua parceira, que não foi capaz de perceber que havia uma solução que poderia ter evitado as consequências do ato da Mulher. O desespero tomou conta do Homem, e imediatamente devorou a fruta para que sua agonia terminasse o quanto antes. Ben Adam tinha ciência do significado da morte, e preferia esta solução, a ver a mulher que amava morrer antes dele. Comeu  a fruta, e provou a primeira consequência de sua desobediência: Perceberam-se nus e ficaram envergonhados. Envergonhados, mas não arrependidos, porque o arrependimento é diferente do remorso. Remorso significa uma ira pela falha, buscando culpa em si ou em outrem enquanto arrependimento significa tristeza pelas consequências que o outro terá. Assim, em lugar de devolver a pergunta à D-s: “Adam, onde estás?”, poderia ter dito: “Podes me perdoar, Senhor?”.

Adão jogou a culpa na Mulher, e essa na serpente. Triste realidade onde a história da humanidade e toda a sua descendência estava destinada ao sofrimento, e a única coisa que dizem é: “A culpa é do outro”.

Saindo dali, tiveram dois filhos, e encurtando a história, o irmão mais velho matou o irmão mais novo, e novamente D-s entra em cena e faz pergunta: “Onde está teu irmão?”. Caim começa a fazer suas próprias perguntas então: “Tenho eu que cuidar da vida do meu irmão?”
Teria pecado Caim ao questionar a pergunta de D-s? Não! E neste momento, D-s o ajuda a pensar por si mesmo e encontrar sua culpa sozinho. Nem um nem outro caso, D-s ponta culpa, apenas estabelece que há culpa, e dá a oportunidade ao faltoso de rever seus caminhos. Para D-s há sempre uma possibilidade em aberto.

Mais adiante encontraremos dois suicídios notáveis: O Rei Saul, vencido em batalha, para não cair nas mãos inimigas, pois seria o único caso de cremação na história bíblica, e isso é relatado, porque era um ato de grandeza ser sepultado entre seus antepassados, com honra, mas esta honra foi tirada quando optou por tirar a própria vida.

Outro relato, encontra-se nos Evangelhos, onde Judas, decepcionado por seu plano ter falhado, decide tirar a própria vida, e também não recebeu um sepultamento digno.

Voltemos a Hava, para compreendermos o que levou alguém que tinha tudo ao seu dispor, e não estava passando fome, a comer uma fruta que não deveria comer. Em um anacronismo, podemos associar o distanciamento dela, em relação ao seu parceiro, mas também podemos entender que seu parceiro também não sentiu-se desconfortável por estar sozinho. Podemos ainda analisar a questão do “Desejo” X “Vontade”, e encontraremos dois fatos distintos no ambiente em que ocorre a ação: A árvore era naturalmente “desejável”, mas para tomar a decisão de atender à vontade, houve um agente externo (a serpente), e um agente interno (o conflito ético de obedecer e não obedecer).

Assim, o enganador conhecia muito bem, por observação, o comportamento do Ser Humano. Percebeu que pelo fato de tudo possuírem, inclusive o lívre arbítrio, tudo haviam posto em prática, exceto o seu bem maior, que até aquele momento, desconheciam. Desconheciam que sua Imagem e Semelhança com O Criador, era até o momento apenas um “Fundo de Reserva moral”, que passava despercebido, diante de tanta fartura.

Mas tudo entedia, até mesmo a felicidade. E a felicidade torna-se, diante do tédio, uma porção de óleo entre nossas mãos, que não podemos segurar, apenas conter, com as mãos em forma de concha, e o desejo, quando tocado pela vontade, deixa nossas mãos e nossa mente inquietas, e o óleo se esvai. E assim como o óleo por entre os dedos, também nossa paz de espírito,não é mais contida por nossa alma inquieta. E a inquietude nos move a agir em busca de emoção. Paz já não é suficiente. Agora é a emoção, que os filósofos chamam de “paixões” quem domina nossa vontade, e todos sabemos que a paixão nunca foi boa conselheira de ninguém. Paixão não dominada é, como diz um poema de Camões:

“Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.

Amor, nesta reflexão, este amor que traz inquietude, nada mais é que a paixão, segundo Sócrates, que, ao ser acusado de parecer levar em si todas as paixões (defeitos) do mundo, respondeu que estava de acordo com a afirmação, mas que uma a uma, as havia dominado.

Todos temos muitos defeitos, mas estão ao nosso favor também todas as virtudes possíveis, e a paz não é alcançada quando temos apenas virtudes, mas quando sabemos usá-las para dominar os desejos, buscando o equilíbrio. É aqui que encontraremos uma rachadura na represa, porque é na juventude, no borbulhar das águas límpidas desta fonte, que estamos mais vulneráveis aos ataques destas paixões, dos desejos, e é quando estamos faltos de vontade própria, que sucumbimos à vontade alheia. Disse certa vez Steve Jobs, fundador da Apple, que quando não corremos atrás de nossos sonhos, estaremos correndo atrás dos sonhos de outras pessoas. Quando não trabalhamos pelos nossos sonhos, trabalharemos pelos sonhos de outras pessoas.

Hava não sabia que tinha muito por sonhar. Ela era dona do mundo inteiro. Vivia em um belíssimo jardim, mas poderia ter transformado o mundo todo em um grande jardim. Eva não sonhou isso, porque estava caminhando e ainda admirando o que era totalmente novo para seu tão pouco tempo de vida. Quem sabe, tivesse pensado mesmo elm algo novo e maior, mas se pensou, não conversou com seu companheiro, e este, também, fico a pensar, que estivesse tão ocupado em admirar o que já estava feito e era seu, que não percebeu que muito ainda estava por fazer, e tudo por perder.

Assim, olhava em uma direção, e sua companheira em outra. Assim, caminhavam em passos largos rumo ao desejável e intangível, até que ela encontrou alguém que tinha uma visão holística do mundo, e percebeu-se diante de infinitas possibilidades diante da presa indefesa. E seu desejo foi transformado em vontade. Precisava agora, vender esta vontade, pelo desejo de Hava. O resto da história, você conhece.

Só existe uma forma de viver, segundo o plano do Criador: Feliz!

D-s torna simples as coisas que nos parecem complexas. Ele nos propõe e nos proporciona a vida e a felicidade, a que os textos sagrados chamam de “Bênçãos”. Mas Ele não impõe nenhum modelo obrigatório, porque estaria, desta forma, rompendo com o nosso bem mais precioso: o lívre arbítrio. O direito de ir e vir. O direito de escolha, até mesmo de como viver ou como morrer. D-s criou duas portas, indicou-nos qual delas deveria ser nossa opção, por estar diante dela a felicidade, a vida, o prazer. Ou mais que isso, vou reformular o modelo: D-s criou um ambiente perfeito, amplo, abarrotado de prazer, e apenas uma porta de saída, e entregou a chave desta porta nas mãos do Ser Humano. Então, diante do desejo de ver o que havia nas trevas, o Homem e a Mulher entram (ou saem) pela porta, mas no lado escuro, havia outro guardião, numa portaria, na qual ele deveria entregar a chave, pois não era permitido carregar nada junto que pudesse atrapalhar a mente durante esta travessia. Assim, primeiro a Mulher, com a anuência de seu companheiro, entregam suas chaves ao guardião das trevas, e perdem-se por um emaranhado de caminhos daquele lugar. Quando voltam-se, assustados, e para trás, não havia mais guardião, nem porta, e muito menos chave. Ben Adam havia vendido sua liberdade àquele que passou a intitular-se “Príncipe deste mundo”.

Ben Adam e sua companheira percebem que antes, eles tinham toda a liberdade para permanecerem no lugar de prazer, e que aquela porta misteriosa, bem adornada, não tinha alguém para guardá-la, pois ninguém ousaria fazer-lhes mal físico dentro do Gam Eden (Jardim do Éden). Já do lado de fora, dois Querubins bramiam uma espada em chamas, de um lado a outro, impedindo que o lugar separado (Kadosh) para sua felicidade real, agora torna-se apenas “Desejo”, onde nem mesmo a mais ferrenha das vontades tem força para dar fim ao exílio que havia escolhido. Ben Adam tinha a vida, mas escolheu a morte. Foi o primeiro gesto suicida da humanidade.

Temos aqui um conjunto de personagens, que nos direciona a uma reflexão contemporânea  (Anacronismo) do desejo de não viver mais.

1- Ben Adam
  • 2 - Hava
3 - Ha Satã (o Enganador)

Temos três cenários:
1 - Um jardim de delícias e liberdade
2 - Um vale de trevas
3 - Uma porta, cuja chave (escolha, Vontade), estava nas mãos do Ser Humano

Antes de falar sobre o desejo de não viver, quero analisar o significado da vida (que ousadia), tomando empréstimo do pensamento dAquele que emprestou a vida à criatura: O Criador, D-s (Elohim). Para falar sobre Elohim, segundo o relato de Gênesis, “O Espírito (Ruach) Pairava sobre as águas”. Aqui temos uma denominação Do Criador chamando-O de “Elohim”. Elohim, segundo a interpretação dos sábios do Talmude, é um Plural Majestático utilizado pelos reis de muitos povos, inclusive de Israel. “Façamos o Homem à Nossa Imagem, conforme Nossa semelhança”. Ora, a Imagem aqui relatada é naturalmente uma figura poética, que determina uma imagem  Antropomórfica, haja vista que O Altíssimo (Bendito seja O seu Nome - B”H), não Tem uma forma que os olhos possam contemplar, e portanto faz aqui um trocadilho Teológico, uma vez que É O Próprio D´s quem Se oferece à humanidade em forma Humana, segundo a concepção cristã, em Jesus, ou como um Anjo, disfarçado de Homem, a lutar com Yaakov (Jacó), num encontro que determinou a natureza de Seu povo escolhido, YSRL (Israel), segundo a compreensão judaica. Aqui a Imagem se completa na Semelhança, onde D-s Se apresenta no primeiro verso do Decálogo (Azeret Hadibrot - As Dez Palavras), como “Criador”, e juntamos à delicadeza das palavras ao criar o Homem, quando diz: “Façamos O Homem à  Nossa Imagem, conforme Nossa Semelhança”.

Ora, se D-s é criador, e os criou para que vivam, segundo o texto sagrado: “Quanto aos mortos ressuscitarem, Moisés já o mostrou no relato da sarça, no momento em que ele se refere ao Senhor como ‘Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó’. Portanto, Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos, pois para Ele todos vivem” (Lc, 20), definimos então qual o sentido da vida: Nos assemelharmos com D-s. Simples assim.

Como nos assemelhamos com O criador, se não O conhecemos, e fomos condicionados ao entendimento que só existe aquilo que pode ser visto, medido, tocado, comparado, aprisionado, libertado, ou percebido, e estes, porém, são padrões humanos, criados para experimentos humanos, para as limitações da percepção humana, seja por meio visual ou sensorial de nossos próprios sentidos, ou modernamente por meio de instrumentos mais sensíveis, que medem, por meio de outros padrões, aquilo que os olhos não podem perceber, e que chamaos de Ciência esta possibilidade de análise e repetição das coisas.

D-s, no entanto, não Se encaixa nesses padrões, mas ainda assim, deseja que O conheçamos. Assim, D-s cria Seus próprios instrumentos para que sirvam de marcos e limites, para que o Ser Humano, atrapalhado, os siga e os aviste, considerando que nossa segurança está naquilo que temos domínio, acesso, ou percepção. Uma criança, na escuridão da noite, só consegue dormir quando ouve a voz da mãe, de alguém com quem esteja acostumada e confia, manifestar-se para seu conforto e segurança. A noite não se torna dia, nem os obstáculos saem do caminho, mas a voz da mãe proporciona segurança suficiente para que ela saiba que não está só.

D-s é Um, mas não É Solitário. Mas entende muito bem a solidão. No relato bíblico encontramos muitos personagens que por certo tempo, desejaram intensamente não viverem mais. Os profetas Yonah (Jonas), Elyiahu (Elias), e muitos outros, lotados de solidão, entenderem que sua vida não fazia mais sentido, e pediam ao Autor da Vida que os deixassem morrer. O sofrimento é um furacão que destrói nossa vontade, e o conflito de desejos, entre viver e não viver, dá voz e vez à vontade que irá prevalecer, quando o desejo estiver neste conflito.

Às vezes, nosso desejo é permanecer na cama, em dias muito frios, mas nossa vontade diz que temos outras prioridades, e ao atendermos nossa vontade, estaremos também fortalecendo as próximas ações quando o desejo tentar nos enfraquecer. O próprio D-s teve desejo em certas ocasiões, de destruir a humanidade inteira, destruir um povo inteiro, ou uma cidade inteira, porém, percebeu O Altíssimo (B”H) que houve vontade de mudança entre as pessoas, encontrou Tsadikim (Justos) naqueles lugares, e por conta destes justos, Sua Vontade prevaleceu ao Seu desejo, e houve salvação naqueles cenários.

Sendo D-s, o Autor da vida, e O Criador do ser Humano, deseja, O Altíssimo, B”H, profundamente que este filho encontre a chave perdida e a Porta que o devolverá ao paraíso perdido, e que deseje também a vida, e D-s nos dá uma mostra disso, quando, no último discurso de Moshe (Moisés), diante do Rio Jordão, oferece duas opções: Bênção e Vida, Morte e maldição). Não há uma terceira via, um caminho alternativo, e como D-s não faz nada pela metade, nada incompleto, Vida é eterna, e Bênção é sem medida.  Ainda nesta linha de raciocínio, devo buscar na origem do Nome Santo, pelo qual D-s se manifesta a Moshe, no Sinai, pois teremos nesta tradução, ainda que simplificada, a resposta à grande indagação do ser Humano: Quem sou, e para onde vou? Por que estou aqui, e porque sou eu e não outro em meu lugar?

Se buscarmos na correta interpretação da tradução do Nome Santo, conhecido comoTetragrama Sagrado, YHVH, encontraremos algo interessante: A letra Yud,
(), cuja função, ao ser colocada no início da palavra, é de projetar a ação do sujeito, e sabemos que a ação do sujeito em movimento, torna-se um Verbo. Aqui percebemos que traduz-se então YHVH como “Serei Quem serei”, incorretamente traduzida por Sou O que Sou, pois o tradutor (traduttore, traittore) deu sua interpretação pessoal sobre a palavra, e pensou: Serei o que Serei não pode estar correto, então o autor, possivelmente tenha intentado dizer Serei, pois D-s ´”, e não “Será”.

Erro ingênuo de quem traduzia palavras sem conhecer nem compreender a cultura e a intenção da palavra. D-s estava dizendo: Serei Quem serei, no egito, quando lá estiveres, e Serei Quem serei quando precisarem atravessar o mar, e o Deserto. Portanto, O Nome de D-s não é um nome, da forma que conhecemos, mas Uma Ação de D-s, O Verbo ativo, e verbo sempre É ação e movimento. Assim, sendo O verbo Ação do Sujeito, e portanto, em movimento, comparamos ao Espírito que pairava sobre as águas, também movimento, ação, vida. Esta referência não contradiz, antes ratifica Jo 1.1: “En arké ho logos, kaí Logos Theos, kaí Logos deon” (No princípio Era O verbo, e O Verbo Estava Com D-s, e O verbo era D-s). Quando assim descrevo, evidencio que não há contradição entre a expressão desse modo conhecida, pelo Evangelho, como também assim diz o Tratado Shabbat 88b, do Talmude: “D’us criou o mundo a partir de um plano e um propósito. Seu plano era a Torá, que precede o mundo” (Shabat, 88b). Desta forma, evidenciamos a pre-existência do Logos, como a Ação Criadora ordenada pelo Agente Criador, onde dota o Ser Humano do único atributo que não são dotados os animais: A Razão, expressa pela fala (palavra, logos).

Somos então, não apenas um passatempo do criador, mas agentes aos quais foi permitida a direta intervenção com D-s, ainda que não crendo em Sua existência, paradoxo dinâmico, onde não crer é um direito dado à Razão da crença. Somos então feitos à Imagem e semelhança de D-s, criados para “criar”, e se temos então um propósito, temos um valor. E se temos um valor, ao tropeçarmos em nossa “Halichá” (Caminhada, temos um Goel “Resgatador, Libertador, Salvador”, que nos pode compreender, porquanto seja O Próprio D-s, manifesto Homem, para que nós, Homens, nos acheguemos confiadamente em d´s.

E a morte, onde entra nesta reflexão?

A morte é a página virada da vida. Não existe, assim como não existe o escuro, e o mal. O que existe é a vida, e ao cessar, deixa de existir, e o não existir, passa a chamar-se de morte. O escuro também  não existe, pois a cessação da luz são as trevas, e a falta do bem, torna-se o mal. Não estou dizendo que não existem mortos, nem escuridão, e muito menos o resultado da maldade. O que digo é que a maldade é a ação maligna dos que não são bons, assim como a morte é a sala de espera da eternidade, seja para a vida eterna, seja para a destruição eterna, segundo os conceitos judaico-cristãos, e islâmicos, que também creem de forma semelhante neste quesito. Vida e morte são dois protagonistas da história ao longo de toda a existência humana. E até que venha O Messias, o Goel, O Libertador, vida e morte andarão juntas par e passo com a existência nesse mundo.

Por que então a morte por suicídio choca tanto, se todos iremos morrer algum dia?

No hebraico, existe uma palavra chamada EMET, traduzida é VERDADE. Esta palavra está composta do ÁLEF, MEM, e TAV.
ÁLEF simboliza 1, D-s.
MEM, a letra central, simboliza o Mashiach (Messias);
e TAV simboliza uma cruz, a última letra do alfabeto (Jesus disse: Eu Sou o Álef e o Tav).
Todas elas, formam a palavra VERDADE, então.
Se retirarmos o ÁLEF, o Princípio Criador, resta a palavra MET (Mem e Tav). MEM, como vimos, é O Messias, entre o Álef e o tav, e o TAV é uma cruz. E a tradução de MET é: MORTE! Então, neste simbolismo de gematria, O Ser Humano preso aos elementos da Terra (a cruz é de madeira morta), sem O Criador, nada mais é. Esta é a visão que D-s tem sobre a vida que foi perdida.

D-s tem um apreço muito especial à manutenção da vida, e isso pode ser encontrado na Torá (Pentateuco), especialmente nos capítulos dos livros de Êxodo e Levítico, e em especial do capítulo 19 de Números, que tratam do Ritual do santuário e dos sacrifícios intercessórios do tabernáculo, e posteriormente, do templo.

Iremos encontrar diversas proibições aos sacerdotes, quanto ao cuidado extremo para que não tocasse num cadáver, o que o tornaria imundo pelo restante do dia. A morte causava ojeriza, nojo, e um cadáver era o que havia de mais imundo. Somente, ao sacerdote, era permitido tocar, para sepultar, o cadáver de alguém muito próximo. Ainda assim, naquele dia, ele não poderia mais oficiar no Templo ou no tabernáculo. Deveria purificar-se, banhar-se sete vezes, trocar as vestes, perfumar-se, para só no dia seguinte poder voltar às suas atividades.

Já em outra circunstância, paradoxalmente, pelo menos na aparente paradoxo, D-s diz que tem prazer no aroma “agradável, suave fragrância” da carne que queimava durante o sacrifício. Ora, ou D-s tem repulsa pela morte, ou tem prazer no aroma causado pelo animal  sendo queimado. Como interpretar este aparente paradoxo?
A morte não é natural, mas circunstancial. Não foi planejada, mas foi adicionada como freio do mal na história da humanidade. Quando o Homem descobriu que poderia fazer o que bem quisesse com sua liberdade, a morte tornou-se um freio para aquilo que iria tornar-se o Ser Humano, no trajeto  entre o Éden Perdido, e a canaã reconquistada. Por esta razão, a Torá é um manual de ética para a sobrevivência e bom relacionamento entre as pessoas, entre si, as pessoas e os animais, a natureza, de modo geral, e o relacionamento com D-s, para que não cometa mais desvios que aqueles que já cometeu no passado.
Interessante observar que é um manual para a vida, e não existe nenhum manual para a morte. Somente nas culturas pagãs, iremos encontrar livros que instruções que procuram tratar de possíveis ritos durante, e no território da morte, ou mundo dos mortos. Nenhum destes, porém, é aceito pelo Livro sagrado do Monoteísmo. A morte é inaceitável para O D-s de Israel, e todas as Escrituras poderiam ser compiladas em uma única palavra: Vida!
Voltemos aos primeiros habitantes deste mundo, de acordo com as SE. Vimos que Hava perambulava, aparentemente sem destino, ao deparar-se diante da árvore proibida, e junto dela, da enganadora serpente.
Quando não sabemos para onde ir, qualquer lugar serve. Quando nos desviamos da companhia de outro Ser Humano, com quem temos relação afetiva, ou do grupo que é nosso ambiente seguro, ou de nosso propósito de vida, tornamo-nos alvo fácil de aproveitadores, que estão sempre atrás de nós. São estes: o tédio, o desânimo, a descrença, a falta de rumo, as decepções, os amigos sem caráter, as pessoas que destroem nossos sonhos, a falta de sonhos destruída pelos invejosos, as más companhias, e principalmente, a falta de um relacionamento verdadeiro com O Criador.
Não podemos desligar-nos de D-s, mas podemos jogar o interesse pelas coisas relacionadas à felicidade, aos cuidados de quem não entende de felicidade.
Buscamos à D-s, principalmente na dor, porém se não O conhecermos, também Ele será um estranho para nós. Estaremos construindo um vazio, que não vai ficar vazio por muito tempo. Assim como há bilhões de bactérias interessadas em ocupar as minúsculas cavernas de uma esponja de cozinha mal lavada, nossa mente é uma esponja que deve ser cuidada minuto a minuto, para que não seja invadida por quem não pode somar algo à nossa felicidade.
A morte parece ser uma resposta suave ao sofrimento, mas nunca será, pois a morte de uma pessoa que for amada, que seja querida por outras pessoas, construirá um vazio, deixará perguntas sem respostas, fará desmoronar a casa, cujos esteios são as pessoas que nela vivem, os amigos, os familiares, e até o cãozinho e o gatinho que nos lambem a mão, ainda que maltratados por nós.
Não é a morte em si que causa estranheza, mas o vazio do esquecimento. O medo de sair de cena. Todos temos medo de não sermos lembrados, de não sermos mais amados porque não estaremos mais aqui, e este medo é a falsa motivação para prosseguir pela vida, como se não existisse amanhã.
Já aqueles que ultrapassaram a fronteira deste medo, haja vista que se fizeram esquecidos ainda em vida, tornaram-se mortos vivos, não como numa ficção de “Walking Dead”, mas como alguém que perdeu a esperança nos relacionamentos, passa a ver na morte, uma aliada ao seu projeto de culpa, cuja mira é direcionada às pessoas a quem se ama.
Isso é um paradoxo, pois quem causaria dor à pessoa ou ao grupo de pessoas amadas? Qualquer um que veja-se preterido em seu projeto de amor intenso. Qualquer um que sinta-se deixado de lado no pódio do reconhecimento. Qualquer um que tenha no remorso a resposta à culpa, em lugar do arrependimento.
A diferença é que o arrependimento conforta e liberta, enquanto o remorso prende a maquinações de revolta, e o alvo passa a ser o outro, o culpado, o causador de sua dor, e aqui, a morte acelera o passo para dar resposta punitiva ao causador do mal, e o suicídio, nestas circunstâncias, está sempre direcionado ao outro, para punir-lhe enquanto viver, para sofra sua (do suicida) dor, e perceba o tamanho da dor que sofreu em silêncio.
A morte é inevitável, mas em muitos casos, a dor também é, e a dor intensa drena todas as esperanças do Ser Humano, e apenas do Ser Humano, porque entre os animais, por serem irracionais, isto é, não tem as criaturinhas de D-s, como imaginar o futuro, nem contemplar o passado, não tem esperança, nem são capazes de construírem sonhos. Então se houver algum caso de suicídio, será provavelmente pela posição de defesa de uma mãe para proteger seus filhotes, mas ainda assim, não seria suicídio, e sim amor incondicional, tal como ocorreu por milhares de vezes, quando mães e pais, tenham se colocado à frente de armas, para protegerem seus filhos da morte. Aqui não é suicídio, mas heroísmo. E heróis são outro grupo de suicidas, porque sua iminente morte diante do perigo não visa oferecer alívio à sua dor, ou alimentar seu ódio, mas salvar vidas. Morrem por uma causa, as mais diversas imagináveis. Desde os monges que ateavam fogo em si próprios, diante de uma multidão de jornalistas, no Vietnam, até os fanáticos que se imolam pelas mais inimagináveis causas, há um paralelo comum à estes casos: Ou estão desligados da ideia de prestar contas algum dia à D-s, ou em nome de D-s o fazem, sem conhecerem o que D-s realmente pensa e diz sobre a morte e a vida.
Aqui novamente temos o afastamento  de Hava do companheiro, levada pelas distrações da vida, sem perceber que a pura contemplação daquilo que não participamos, torna-se tediosa, e tendemos a deixar nossa mente vazia, aberta para que alguém a preencha.
Aqui também percebemos o descaso de Ben Adam, que em lugar de prover à companheira uma efetiva participação em suas atividades, deu prioridade ao jardim, sem perceber que “ninguém vem ao pai senão por Mim”, isto é, o relacionamento com D-s somente acontece por intermédio do Ser Humano. Jamais nos conectaremos com D-s apenas contemplando as belas flores e abraçando as árvores, mas o único modo de não perdermos a conexão é nunca desligarmos o “Modem”, que é o outro, a outra pessoa, a quem involuntariamente traímos pelo abandono.

O suicídio na infância e adolescência
Segundo o Ministério Público do paraná (MPPR), O suicídio é hoje a terceira causa de morte na adolescência e a tentativa de autoextermínio a principal causa de emergência psiquiátrica em hospitais gerais.
Nos últimos 10 anos, têm aumentado as taxas de tentativa de suicídio e suicídio consumado em jovens.
98% das pessoas que cometem suicídio apresentam algum transtorno mental à época do Suicídio (Flesmann, 2002), especialmente transtorno do humor (depressão, bipolar, etc).
Mais de 70% das crianças e adolescentes com transtornos de humor grave não apresentam sequer diagnóstico que dirá tratamento adequado.
Em média, um único suicídio afeta outras seis Pessoas (Fleishman, 2002).
Muitas vezes o suicídio é omitido pela família, que apresenta dificuldade e preconceito para lidar com esta difícil questão (Bertolote, 2004).
O suicídio é uma das 10 maiores causas de morte em todos os países.
Homens cometem suicídio quatro vezes mais do que as mulheres e estas últimas tentam suicídio mais vezes, com métodos, porém menos letais.
A baixa incidência do suicídio em crianças está relacionada a maior dificuldade de acesso a métodos letais e imaturidade cognitiva.
No Brasil, a taxa de suicídio em jovens entre 15 a 24 anos aumentou 20 vezes de 1980 para 2000, principalmente entre homens (Wang, Bertolote, 2005).
Suicídio na infância e adolescência
A ideação suicida é comum na idade escolar e na adolescência; as tentativas, porém, são raras em crianças pequenas. Tentativas de e suicídio consumado aumentam com a idade, tornando-se comuns durante a adolescência.
Crianças suicidam com fatores desencadeantes: discussão com os pais, problemas escolares, perda de entes queridos e mudanças significativas na família.
Até os 6 a 7 anos a criança encontra-se na fase do pensamento pré-lógico, com predomínio do pensamento mágico q, com dificuldade de simbolizar e conceituar o que leh chega sob forma de percepção.
No seu modo egocêntrico e animista de pensar, a criança não admite a existência do acaso, já que relaciona todos os eventos a suas próprias experiências (Assumpção, Tratado de Psiquiatria).
Nesta fase, a idéia de morte ´e limitada e não envolve uma emoção em especial.
O pensamento mágico vai sendo substituído pelo raciocínio lógico e a morte para de ser vista como processo reversível e torna-se uma idéia de processo de deterioração do corpo irreversível; sem preocupação, porém com o que virá após a morte.
Aos 11 a 12 anos, há passagem do pensamento concreto para o pensamento abstrato, Estágio das Operações Formais (PIAGET , 2000). Nesta etapa surge a preocupação com a vida após a morte (Toress, 1999).
O jovem entra no mundo através de profundas alterações no seu corpo, deixando para trás a infância e e é lançado num mundo desconhecido de novas relações com os pais, com o grupo de iguais e co m o mundo.
Assim, invadido pó forte angústia, confusão e sentimento de que ninguém o intended, que está só e que é incapaz de decidir corretamente seu futuro.
Isso ocorre, principalmente, se o jovem estiver num grupo familiar também em crise, por separação dos pais, violência doméstica, alcoolismo ou doença mental de um dos pais, doença física ou morte (Resmini, 1997).
O jovem que considera o suicídio comum a solução para seus problemas deve ser observado de perto, principalmente se estiver se sentindo só e desesperado, sofrendo a pressão de estressores ambientais, insinuando que é um fardo para os demais. Pode chegar a dizer que a sua morte seria um alívio para todos.
Fatores de risco
90% dos jovens apresentam algum transtorno mental no momento do suicídio (e em 50% destes o transtorno mental já estava presente havia pelo menos 2 anos).
Agressividade e desesperança são os fatores mais comuns (Shaffer, 1996).
Comportamentos de risco: envolvimento em esportes radicais sem técnica e equipamentos adequados, dirigir embriagado, uso abusivo de drogas ilícitas, atividade sexual promíscua, brigas constantes e de gangues.
Fatores Cognitivos que indicam risco para uma primeira tentativa ou recorrência do comportamento suicídio nesta população (Kuczynsky, 2003):
1 - Desesperança
2 - Menor potencial para geração de soluções alternativas para situações problemáticas interpessoais e menor flexibilidade para enfrentar situações problemáticas
3 - Estilo de atribuição disfuncional (considerar eventos negativos como de sua responsailidade, duradouros ou de impacto sobre todos os aspectos de sua vida) - freqüente associação com quadros depressivos de longa evolução
4 - Impulsividade.
Violência Física e Sexual (Shaffer, 2001)
Fatores Sócio-Culturais: sucesso escolar (cobrança dos pais), mudanças sociais abruptas, acesso fácil a armas de fogo.
Suicídio e transtornos do humor
Os transtornos mentais mais comumente associados ao comportamento suicida são depressão, mania ou hipomania, estados mistos ou ciclagem rápida, transtornos de conduta e abuso de drogas (Shafer, 2001).
Mas crianças e adolescentes com humor irritável, agitação psicomotora, delírios, crise de violência súbita e alucinações auditivas também apresentam alto risco de suicídio a curto prazo.
Num estudo prospectivo com adolescentes deprimidos, houve 50,75 %de tentativa e 7,7% suicídios cometidos na amostra de Weismman (1999).
Pacientes com Transtorno bipolar apresentam risco 10 vezes maior do que a população normal de cometer suicídio.
O grupo com maior risco de suicídio é de homens jovens, em fase inicial da doença, principalmente que tenham feito um a tentativa prévia de suicídio, que abusam de álcool ou recém saídos de internação psiquiátrica. Risco maior também está nos pacientes com estados depressivos, mistos ou mania psicótica (Simspon e Jamison 1999).
Geller ET all (1998) observaram que sérias intenções e pensamentos suicidas ocorriam em 25,2% das crianças com transtorno bipolar estudadas.
Strober ETA AL (1995) em estudo prospectivo de 5 anos com adolescentes com transtorno bipolar notaram sérias tentativas de suicídio em 20,4% dos pacientes, principalmente naqueles com pouca adesão ao tratamento.
Quanto mais precoce o início do quadro de transtorno bipolar, mas grave é sua apresentação e pior o seu prognóstico.
Estes pacientes apresentam mais sintomas psicóticos e maior incidência de fases mistas, aumentando o risco de tentativas de suicídio (Schurhoff etall 2000).
Mitos e verdade de comportamentos suicidas
Mitos
Quem quer se matar não avisa!
Um suicida quer realmente morrer?
Suicídio é covardia ou coragem?
O suicida tem que estar deprmidio?
Verdades
80% avisam que vão se matar!
O suicida não quer morrer e sim parar de sofrer!
O suicídio é visto como uma solução!
(Fonte: Lee Fu-I - TR. Bipolar na Infância e Adolescência, pg74, 2007)
Casos de tentativas de suicídio com grande risco de nova tentativa
Ainda com ideação suicida
Sexo masculino
Idade Superior a 16 nos
Falta de suporte familiar
Humor deprimido ou estado misto
Ansiedade Extrema
Uso concomitante de álcool e drogas
Agitação Psicomotora
Episódios de Violência direcionada a outras pessoas
Presença de sintomas psicóticos (alucinações e delírios)
Recomendaçoes ao se avaliar crianças e adolescentes que tentaram suicídio
Todas as ameaças de suicídio devem ser encaradas com seriedade, mesmo quando possam parecer falasas ou manipulativas
Ajudar o cliente a avaliar a situação, permitindo que ele descubra novas soluções para seusofrimento, explorar com ele tais soluções e orientá-lo em direação a uma ação concreta.
Procurar compreender as razões pela qual a crinaça ou adolescente optou pelo suicídio como forma de lidar com seu sofrimento, não minimizando seus problemas e sofrimento
Transmitir esperança sem dar falsas garatntias e não fazer promessas que não possam ser cumpridas
Romper o isolamento em que vive o jovem e abordá-lo diretamente
Expressar disponibilidade de escutá-lo sem julgamento, evitar insultos, culpabilizaão ou repreensões morais.
Reconhecer a legitimidade do problema e tratá-lo como adulto
Avaliar a urgência do caso, verificar se as idéias de suicídio são freqüentes e se o jovem apresenta meios para executá-lo
Não deixar o cliente sozinho até que as providências sejam tomadas.
Desmentir o mito dde que os adultos não podem mais ajudá-lo
Envolver a família
(Adaptado de Bouchard, 2001)
Questões que ajudam a avaliar a intenção suicida em crianças e adolescentes
Você já se sentiu chateado alguma vez em que desejou morrer?
Alguma vez você fez algo que sabia ser perigoso o bastante para você se machucar ou até mesmo morrer fazendo isto?
Alguma vez você tentou se machucar?
Alguma vez você já tentou se matar?
Você às vezes pensa em se matar?
(Adaptado de Jacobson, ETA AL 1994)

Sinais possíveis de ideação suicida em adolescentes com transtorno bipolar
Humor deprimido
Queda do rendimento escolar
Aumento do isolamento social
Perda de interesse em atividades que antes davam prazer
Mudança na aparência (negligência ou desleixo aos cuidados pessoais)
Preocupação com temas relacionados a morte
Aumento da irritabilidade, crises explosivas de raiva
Alteraçoes no comportamento
Desfazer de pertences
Uso de álcool ou drogas
Mudança no padrão do sono e/ou apetite
Uso de expressões verbais "autodestrutivas"- "Queria morrer"
Não se importa em fazer planos para o futuro
(Fonte: Popolos e Papolos, 2002)

Conclusão

Seja qual for a causa subjetiva, a fonte objetiva do suicídio está, pela óptica bíblica, relacionada ao desconhecimento do significado da vida para O criador, desencadeia o desânimo, ou o altruísmo egoísta dos que o cometem em nome de uma causa, e ainda por desvio de conduta afetiva e diálogo ineficiente entre os que sofrem e os que fazem sofrer. Muitos suicídios poderiam, e deveriam ser evitados, se unicamente os mais fortes buscassem compreender, e proteger os mais débeis em suas emoções, considerando que o suicídio será sempre a resposta incompleta a uma dor derradeira.

Muitos suicídios cometidos poderiam tornar-se condição para que possa ser compreendido com mais profundidade o significado de perdão, uma vez que uma leitura superficial trata do suicídio como o mandamento de “Não matar”. Só, que D-s nunca será superficial, e somente Ele compreende o último instante de sofrimento daquele que rompe a cadeia de prata, como último lenitivo para a infelicidade. O suicida deixou de procurar a felicidade, e faz então apenas cessar a infelicidade, a sua, porque a de quem fica, estará apenas começando.

Muitas mortes provocadas poderiam e deveriam ser contidas, se as pessoas compreendessem o significado do Nome Sagrado de D-s, cujo significado é AHAVÁ, a tradução hebraica para Amor, não com o significado contemporâneo, de afeto barato, mas Ahavá significa “Doação”. Aquele que ama, doa-se, entrega-se, esvazia-se do Eu, e envolve nesse abraço o outro, tornando-se um plural majestático, como Elohim, em NÓS!

Shalom!

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