A quem interessa um país dividido?
Conta uma antiga fábula que um homem muito rico, estava à morte em seu leito, e sabedor disso, chamou seus filhos para uma conversa derradeira. Pediu que um filho fosse até a mata e de lá trouxesse um feixe de gravetos.
Com o feixe às mãos, passou-o ao primeiro filho e pediu que este, com sua força, quebrasse o feixe ao meio com suas próprias mãos. Por mais que se esforçasse, o moço não conseguiu o feito, passando o feixe ao irmão seguinte, e assim, sucessivamente, um a um, todos empreenderam esforços na tentativa que quebrar as varas amarradas.
Para espanto dos filhos, o homem, bastante debilidade já, disse que ele próprio quebraria as varas. Uns riram, outros se entristeceram ainda mais, acreditando que a doença já debilitara também sua mente.
Tomando o feixe e desatando as amarras, tomou as varinhas, uma a uma e as esmigalhou com muita facilidade.
Minha reflexão de hoje me encaminha a indagar: “A quem pode interessar a falta de união dos brasileiros, este ódio que se alimenta por si mesmo, esta intolerância entre irmãos? A quem pode trazer benefícios um país enfraquecido pelas diferenças de opinião? A quem pode interessar um país onde irmãos de uma mesma congregação, de uma mesma família, de uma mesma comunidade, de uma mesma pátria se digladiam por pessoas e partidos e não contra inimigos em comum?”.
Talvez eu mesmo possa ter a resposta: Ao interesse internacional que vê nesta terra rica ouro, minérios, água potável (pode faltar em São Paulo, mas tem muita água enterrada neste solo brasileiro), florestas, território imenso...e pessoas dóceis, fáceis de serem dobradas e quebradas por motivos tão fúteis e pobres quando divergências por pessoas ou partidos.
Talvez o enfraquecimento da união seja o fortalecimento de uma ditadura?
Mas pensar e concordar comigo não é suficiente. Podemos fazer mais que isso. Começando por nós. Buscando reconciliação, composição de ideias e interesses, de ideais, partilhando esperanças, espargindo otimismo e sobretudo falando mais de união e menos de separação. Quem muito chama, um dia pode ser atendido. A separação pode começar em sua própria casa, em sua própria família, em sua própria mesa onde faz a ceia.
Se tivermos que dividir algo, que seja o pão, o abraço, a amizade. O resto é obra do Diabo.
Pacard (escritor)
Comentários
Postar um comentário