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FESTAS E LUAS NOVAS



segunda-feira, 4 de março de 2013


SÁBADOS, FESTAS E LUA NOVA
Devem os cristãos hoje observar os festivais judaicos? Que relação têm eles com o descanso do sétimo dia semanal?
(parte 2)


A
lguns cristãos, incluindo adventistas do sétimo dia, têm argumentado em favor da celebração dos festivais judaicos mencionados no Antigo Testamento. Mas  existem prós e contras. Valorizando as riquezas e bênçãos associadas àqueles festivais, mas estando atentos aos problemas implícitos na observância deles, os cristãos podem buscar maneiras apropriadas para se envolver com eles. Essa prática não apenas deveria ser conduzida com lucidez teológica, mas também com prudência, equilibrada sabedoria, humildade e boa vontade para aprender. Alguns itens práticos podem ajudar os cristãos a compreender a implicação dos festivais levíticos em sua vida e experiência de adoração. Vejamos.

Poderia ou deveria
Primeiramente, é importante compreender o caráter não normativo dos festivais. O Novo Testamento oferece um bom exemplo de como os cristãos devem se relacionar com eles. Muitos textos mostram a função tipológica dos sacrifícios e advertem contra a ideia de que eles ainda são normativos e necessários para nossa salvação. Por outro lado, em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos que não deveríamos observá-los. Jesus e Seus discípulos o fizeram; e, posteriormente, os primeiros cristãos seguiram a mesma prática. Mas, eles nunca sentiram necessidade de forçar os gentios a observar aquelas festas (At 15).

Sabiamente, eles chegaram à seguinte conclusão: “não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas lhes escrever aconselhando-os a se abster das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas e da carne de animais sufocados com sangue. Porque Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde o Pentateuco é lido todos os sábados” (At 15:19-21). O decreto apostólico se refere a três domínios da lei de Moisés: idolatria, ética e as leis dietéticas.

Essas prescrições estavam baseadas na leitura dos livros de Moisés, “todos os sábados”, sugerindo que o respeito ao quarto mandamento também estava implícito no decreto. Nenhuma referência aos festivais é feita no texto. Essa atitude contém um princípio de tolerância, não somente em relação aos gentios, mas também, implicitamente, em relação aos judeus que desejavam se unir à igreja. Se os apóstolos consideraram impróprio impor aos gentios um novo estilo de vida que implicava a observância da lei da circuncisão e dos festivais, também devia ser impróprio impor aos judeus um novo estilo de vida que implicava o abandono dessas práticas.

A palavra deveria não devia ser usada para impor nem para defender os festivais. Segundo Ellen G. White, “bom seria que o povo de Deus da atualidade tivesse uma Festa dos Tabernáculos”. Essa declaração sugere que ela poderia ter sido favorável a explorar essa possibilidade também para outras festas. Pois a razão dada para justificar a prática – “uma jubilosa comemoração das bênçãos de Deus a eles” (Patriarcas e Profetas, p. 540) – também podia ser aplicada a outros festivais.

Isso mostra não apenas uma atitude de abertura da parte de Ellen White, mas também de tolerância, sabedoria, humildade e respeito a outro ponto de vista.

Comemoração
Se escolhermos comemorar a festa segundo o calendário anual, devemos fazê-lo compreendendo o que a festa significa, da perspectiva adventista do sétimo dia. É intencional a escolha das minhas palavras aqui – “comemorar” os festivais em lugar de “guardar” ou “observar”. A comemoração não deve ser imposta como obrigação doutrinária, litúrgica, religiosa nem administrativa para a igreja como um todo. Pode ser sugerida como livre oportunidade para lembrar o plano divino da salvação bem como de nossa identidade e missão proféticas. Poderia servir como oportunidade para ensinar, aprender e proclamar no lar, na igreja e no mundo, a grande dimensão do plano da redenção.

Os festivais são nada mais que um instrumento evangelístico e pedagógico, para ser usado justamente como fazemos ao utilizar o modelo do santuário para ensinar lições objetivas sobre nossa mensagem. Trata-se de uma prática descritiva e instrutiva, não prescritiva. Se desejamos comemorar o festival, deve ser conveniente fazer isso na estação própria, não porque queiramos ou necessitemos ser fiéis às normas agrícolas, rituais e legalistas, mas por ser um momento oportuno em que outras pessoas também pensam a respeito; como no Natal, na Páscoa ou Dia de Ação de Graças (embora essas festas tenham componentes pagãos).

Entretanto, o principal problema está na maneira pela qual os festivais poderiam ser comemorados fora da Bíblia, considerando a ausência de instruções reveladas nesse contexto e de uma tradição de observância conforme é vista no judaísmo. Para evitar problemas que possam comprometer todo o projeto, há dois princípios fundamentais que devem governar e dirigir toda tentativa de comemoração dos festivais.

Respeito à originalidade do lugar de onde a inspiração das festas foi extraída, ou seja, das Escrituras e do testemunho de Israel. É necessário aprender sobre o genuíno caráter das festas e sobre as tradições judaicas associadas a elas. Evite enganos e interpretações confusas. Lembre-se de que as festas não são ocasiões para promoção de ideias e fantasias pessoais, hobbies que nada têm que ver com elas, tais como danças, aplicações carismáticas e espiritualistas, ou uso de vestuário exótico. Tais expressões podem ser entendidas como um jogo disfarçado e comportamento desrespeitoso.

Respeito ao novo lugar para onde a inspiração das festas tem sido importada, isto é, a igreja. Consulte líderes, para estar certo de que suas ideias dos festivais e as informações coletadas estão bem fundamentadas e consistentes com a teologia adventista. Esteja certo de que a experiência não será mal interpretada, não magoará outros membros e contribuirá para o bem da igreja. Permaneça humilde e não tente impor sua visão e prática aos membros da igreja que não partilham de sua perspectiva e sensibilidade espiritual. Seja prudente em relação aos seus sentimentos, emoções e convicções sobre esse tema. Não os confunda com a verdade divina ou o dom do Espírito.

Sim ou não?
Minha resposta à pergunta: “Devíamos nós observar os festivais?” é um claro e inequívoco “não!” Pelas seguintes razões:
Eles perderam sua qualidade normativa, considerando que foram cumpridos em Cristo e já não dependem da revelação bíblica. As leis das festas diferem de outras leis, como o sábado e leis dietéticas, que não estão relacionadas com sacrifícios, não dependem de tempo e são universais em caráter. É importante notar que Deus não nos deixou instruções sobre o modo pelo qual aqueles festivais deveriam ser observados fora do templo. Então, como poderia Ele requerer a observância dessas leis? Seríamos, então, dependentes apenas das tradições humanas, fora da revelação bíblica.

A missão e identidade do movimento adventista do sétimo dia não são definidas como entidades litúrgicas. Em vez disso, a Igreja Adventista do Sétimo Dia se identifica como mensageira profética com objetivo e missão universais, transcendendo a variedade de culturas e tradições e apontando a ordem escatológica.

Por outro lado, esse esclarecimento não deveria excluir as seguintes opções:
O valor pedagógico de explorar e comunicar as ricas verdades associadas aos festivais, ou seja, seu significado para o passado, presente e futuro. Apesar disso, toda a riqueza e beleza das festas não as transformam em leis normativas a ser seguidas. Elas permanecem exatamente como instrumento pedagógico.

A comemoração dos festivais pode ser usada para alcançar os judeus, assim como ocorre com o Natal, Páscoa e Dia de Ação de Graças, no interesse de alcançar outros grupos culturais religiosos ou seculares. Entretanto, mesmo nesse ponto, é preciso analisar bem a eficiência e até o aspecto ético desse método de contextualização evangelística.

Da mesma forma que os primeiros judeus cristãos, os adventistas judeus não deviam se sentir obrigados a deixar de desfrutar o prazer dos festivais; e ninguém deve desencorajá-los a fazer isso. As festas não somente pertencem à herança cultural deles, mas também lhes possibilitam meios para alcançar outros judeus. À luz das dimensões profética e teológica da mensagem adventista do sétimo dia, a experiência das festas pode se tornar para eles ainda mais significativa que no passado. Entretanto, deve haver clara compreensão de que as leis que ordenam a observância dessas festas e tradições não são revelações proféticas e já não são normativas.

Jacques B. Doukhan
Professor no Seminário Teológico da Universidade Andrews, EUA

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